Morre Washington Olivetto, nome mais ilustre da publicidade brasileira
Criador de personagens icônicos, como Garoto Bombril, e influenciador de várias gerações, ele tinha 73 anos e estava internado há quatro meses no Rio de Janeiro
Morre Washington Olivetto, nome mais ilustre da publicidade brasileira
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Alexandre Zaghi Lemos
13 de outubro de 2024 - 18h31
Morreu na tarde deste domingo, 13 de outubro, o publicitário Washington Olivetto, aos 73 anos. Ele estava internado há quatro meses no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, em decorrência de complicações pulmonares.
A publicidade brasileira perde seu nome mais ilustre, criador de personagens como o Garoto Bombril e influenciador de gerações de profissionais, de dentro e de fora do mercado.
Desde 2018, Olivetto estava afastado do dia a dia da publicidade brasileira, quando se desligou da WMcCann e passou a morar em Londres. Washington Olivetto deixa a esposa Patrícia Viotti e três filhos, Homero, Antônia e Theo.
Um dos publicitários mais populares e premiados de todos os tempos, Olivetto construiu uma carreira com trabalhos históricos, incluindo filmes como “Primeiro Sutiã” e campanhas clássicas como o “Garoto Bombril”, “Casal Unibanco” e a do cachorrinho de Cofap, entre tantos outros.
Nascido em São Paulo, em 29 de setembro de 1951, Olivetto iniciou a carreira na publicidade antes dos 20 anos, como estagiário na agência HGP. No início dos anos 1970, foi para Lince Propaganda como redator, onde conquistou seu primeiro prêmio internacional importante: um Leão de Bronze no Festival de Cannes de 1972.
Em 1973, foi contratado pela DPZ, onde formou dupla criativa com Francesc Petit e conquistou inúmeros prêmios, entre os quais o primeiro Leão de Ouro da publicidade brasileira em Cannes, com o filme “Homem com mais de 40 anos”, criado para o Conselho Nacional de Propaganda.
Em 1986, Olivetto deixou a DPZ para lançar sua agência, a WGGK, em sociedade com a suíça GGK, mas, em 1989, comprou a participação estrangeira e transformou a agência em W/Brasil. Em 2010, Olivetto transferiu o seu W para a multinacional McCann-Erickson, que transformou o escritório brasileiro em WMcCann
Olivetto recebeu, em 2014, o Clio Lifetime Achievement Award e, em 2015, foi escolhido como o primeiro não anglo-saxão da história a entrar para o Creative Hall of Fame, do The One Club.
Como criativo, foi o primeiro vencedor do prêmio Caboré, na edição inaugural do evento, em 1980, e voltou a vencer em 1984 e 1986. Como Empresário ou Dirigente da Indústria da Propaganda, Olivetto ganhou o Caboré em 1988 e em 1990. Além de seus troféus pessoais, foi premiado ainda nas agências que comandou: duas vezes com a W/GGK (1987 e 1988) e outras duas como W/Brasil (1989 e 2001). Em 2019, recebeu uma homenagem especial no Caboré.
Um dos episódios mais midiáticos da vida de Olivetto foi o do seu sequestro, que durou 53 dias e terminou no dia 2 de fevereiro de 2002.
Em 2018, para marcar os 40 anos de Meio & Mensagem, criativos elegeram as 40 melhores campanhas dessas quatro décadas. Na ocasião, Washington Olivetto foi um dos 40 criativos escolhidos para indicar as campanhas destacadas. Na lista final, estão seis campanhas inesquecíveis criadas ou com equipes dirigidas por ele, veja a seguir:
Para rejuvenescer a marca e representar o sentimento das pré-adolescentes com o primeiro sutiã, Washington Olivetto passou a missão de criar o filme para Camila Franco e Rose Ferraz. O slogan “O primeiro Valisère a gente nunca esquece” é um dos bordões da publicidade mais usados fora dela. Mas o encantamento provocado pelo filme também é obra do diretor Julio Xavier e da atuação da protagonista escolhida por ele, a atriz Patrícia Lucchesi.
Com mais de 300 filmes e 26 anos ininterruptos no ar, a campanha é a mais longeva da publicidade mundial. O personagem criado, na DPZ, por Francesc Petit e Washington Olivetto foi materializado pela interpretação do ator Carlos Moreno, descoberto por Oscar Caporalli, então sócio de Andres Bukowinski, da produtora ABA Filmes, que dirigiu toda a série, continuada pela W/Brasil e cujo estilo inspirou inúmeras releituras, inclusive de outras marcas.
Com redação de Nizan Guanaes, direção de arte de Gabriel Zellmeister e direção de criação de Washington Olivetto, o filme dirigido por Andrés Bukowinski foca um pigmento e vai abrindo a imagem enquanto são narrados fatos positivos da biografia do ditador alemão, suja foto aparece estampada na tela ao final enquanto o locutor Ferreira Martins diz que “é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”, antes da assinatura final: “o jornal que mais se compra e o que nunca se vende”.
Único brasileiro ganhador do Grand Clio de Film, em 2001, em toda a história do festival norte-americano, o comercial foi criado pelo diretor de arte Jarbas Agnelli e o redator Alexandre Machado. Agnelli também dirigiu, produziu e fez a locução e a trilha do filme em seu estúdio caseiro que, posteriormente, deu origem à AD Studio, produtora que comanda há 17 anos. Seu trabalho de computação gráfica foi feito sobre fotos de Miro, Marcio Scavone e bancos de imagens.
Até hoje, quase 30 anos após a estreia da campanha, ainda há quem se refira à raça Dachshund como “cachorro da Cofap”. A série foi criada por Ruy Lindenberg e Gabriel Zellmeister, com direção de criação de Washington Olivetto – que, entretanto, conta que o alerta para semelhança entre os amortecedores e os Dachshunds foi do cliente, Roberto Kasinski. Os filmes foram dirigidos por Julio Xavier, responsável por escalar o adestrador Jayro Motta.
Narrado com irreverência pelo ator Luis Gustavo, o filme resume 50 anos de história em dois minutos – de Getúlio Vargas (“foi um bafafá”) a Fernando Henrique Cardoso (“que tá aí, querendo ficar mais um pouquinho”). Criação do redator Alexandre Machado e do diretor de arte Newton Bento, com direção de criação de Washington Olivetto. Na direção do comercial, Andrés Bukowinski, da ABA Filmes.
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