Pesquisa destaca a baixa presença de diretores negros
Free the Work mapeou as maiores produtoras dos Estados Unidos e Reino Unido e constatou a pouca diversidade de profissionais
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Meio & Mensagem
16 de junho de 2020 - 16h42
O Free the Work, iniciativa criada nos Estados Unidos pela diretora Alma Har’el com a proposta de ampliar o mercado de trabalho das mulheres em toda a cadeia de produção, sobretudo na direção de cena, volta sua atenção para outra questão. O grupo apresenta os primeiros resultados de uma pesquisa que mapeou como a presença de diretores de criação negros ainda é baixa nos principais mercados de comunicação do mundo.
O coletivo analisou mais de 100 produtoras, nos Estados Unidos e no Reino Unido, e descobriu que a quantidade de diretores de cena negros que participaram recentemente de filmagens ainda é muito baixa – e que muitas dessas produtoras sequer tinham um diretor de cena negro em seu casting.
A pesquisa, que foi apresentada ao mercado nesta terça-feira, 16, constatou que 34 das 60 produtoras analisadas nos Estados Unidos, e 25 das 45 produtoras britânicas que fizeram parte do estudo, não possuem nenhum diretor de cena negro contratado. De modo geral, dos 1204 diretores que trabalham nas 60 produtoras estadunidenses, apenas 4% são negros. No Reino Unido, o percentual é ainda mais baixo: apenas 3% dos 1075 diretores que trabalham nas 45 produtoras britânicas que compõem a pesquisa são negros.
O estudo também mostrou que cinco das oito produtoras mais premiadas em 2019 pela Associação de Produtoras Comerciais Independentes (AICP, na sigla em inglês) não tinham diretores de cena negros. A baixa representatividade de profissionais negros também aparece quando se analisa o A-List, relatório elaborado anualmente pelo Advertising Age para destacar as agências e empresas da cadeia de comunicação. Na edição de 2020, nove das 21 produtoras citadas não possuem um diretor de cena negro. Entre os 572 diretores de cena que fazem parte das produtoras citadas no A-List neste ano, apenas 28 são negros.Mesmo quando comparada à presença de talentos femininos na produção de cena, a representatividade de negros nessa área ainda é muita baixa. Em 2015, quando criou o Free the Bid (que posteriormente foi rebatizado para Free The Work), Alma Har’el mapeou que, entre os diretores de cena que trabalhavam nas empresas destacadas no A-List, do Ad Age, naquele ano, somente 9,7% eram mulheres. Atualmente, o percentual de diretores de cena negros, homens e mulheres, corresponde a 4,9% do total, tendo como base o A-List 2020.
“Os dados são uma ferramenta fundamental na luta para tornar as pessoas responsáveis pela desigualdades, que as vezes podem ficar ocultas em declarações vazias. Queremos dar apoio às vozes negras que estão falando agora, fornecendo dados que possam ser usados para fortalecer suas declarações”, disse uma porta-voz do Free the Work ao Advertising Age.
Segundo o coletivo, o estudo foi pautado nas produtoras registradas na AICP ou APA, as maiores associações do setor nos Estados Unidos e Reino Unido, que também contemplam as empresas mais premiadas do segmento. A pesquisa analisou o casting dos diretores de cena disponível no site de cada uma das produtoras. A identidade étnica da maioria dos profissionais negros foi confirmada diretamente por eles ao Free the Work. Quando não foi possível o contato para a confirmação, o estudo baseou-se em referências jornalísticas ou dados desses profissionais já divulgados à imprensa. “Acreditamos que essas descobertas representam uma seção apurada da composição racial na indústria da publicidade”, disse o Free the work, em comunicado.
“Como muitos ao redor do mundo, ficamos profundamente revoltados com os recentes assassinatos de George Floyd, Breonna Taylor e Ahmaud Arbery. Esse estudo ganhou maior urgência à luz de um acerto de contas global em relação ao racismo estrutural”, disse o Free the Work ao Ad Age.Em sua origem, o Free the Bid focou na questão das diretoras de cena mulheres, propondo as agências que, ao realizar a seleção das produtoras para os trabalhos de publicidade e conteúdo, incluíssem no orçamento pelo menos uma mulher diretora de cena. No ano passado, o projeto foi rebatizado para Free the Work, estendendo o modelo de inclusão para todas as cadeias da produção (roteiro, produção, fotografia, edição, etc) e, também, voltando o olhar a outros grupos sub-representados, como negros, pessoas com deficiência e profissionais LGBTQIA+.
Com informações do Advertising Age
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