Assinar

Burnout estimula criação de programas de bem estar para funcionários

Buscar

Burnout estimula criação de programas de bem estar para funcionários

Buscar
Publicidade
Comunicação

Burnout estimula criação de programas de bem estar para funcionários

Aumento de transtornos mentais entre brasileiros faz empresas como Unilever, Bayer, Sodexo e Camil criarem sistemas de apoio psicológico e mindfulness


5 de julho de 2019 - 6h00

Foto: Asiseeit/iStock

Embora esteja em alta falar de inteligência emocional e auto-cuidado, os transtornos mentais podem estar minando o bem-estar e a produtividade no ambiente de trabalho. Ao final de maio, a Organização Mundial da Saúde incluiu a Síndrome de Burnout em sua Classificação Internacional de Doenças (CID). Para se ter ideia, entre 2017 e 2018, os pedidos de auxílio-doença relacionados à síndrome cresceram 114% no País.

Além disso, os transtornos mentais já são a terceira maior causa de afastamento de serviço no Brasil, de acordo com a Secretaria da Previdência. A depressão, por sua vez, já é a principal causa de pagamento de auxílio-doença não ligado a acidentes, enquanto as taxas de ansiedade entre brasileiros posicionam o País como o mais ansioso do mundo, segundo a OMS.

Atentas ao impacto do estresse e de doenças psicológicas sobre a performance e bem-estar de seus funcionários, empresas de diversos segmentos estão investindo em programas internos de suporte emocional. “Não podemos tratar a saúde física separada da saúde emocional. A possibilidade de as pessoas adoecerem devido a questões ligadas ao trabalho, estresse e depressão tem aumentado muito”, avalia Priscila Mendes, psicóloga que atua na área de recursos humanos da Bayer.

A farmacêutica faz parte de um grupo que inclui também empresas como Unilever, Sodexo e Camil, as quais trouxeram psicólogos para dentro de suas organizações ou estruturaram sistemas de suporte psicológico. O pilar de saúde mental geralmente está inserido em sistemas mais amplos de saúde e bem-estar. Nestas empresas, o acesso à terapia e avaliação psicológica fazem parte de plataformas que contemplam também aconselhamento jurídico e financeiro.

Luciana Paganato, vice-presidente de recursos humanos da Unilever Brasil, acredita que há fatores internos e externos ao trabalho que contribuem para o cenário de estresse e adoecimento dos profissionais. “As pessoas querem trazer significado para o trabalho. Além disso, a crise do Brasil, a pressão para ter resultados e o contexto de mudança rápida da sociedade corroboram para estas condições, não necessariamente ligadas ao trabalho”, analisa.

Na multinacional, se um funcionário sentir que precisa de apoio psicológico, especificamente, pode procurar a área de saúde ou pedir por suporte via telefone. Há ainda uma psicóloga disponível todos os dias da semana no escritório, que pode recomendar sessões de terapia ou encaminhar o profissional para um psiquiatra, dependendo de sua condição. “Bem-estar traz resultados para as organizações, e queremos que as pessoas estejam bem para que estejam engajadas”, acrescenta a VP. Desde que implementou a iniciativa, a Unilever atendeu a mais de 1300 pessoas.

O programa suporte emocional da Camil, por sua vez, faz parte da plataforma Qualidade de Vida, e foi criado a partir de uma pesquisa feita em 2018, quando a empresa identificou sinais de estresse e depressão entre seus colaboradores.

Encarar o bem-estar do funcionário como uma responsabilidade compartilhada tem a ver com uma perspectiva cada vez mais integrada entre a vida corporativa e a pessoal. “Abandono a teoria do work-life-balance, pois hoje o trabalho e a vida estão integrados, e por isso tentamos cuidar de toda a jornada do colaborador”, diz Rogério Bragherolli, vice-presidente de RH da Sodexo.

Entre os princípios dos programas das empresas estão a confidencialidade em relação à situação do funcionário, assim como a conscientização geral da empresa. “Infelizmente, a maioria das empresas ainda olha para saúde mental como sinistro, e não como prevenção. É comum que o RH das organizações comecem a buscar soluções quando o número de afastamentos cresce”, afirma Tatiana Pimenta, CEO da plataforma Vittude, que oferece sessões de atendimento psicológico online.

Segundo a Mercer Marsh, 41% das empresas investem em programas de saúde mental e 9% gostariam de implementar algo do tipo

Atualmente, os serviços para empresas representam 10% do faturamento da Vittude, cuja meta é alavancar este percentual para 70% nos próximos 24 meses. Neste modelo, empresas subsidiam parte do valor da consulta para seus colaboradores. Um dos parceiros da plataforma é a empresa de tecnologia Resultados Digitais, que implementou no último ano um programa para promover sessões de terapia, palestras e rodas de conversa junto a colaboradores.

Buzzword do mercado de bem-estar, o “mindfullness” também está no escopo da Sodexo, Bayer e Unilever, que oferecem sessões semanais de meditação, workshops e espaços destinados à prática. “Estimulamos que a meditação faça parte do hábito diário das pessoas, pois elaa juda muito no controle emocional no dia a dia e em situações de estresse”, afirma Rogério.

Desafios
Segundo uma pesquisa de 2017 da consultoria Mercer Marsh Benefícios, 41% das empresas investem em programas de saúde mental e 9% gostariam de implementar algo do tipo. Somente 5% contam com um psicólogo em suas dependências.

Um dos desafios está em não estigmatizar o tema saúde mental. A Unilever e a Bayer, por exemplo, têm investido em comunicação interna para explicar conceitos aos gestores de diferentes áreas, além do RH. “Existe um estigma, sem dúvida, e as pessoas às vezes evitam buscar ajuda pois acham que estão se expondo. À medida em que criamos ferramentas para lidar com isso, as pessoas se sentem mais à vontade para falar”, opina Priscila, da Bayer.

O acompanhamento da condição emocional dos colaboradores também é importante. “Não queremos que o funcionário arraste problemas com ele, então de tempos em tempos fazemos o acompanhamento”, afirma a Dra. Elaine Molina, médica responsável pelo programa da Unilever.

 

*Crédito da foto ao topo: Pexels

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • PPA 2024: Conheça os cases vencedores na premiação da Globo

    PPA 2024: Conheça os cases vencedores na premiação da Globo

    Celebração dos trabalhos veiculados na TV e mídias digitais do grupo aconteceu na noite de quinta-feira, 21, e reconheceu seis agências na etapa Nacional

  • AlmapBBDO vence concorrência por todas as marcas da Zamp

    AlmapBBDO vence concorrência por todas as marcas da Zamp

    Agência passa a cuidar da comunicação de Burger King, Popeyes, Starbucks e Subway, antes atendidas por David, Africa e Dentsu