Publicitários relatam perda de rendimento e saúde mental
Pesquisa mapeou a percepção de 435 profissionais em relação ao trabalho remoto somado à pandemia; a maioria nunca teve o home office como prática habitual
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Karina Balan Julio
24 de abril de 2020 - 7h00
Embora o home office seja uma prática defendida pelos profissionais de comunicação, a mudança brusca para o trabalho remoto durante a pandemia de Covid-19 tem tido efeitos negativos sobre os publicitários. A pesquisa “Home Office – Tá bom para todo mundo mesmo?”, divulgada esta semana, mostra que profissionais observam mudanças em relação às cobranças de trabalho, saúde mental e produtividade.
O estudo online foi feito entre os dias 16 e 17 pelo publicitário e pesquisador Lucas Schuch, também apresentador do podcast “Propaganda não é só isso aí”,que ouviu 435 profissionais de agências de todo o Brasil e que não ocupam cargos de liderança.
Apesar de muitas agências alegarem que já trabalhavam remotamente antes da pandemia, o estudo mostrou outro retrato. Segundo 84% dos respondentes, o home office nunca foi habitual em suas empresas, e apenas 15% disseram que a prática é bem aceita onde trabalham – o que significa dizer que podem notificar home office em dias de semana, sem serem questionados pelos líderes. Segundo 94%, o trabalho remoto só se tornou uma realidade durante o isolamento social.
Metade dos respondentes disseram que estavam preparados quando o home office foi estabelecido compulsoriamente. Outra metade disseram que não estavam preparados, e estes últimos consideram os maiores desafios a falta de contato humano e horários estendidos. Muitos também disseram não ter espaço adequado para poder trabalhar de casa.
Quando questionados sobre seu desempenho profissional, em relação ao período anterior ao isolamento social, 32% disseram estar produzindo mais e 31% no mesmo volume. A maior parte, no entanto, 35%, disse estar produzindo abaixo do seu rendimento normal. Quatro em cada dez participantes também acreditam que a cobrança em relação ao trabalho aumentou.
Outro fatr que impacta o rendimento é a saúde mental. Entre os publicitários consultados, 65% dizem se sentir menos saudáveis mentalmente; 20% se sentem mais saudáveis; e 14% não perceberam alterações em sua saúde mental.
Embora o estudo inicialmente não levasse em conta parâmetros demográficos, homens relataram sentir mais sentimentos positivos em relação ao home office, enquanto mulheres relataram mais sentimentos negativos – o que pode estar relacionado ao acúmulo de tarefas domésticas.
Salário e benefícios
Em relação a cortes de salário e benefícios por conta da situação econômica atual, 49% disseram não ter sofrido cortes até a semana passada. Outros 24% tiveram benefícios cortados e 18% disseram que já não tinham benefício algum, além do salário. Outros 7% ganharam benefícios com a medida de isolamento social.
O medo de parecer improdutivo ou eventualmente perder o emprego, contudo, foi presente na análise qualitativa do estudo. Na opinião de Lucas, coordenador do estudo, agências devem incentivar a transparência e falar abertamente sobre as possibilidades de cortes e demissões, assim ajudando a gerenciar a ansiedade dos colaboradores.
Gestão de pessoas e o pós-pandemia
A maneira de gerir pessoas durante a quarentena, afinal, pode impactar inclusive na retenção de talentos após o isolamento social. O mercado publicitário, que já enfrentava a evasão de talentos, terá que repensar seus mecanismos de gestão de pessoas.
“Esse momento vai deixar uma marca geracional muito grande nos jovens publicitários”- Lucas Schuch
“Esse momento vai deixar uma marca geracional muito grande nos jovens publicitários, que são vistos como promessa de talento criativo, e talvez definir se vão ou não permanecer na indústria. A pandemia vai mudar a forma como as pessoas olham para empresas”, acrescenta Lucas.
Entre os respondentes da pesquisa, apenas 33% tiveram a impressão de que suas agências se preocupam com sua situação pessoal. A maioria, 56%, acredita que agências estão mais preocupadas com clientes do que com colaboradores, e 40% acham que a preocupação é equilibrada em relação às duas partes. “As pessoas querem se sentir amparadas da mesma forma que os clientes. Agências e pessoas de cargos mais altos têm responsabilidade direta sobre como as pessoas vão atravessar esse momento”, diz Lucas.
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