“Éramos bons frenemies”, diz David Droga sobre Dan Wieden
CEO da Accenture Song, que presidirá a categoria Dan Wieden em Cannes neste ano, relembra relação com o cofundador da W+K
“Éramos bons frenemies”, diz David Droga sobre Dan Wieden
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Isabella Lessa
24 de maio de 2023 - 6h00
Com algumas poucas exceções, como aniversário ou casamento de amigos que calharam de cair no final de junho, David Droga frequenta o Festival Internacional de Criatividade de Cannes praticamente todos os anos. Desta vez, ele terá uma missão emblemática, já que presidirá o júri de Titanium, recém-rebatizado como Dan Wieden, em homenagem ao cofundador da W+K, que criou a categoria.
Na edição do ano passado, que marcou o retorno presencial do festival após um hiato de dois anos na pandemia, o CEO da Accenture Song percebeu que certas coisas não mudam. Uma delas são os dois tipos de pessoas que vão para o Cannes Lions: aquelas que vão para ganhar um prêmio e as que querem vencer, mas com trabalhos que tenham um real impacto.
“Acho que as pessoas sabem diferenciar o que é real, que funcionou a ponto de estabelecer novos benchmarks, e o que não funciona”, afirma.
Para Droga, que é o criativo mais premiado na história do Cannes Lions, o evento continua sendo um lugar de inspiração, independentemente do tempo de trajetória ou da origem do pessoa que vai para lá.
“Você reencontra pessoas que não via há 15 anos e se depara com ideias de lugares inesperados que te impressionam e você fica: ‘nossa, como eu não pensei nisso antes’? E sai de lá pensando que as possibilidades são mais amplas para todo mundo. Essa é a melhor parte de Cannes para mim”.
O primeiro Leão que Droga ganhou foi com um trabalho criado para a estação de rádio MMM, da Austrália. Ele trabalhava como redator na Omon, agência aclamada na época e onde se tornou sócio e diretor executivo de criação aos 23 anos.
Muito antes de fundar a Droga5, em 2006 (e de vendê-la para a Accenture Song, em 2019), o australiano trabalhou na criação da Saatchi & Saatchi Singapura e da Saatchi & Saatchi Londres, depois assumiu a criação global do Publicis Groupe.
De lá para cá, o festival de Cannes passou por muitas transformações, da adaptação de categorias de prêmio à criação de novas áreas e, mais recentemente, a adoção de um olhar mais atento à diversidade e à sustentabilidade.
Na visão de Droga, essa evolução é louvável, contanto que a criatividade permaneça no cerne do evento. “Se a pessoa quer que o festival continue sendo como dez anos atrás é porque não entende a essência da criatividade. Não é, portanto, uma pessoa criativa”, diz.
Depois de ter sido jurado de Cannes ao menos cinco vezes, Droga decidiu que não participaria mais do evento dessa maneira, porque, em sua visão há muitas outras pessoas na indústria, “mais jovens, dinâmicas e melhores”, que podem desempenhar esse papel.
Até que a organização do evento ligou e contou que rebatizariam a categoria Titanium com o nome de Dan Wieden, cofundador da Wieden+Kennedy que morreu no ano passado. “Por respeito a ele, disse sim. Titanium é importante porque é onde entram as ideias que nos fazem ser otimistas sobre nossa indústria”.
Quando estava no início da carreira, Droga se inspirou no que Wieden fez com a própria agência, que ainda não tinha escritório nas principais capitais e, ainda assim, conseguiu fazer campanhas de impacto com pouco budget.
“Quando abri a Droga5, dizia que as únicas duas agências que tentavam fazer coisas incríveis com tudo eram a Droga5 e a Wieden. Não significa que fazíamos sempre, mas acho que, em tudo que fazíamos, tentávamos ser os melhores. Não tínhamos os clientes somente para pagar contas e ganhar prêmios. Todo cliente estava lá e tentávamos acertar. E a melhor das intenções têm muito peso”, relembra. “Mas isso não significa que não existam grande pessoas e grandes campanhas em outros lugares, só que eu enxergava essa consistência que extrapolava categorias e expectativas. Admirava Dan por isso, éramos frenemies, os dois muito competitivos. Tinha orgulho em ganhar concorrências deles, mas também os celebrava muito”.
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