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Comunicação

O papel das soft skills na reformulação dos negócios

Com avanço da digitalização, competências socioemocionais são chave para alinhar a cultura da empresa e os valores profissionais


20 de maio de 2022 - 7h00

No ano passado, o palestrante, ex-Tinder e L’Oreal e autor de livros sobre transformação digital, Andrea Iorio, e sua equipe realizaram uma pesquisa com 264 RHs de empresas brasileiras. Como resultado, 93% das áreas de recursos humanos pesquisadas afirmaram que é melhor ter um candidato sem conhecimento técnico e com soft skills do que o contrário. Mas, na prática, o que são as soft skills e por que elas se tornaram tão importantes para as empresas?

 

Leonardo Berto, gerente operacional da Robert Half no ABC e Baixada Santista: “As habilidades comportamentais, em muitos processos, são o fiel da balança” (Crédito: Shutterstock)

O termo soft skills, assim como hard skills, surgiu nos anos 1970, no treinamento das Forças Armadas dos Estados Unidos. Em tese, as hard-skills compreendem as capacidades técnicas de um aluno ou colaborador, enquanto as soft-skills falam sobre as habilidades comportamentais ou emocionais dos indivíduos. “São as competências que não são aprendidas em nenhum curso de graduação. Você desenvolve essas competências ao longo da carreira profissional”, explica Patrícia Santos, CEO fundadora do EmpregueAfro. Entre as habilidades mais requisitadas estão a inteligência emocional, comunicação assertiva, dinamismo e bom relacionamento interpessoal.

Segundo os analistas, hoje, as competências socioemocionais são preponderantes em um processo seletivo. “Antigamente, nós falávamos que as pessoas eram contratadas pela técnica e demitidas pelo comportamento”, conta Patrícia. Agora, o comportamento é considerado já no momento da contratação. Para a CEO do EmpregueAfro, a avaliação comportamental chega a ter peso de 70% em uma seleção profissional.

“As habilidades comportamentais, em muitos processos, são o fiel da balança”, define Leonardo Berto, gerente operacional da Robert Half no ABC e Baixada Santista. Ele narra que, quando dois profissionais estão equiparados em termos técnicos, são as habilidades socioemocionais que agem na diferenciação.

Impulso na pandemia

Assim como outros conceitos, a valorização das soft skills nas avaliações profissionais também avançou na pandemia. Entre os muitos fatores que explicam esse movimento, Leonardo Berto destaca a digitalização. “Quando os processos migram para o digital, muda a maneira como a empresa faz a gestão dessas pessoas”, conta o executivo, destacando que capacidades de resiliência, adaptação e auto-organização se tornaram essenciais em modelos híbridos. Além disso, o olhar atento às questões comportamentais ajuda as empresas a buscarem uma cultura, cada vez mais, alinhada aos valores de seus profissionais.

“As características da pandemia exigiram de muitas pessoas um olhar humanitário, de mais empatia com o outro, que é uma das soft skills muito avaliadas. Empatia não é mais só a capacidade de se colocar no lugar do outro, mas a competência de avaliar a dor do outro. Avaliar, com compaixão, a situação que o outro está. O agravamento da pandemia, a quantidade de mortes, a forma de lidar com o luto, crise econômica são fatores que contribuíram, sim, para que as soft skills pudessem ganhar relevância no cenário da gestão de pessoas”, aponta Patrícia Santos.

Desenvolvendo competências

Ainda que a análise das soft skills seja mais subjetiva, os executivos defendem que as empresas podem e devem ajudar seus colaboradores a aprimorar essas competências. Para isso, as companhias apostam em programas de treinamento, workshops de aprimoramento profissional, educação corporativa e, principalmente, programas de mentoria. O gerente operacional da Robert Half no ABC e Baixada Santista conta que sessões de feedback e planos de ação entre as equipes também podem ajudar nesse processo, assim como a educação continuada que estimula a multidisciplinariedade dos profissionais.

Para a CEO da EmpregueAfro, a valorização do fator humano cria um ciclo virtuoso para os negócios. “Humanização é uma coisa meio que obrigatória, mas são essas capacidades humanitárias mesmo que precisamos aprimorar para que os próximos anos sejam mais leves, diversos e inclusivos para o Brasil e pro mundo”, defende Patrícia.

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