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Holdings de publicidade cortaram mais de 22 mil vagas em 2020

Devido a pandemia, WPP, Publicis, Omnicom, Interpublic e Dentsu registraram redução de 5,8% no quadro de funcionários


31 de março de 2021 - 18h09

Por Bradley Johnson, do Ad Age

O grupo das cinco maiores holdings de agências publicitárias do mundo, formado por  WPP, Publicis, Omnicom, Interpublic e Dentsu, demitiu mais de 22 mil funcionários no ano passado. Segundo análise do Ad Age Datacenter, o número representa 5,8% da força de trabalho do conglomerado. 

 

Demissões foram acarretadas pela pandemia (Crédito: Antonio Guillem/istock)

Os cortes ocorreram em um momento em que a receita orgânica das agências caiu, uma vez que, devido à pandemia, as empresas cortaram custos com serviços de publicidade e marketing. O crescimento orgânico global, que considera aquisições, desinvestimentos e efeitos causados pela oscilação das taxas de câmbio, foi de uma média de -8,3% para as cinco integrantes do grupo. 

A média de cortes oscila entre a redução de 8,4% no número de colaboradores da Omnicom e a de 2,8% da Dentsu. Ao todo, as companhias contavam com 358.663 funcionários em todo o mundo no final do ano passado.

No entanto, cortes durante as crises não surpreendem: a mão de obra representa o maior custo para as agências. Na Publicis, os custos com pessoal tomaram 64,3% da receita líquida mundial em 2020. Já na Interpublic, essa porcentagem foi de 66,3%, com salários e demais despesas. Enquanto isso, 67,2% da receita – subtraindo repasses – da WPP foi destinada aos funcionários.

Altos e baixos

O ano de pandemia foi difícil para o setor. O crescimento orgânico da Interpublic foi negativo: de -4,8% e, ainda assim, o melhor entre as cinco empresas. A companhia teve que reduzir em 7,6% o quadro de colaboradores, uma porcentagem de queda maior do que o declínio da receita líquida orgânica. Quando a redução de pessoal é atrelada à falta de investimento, a queda orgânica dos funcionários é de 6,3%.

Apesar disso, a empresa saiu vitoriosa em outro aspecto. A receita líquida mundial por funcionário foi de US$154.300, a maior entre as cinco companhias. O cálculo foi feito pela Ad Age Datacenter com base na média de funcionários da Interpublic em 2020. Isso alavancou o seu desempenho, com ações atingindo o nível mais alto desde 2002.

Para as demais empresas do conglomerado, o crescimento orgânico foi menor do que o corte de funcionários. A Denstu encarou queda de -11,1%, ainda que o número de colaboradores tenha diminuído apenas 2,8% em relação ao ano anterior. A empresa está passando por uma reorganização ampla. Em agosto, anunciou um programa abrangente de revisão e transformação acelerada, a fim de simplificar negócios, reduzir custos operacionais, melhorar balanço patrimonial e agregar mais valor aos acionistas.

Como parte da reorganização, a Dentsu International – que gerencia operações fora do Japão – planeja a consolidação para seis “marcas líderes globais” (Carat, iProspect, Dentsu X, Dentsumcgarrybowen, Isobar e Merkle), de mais de 160 marcas dentro de dois anos. A divisão espera, ainda, que o total de funcionários diminua cerca de 12,5% até o final de 2021, quando comparada à porcentagem registrada no quarto trimestre do ano passado. 

Ao Ad Age, a Dentsu afirmou: “A nossa estrutura será mais transparente aos clientes, permitindo que o atendimento melhore, ao eliminar a duplicação de serviços oferecidos. Isso também permitirá que possamos reduzir custos à medida que nossas operações sejam simplificadas com sistemas e processos mais comuns. A transformação também incluirá linhas de serviço, funções e times centrais da empresa”.

2020 versus 2009

A reestruturação acompanha anos de aquisições e investimentos realizados à medida que a Denstu conquistava mercado fora do Japão com a construção de uma rede ampla de novas agências. Em 2016, a empresa firmou 45 novos acordos, – um recorde -, incluindo a participação majoritária na Merkle, com o restante da participação sendo comprada no ano passado. Impulsionada por tais aquisições, o time global da Dentsu vem triplicando em tamanho desde 2009, ano em que o setor se aproximava do auge da crise. 

O número de colaboradores da Publicis em 2020 (cerca de 80 mil) é bem mais alto do que o nível registrado em 2009, (45.402), o que reflete em grande parte uma série de aquisições feitas pela empresa, incluindo a Sapient e a Epsilon. Em 2014, em parceria com a Omnicom, a companhia abortou uma “fusão de iguais” que daria origem à maior holding de agências do mundo.

Enquanto isso, a Omnicom fechou o ano passado com 64.100 pessoas em cargos, número próximo ao de 2009 (63 mil). Durante o período, realizou algumas compras, como o australiano Clemenger Group e o Grupo ABD, do Brasil. Houve também a transferência de empreendimentos, como ocorreu com a Sellbytel e a MarketStar. Em relação ao corte de funcionários, a Omnicom registrou um índice de 8,4% em 2020, porcentagem que se aproximou do nível de 10% registrado durante a Grande Recessão. 

A WPP, maior agência em termos de empregados, fechou 2020 com 99.830 funcionários. A quantidade não mudou muito em relação ao final do ano de 2009, com 98.759 postos de trabalho. Nesse intervalo, a empresa adquiriu a agência AKQA e teve participação majoritária no STW Communications Group da Austrália – a qual a WPP tem um acordo pendente para comprar a participação restante. Além disso, a companhia se livrou de diversas participações não essenciais, e vendeu uma participação majoritária na empresa de pesquisa Kantar.

Ao todo, o número de funcionários trabalhando nas cinco holdings chegou a 358.663 no final do ano passado – 35% a mais do que o nível registrado em dezembro de 2009 (265.745). Ainda que as empresas tenham encarado corte de custos durante a pandemia, todas apresentam crescimento em escala global, quando comparando ao período da crise atual com a Grande Recessão. 

*Tradução por: Giovana Oréfice

**Crédito da imagem do topo: audioundwerbung/iStock

 

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