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Comunicação

Qual é o impacto da hiperconectividade no trabalho?

Estudo da Eixo, consultoria estratégica do grupo B&Partners, analisa como o excesso de conexão e informações estão levando a uma crise de atenção e saúde mental


18 de dezembro de 2024 - 6h00

A Eixo, consultoria estratégica que mapeia transformações comportamentais do grupo B&Partners, desenvolveu o estudo A influência da hiperconectividade na cultura do trabalho. A partir de uma perspectiva cultural, o relatório analisa como as mudanças trazidas pela transformação digital estão impactando o dia a dia do trabalho dos brasileiros.

Hiperconectividade no trabalho

(Crédito: Roman Samborskyi-shutterstock)

A automação dos processos e o avanço dos dados e da inteligência artificial generativa (GenAI) estão se tornando elementos essenciais em operações diárias, o que exige adaptação por parte dos profissionais. Essa mudança cria postos de trabalho, mas também exige um alto nível de conexão. Segundo o estudo, a necessidade de estar sempre online teria se tornado uma realidade, cada vez mais, presente no mercado de trabalho.

Essa hiperconexão, somada ao excesso de informações online, estaria criando uma crise da atenção e afetando outros aspectos da vida cotidiana como as interações pessoais. No trabalho, esses excessos e sua não administração pelas empresas acarretam síndromes, como o burnout. O papel das marcas empregadoras seria essencial para construir diretrizes laborais que mantenham a saúde mental dos funcionários.

Entre as prioridades, estaria uma valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, o incentivo a pausas regulares durante o dia de trabalho e o suporte profissional. Ao Meio e Mensagem, Julia Sobral, coCEO  e sócia do Estudio Eixo, comentou a gestão da saúde mental nas empresas e impacto da hiperconectividade no ambiente das agências.

Meio & Mensagem — Assim como o ESG e a DE&I, a discussão sobre bem-estar e saúde mental no trabalho parece estar passando por um processo de arrefecimento. Que fatores ajudam a explicar esse movimento? Existe uma correlação?

Julia Sobral — Existe uma correlação entre essas temáticas. Bem-estar, diversidade e inclusão são pilares fundamentais para a construção de empresas mais justas, sustentáveis e resilientes. A diminuição do foco em um desses aspectos pode afetar negativamente os outros. Entretanto, são temas que não podem ser vistos como tendências ou ondas a serem surfadas. Estamos falando de novos paradigmas socioculturais. As pessoas estão adoecendo fisicamente no mundo no trabalho não apenas por conta do estresse, mas porque, dentro dessa lógica de performance contínua, elas param de se enxergar como pessoas.  Podemos ver, por exemplo, a tecnologia evoluindo e a saúde dos trabalhadores tem piorado, porque não conquistamos mais liberdade, o que nós vemos é o aumento do monitoramento e da fiscalização. ESG, diversidade e inclusão e saúde mental precisam ser encaradas de forma sistêmica, como maneiras de superar uma sociedade doente e um planeta a beira do colapso climático.

M&M — Quais são as complexidades da hiperconectividade quando relacionada ao trabalho criativo e o ambiente das agências em que a alta conexão, historicamente, foi valorizada?

Julia — Estamos falando de uma sobrecarga de informações, onde o excesso de estímulos pode dificultar a concentração e a geração de ideias originais, a dificuldade da desconexão, que diminui o processo criativo e leva ao burnout e de uma homogeneização de ideias, onde a facilidade de acesso à informação pode levar à criação de trabalhos menos originais. A criatividade é aflorada quando fazemos conexões genuínas, vivemos experiências marcantes, conhecemos lugares novos, temos contato com arte, literatura e outras culturas. Isso não pode ser perdido.

M&M — Entre as recomendações do estudo, está a necessidade de desenhar a melhor forma de manter a saúde mental de cada funcionário. Quais são os caminhos para atingir esse nível de personalização em uma companhia?

Julia — Esse é um desafio complexo, mas muito importante para garantir o bem-estar dos colaboradores. Podemos usar a tecnologia e ferramentas de inteligência artificial (IA) para construir programas personalizados, com avaliações individuais, identificando as necessidades e desafios de cada colaborador de maneira específica. Hoje já existem muitas empresas que oferecem esse tipo de monitoramento do bem-estar, com um plano personalizado com acompanhamento profissional e gamificação, por exemplo. Esse ponto também traz um ponto de atenção para a companhia, que é de entender flexibilidade e adaptações culturais em relação às rotinas do colaborador e como promover uma cultura de autogestão. O trabalho online acelerou essas mudanças e, após a pandemia, as pessoas passaram a entender a necessidade de organizar e priorizar suas rotinas pessoais e de trabalho. Sendo assim, a cultura organizacional desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar. É preciso criar um ambiente de trabalho seguro, acolhedor e que valorize a saúde mental e ter líderes comprometidos com esse trabalho e engajados, começando a mudança por eles mesmos.  A comunicação aberta e transparente sobre questões relacionadas à saúde mental também é essencial para criar um ambiente de confiança. Como disse, estamos vivendo uma mudança de paradigma. Vimos recentemente todo o debate da escala 6×1 e como a população, independente de espectros ideológicos, está consciente da necessidade de o trabalho ganhar outra dimensão em nossas vidas. O trabalho deve ser visto como parte de um todo. E é responsabilidade das empresas propor uma qualidade de vida melhor para seus colaboradores.

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