Os desafios do publicitário “mochileiro”
Profissionais da Elephant NY, AKQA San Francisco e R/GA falam sobre os desafios de atuar e transitar em outros mercados
Profissionais da Elephant NY, AKQA San Francisco e R/GA falam sobre os desafios de atuar e transitar em outros mercados
Luiz Gustavo Pacete
21 de agosto de 2017 - 8h46
Os criativos brasileiros são reconhecidos no exterior. Não somente pelos prêmios que o País acumula, mas cada vez mais pela capacidade de os profissionais daqui acumularem experiências em vários mercados. Diversidade e conhecimento multicultural têm sido cada vez mais valiosos lá fora. Neste contexto, é possível ser um publicitário “mochileiro”. Ou traduzindo, aquele capaz não apenas de se fixar em um mercado, mas com versatilidade de transitar entre culturas distintas.
Em entrevista recente ao Meio & Mensagem, Paola Colombo, VP da R/GA San Francisco, ressaltou que sua agência combina mais de vinte nacionalidades e que o fator multicultural é cada vez mais importante. “A mistura de perspectivas e culturas é tão rica quanto o ambiente que incentiva a criação. Sejam os brasileiros que atuam aqui conosco, ou os profissionais de outras nacionalidades, o resultado final são olhares diversos e completos”, diz Paola.
Para Lucas Zaiden, diretor de criação da AKQA San Francisco, que já passou por Madri e Moscou, em cada mudança de cidade e mercado o choque cultural é grande e leva tempo a ser resolvido. “Cheguei em janeiro a San Francisco e o impacto cultural que tive aqui foi maior do que na Rússia. Ainda não entendi direito como as pessoas daqui pensam. Nunca imaginei isso. O Brasil consome Estados Unidos desde criancinha. Pode ser a minha mostragem, pode ser as experiências que eu tive até agora, mas foi o ‘povo’ mais difícil de decifrar que já conheci”, diz Zaiden reforçando que quando se trabalha fora nada é previsível.
As ocupações que surgiram com os youtubers
Harisson Santos, Lead Designer na Elephant NY, agência do grupo IPG, saiu de João Pessoa trabalhou em Toronto, Los Angeles, Bahrein, São Paulo e agora Nova York. Para ele, o desafio vai além de se acostumar a uma nova cultura, mas passa por encontrar as oportunidades. “Felizmente, tanto para a área de criação quanto de design, o mercado exterior é muito aberto a talentos de diversos lugares do mundo, e apesar de parecer uma tarefa difícil, por conta de barreiras como língua, cultura e visto, não é tão complicado assim”, diz Santos.
Os profissionais indicam alguns desafios e eventuais soluções para o processo de adaptação:
Clareza
Pesquise quais empresas você gostaria de trabalhar e que tipo de clientes eles atendem, e claro, avalie se suas habilidades correspondem ao escopo do trabalho. Pesquise também qual país ou cidade acrescentaria mais a sua carreira e você teria mais afinidade. Apesar de parecer óbvio, esse é um dos passos mais importantes para o início da sua jornada.
Ainda vale a pena estudar publicidade?
Networking
O melhor lugar para se criar um networking e conhecer profissionais dos lugares em que você sempre sonhou em trabalhar é no LinkedIn. Lá, você tem a oportunidade de estabelecer uma conexão direta com essas pessoas. Além deles, os “headhunters” (pessoa/empresa contratada por uma empresa para “caçar” profissionais talentosos.) podem ser grandes aliados na sua jornada. Se conseguir achar um bom profissional dessa área, as suas chances de agendar boas entrevistas aumentam bastante. Esses profissionais têm contato direto com quem você quer conhecer e trabalhar.
Idioma
Sim, você vai precisar muito do inglês. Não precisa ser fluente como um nativo, mas você precisará dele para poder se comunicar, mostrar e vender o seu trabalho. No momento da entrevista, esteja preparado para falar sobre você — e sobre como você se encaixa na oportunidade. Além de mostrar o quão talentoso você é, mostre sempre o retorno que o seu trabalho trouxe para a marca. Resultados contam, e muito.
Virei publicitário, e agora?
Persistência
Prepare-se para receber muitos “nãos”. Isso é normal e faz parte do processo. Cada pais tem suas peculiaridades e restrições com vistos. No caso dos Estados Unidos, você vai precisar de um patrocinador, ou seja, uma empresa que queira bancar o seu visto. E neste momento, tudo conta: desde clientes grandes com quem você já trabalhou, carta de recomendação dos seus chefes e/ou parceiros de trabalho, prêmios e publicações relevantes.
Negocie
Esse geralmente é o último passo de uma negociação de emprego. Nos Estados Unidos, por exemplo, após ser aprovado, você receberá uma Offer Letter com a proposta de salário. Não tenha medo de negociar o valor em questão, afinal é uma prática bem comum. Diferentemente do Brasil, o salário no mercado americano é negociado anualmente, então veja se o valor cobre todos seus custos como: aluguel, plano de saúde (isso se a empresa não oferecer), alimentação e outros custos básicos.
Compartilhe
Veja também
Campanhas da Semana: celebridades e ofertas
Latam conta com Porta dos Fundos para divulgar promoções de Black Friday e iFood aposta no humor de Claudia Raia e Igor Guimarães
Salário e equilíbrio: o que diferentes gerações valorizam no trabalho?
Guia Salarial 2025, da consultoria Michael Page, ouviu 6,8 mil profissionais e empresas para entender as prioridades no ambiente corporativo