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Comunicação

Lápis Raro lança glossário da diversidade

Agência de Belo Horizonte cria manual para orientar criativos a compreender e criar para o público LGBTQ


9 de julho de 2018 - 13h25

Da esq. para a dir.: Gustavo César, Gabriel Braga e Sosti Reis, autores do guia sobre diversidade da agência (Crédito: Iuri Santos)

Pabllo Vittar é drag queen ou transexual? Posso dizer o travesti ou devo dizer a travesti? Essas e outras dúvidas podem ser facilmente respondidas por quem milita ou se envolve de forma mais aprofundada na causa LGBTQ, mas certamente pairam na mente de muitas pessoas que não estão tão familiarizadas com as novas nomenclaturas trazidas pelos debates em torno da diversidade.

Gabriel Braga, Sosti Reis e Gustavo César, três profissionais que trabalham na agência Lápis Raro, de Belo Horizonte, notaram que, embora o ambiente da publicidade seja mais aberto à observação das novas tendências e vocabulários trazidos pela evolução do comportamento, humano, muitos de seus colegas de trabalho ainda tinham dúvidas acerca de conceitos do universo homossexual e dos diferentes estudos de gênero. Por isso, o trio decidiu aproveitar junho, celebrado internacionalmente como o mês do orgulho LGBTQ, para fazer algo mais prático do que, simplesmente, declarar apoio à causa.

“Estávamos planejando uma postagem em celebração ao Dia do Orgulho LGBT e percebemos que seria bem mais útil aproveitarmos aquele momento para levar esclarecimento e informação para as pessoas da agência”, comenta Sosti Reis, jornalista de formação e social media da Lápis Raro há oito meses. Assim, com a participação de dois outros colegas da agência – Gabriel Braga e Gustavo César – a Lápis Raro criou o primeiro Manual de Propaganda Diversa. Como o título sugere, a ideia é decifrar nomenclaturas, ideias e conceitos acerca do universo LGBTQ, sanando assim possíveis duvidas que os próprios profissionais do meio publicitário tenham a respeito de uma parcela da população cuja importância vem crescendo cada vez maior nos briefings de campanhas e demandas trazidas pelos anunciantes.

Acreditamos que empatia começa com informação. Para respeitar algo ou alguém, temos de conhecer bem o assunto, entender sobre aquele universo para, a partir daí, nos colocarmos mais próximos dessas pessoas e saber como aborda-las tanto em nosso dia a dia como nas campanhas que fazemos aos clientes”, comenta Sosti.

Para a elaboração do guia – que leva o nome de “Melhore: pequeno manual da propaganda criativa” – os três profissionais mesclaram a experiência pessoal com a percepção extraída da experiência cotidiana no universo publicitária. Homossexuais, os profissionais percebem que há uma maior presença de pessoas LGBT nas agências de publicidade e no mercado de comunicação, como um todo, mas que ainda é necessário trilhar um caminho rumo a maiores esclarecimentos a respeito de como a comunicação pode ser mais representativa e mais eficiente junto a esse público.

“Fizemos a apresentação do manual para toda a agência e houve uma aceitação muito bacana por parte de todos os colegas. Ficou bem claro que não queremos doutrinar ninguém nem criar regras de comportamento, mas assim ampliar o conhecimento de todos e capacitar a agência para levar mais ideais para os clientes, fazendo com que a representatividade e diversidade esteja mais presente na publicidade que criamos, seja nas campanhas, nos posts nas redes sociais e até mesmo nas fotos dos bancos de imagem que utilizamos”, frisa Gustavo Cesar, também social media da Lápis Raro.

Com o Manual em mãos, o trabalho da Lápis Raro continua. A proposta da agência é distribuir o compilado para o maior número possível de agências, produtoras e outras empresas e profissionais da cadeia publicitária. Por isso, o material está disponível para download, no site da agência, de forma gratuita. “Já enviamos o manual para algumas agências e produtoras com as quais temos contato e para um mailing específico, mas estamos super abertos a apresenta-lo em outras empresas e a outros profissionais da área”, diz Gabriel Braga, estagiário de criação da agência e um dos criadores do projeto.

Na opinião do trio, quanto mais a indústria entrar em contato com informações e conseguir desmistificar certos assuntos, melhor será para o negócio da publicidade. “Quanto mais soubermos a respeito do nosso público e melhor conhecermos os consumidores, mais conseguiremos acertar nas campanhas. Esse é o nosso papel, enquanto comunicadores”, pontua Sosti.

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