Os primeiros projetos da Oliver no Brasil

Bárbara Sacchitiello
29 de novembro de 2017 - 10h36

Quando anunciou que começaria a estruturar sua operação no mercado brasileiro, em maio deste ano, a Oliver Agency causou apreensão no mercado de agências. A proposta de uma empresa que tem por objetivo implementar estruturas internas de comunicação e publicidade para os anunciantes pode ser vista como uma concorrência direta ao modelo de atendimento dominante na publicidade brasileira. De acordo com a liderança da companhia, no entanto, essa não é forma mais correta de interpretar a atuação da Oliver.

“No momento em que o mercado questiona os atuais modelos e busca por uma solução ideal, a Oliver é mais uma empresa que se postula como uma alternativa dentro de um conjunto de opções. Isso não significa que nosso modelo seja melhor ou pior do que os outros, mas sim uma forma diferente de criar conexões entre as marcas e os consumidores por meio de publicidade e serviços de comunicação”, pontua Marcelo Suárez, executivo contratado recentemente para liderar a operação da Oliver no Brasil. Luis Constantino (ex-Media Contacts e Havas Digital) será o head criativo da agência, assumindo o posto de CCO.

Fundada há 13 anos por Simon Martin, em Londres, Oliver Agency dedicou os últimos meses à busca de uma liderança que pudesse conduzir a expansão da agência no Brasil e, a partir do território nacional, também ampliasse a presença do modelo da Oliver para a América Latina. Com bagagem tanto do setor de anunciantes (foi executivo de marketing de Ambev, Philip Morris, Tintas Coral e Carrefour) e de agências (liderou a área de planejamento da Taterka – antes da fusão com a DPZ, que originou a DPZ&T), Suaréz foi escolhido para tentar conciliar os anseios dos dois lados em uma forma de trabalho que tem a agilidade e a multiplicidade de canais como sustentáculos.

Na opinião do diretor-geral, a maior vantagem do modelo in-house defendido pela Oliver está na quebra de barreiras entre a marca e a agência, demanda primordial em um cenário no qual as interações com o público são contínuas e ininterruptas. “O fato de ter uma estrutura dentro do cliente faz com que todo o processo criativo seja tratado de forma ágil. O consumidor não têm mais tempo para esperar que as reações das marcas dependam de reuniões e de encontros de avaliação dos trabalhos. As respostas precisam ser dadas instantaneamente e somente quando se faz parte do cotidiano da marca e de sua estrutura é possível atender a essa demanda”, defende.

U-Studio
Sob essa premissa, Suaréz e Constantino vêm passando a maior parte do tempo na sede da Unilever, em São Paulo, onde a Oliver estruturou o primeiro projeto in-house no Brasil. Chamada de U-Studio, o departamento conta com estrutura de agência (com profissionais de criação, planejamento e outras disciplinas) e dispõe de capacidade para executar diferentes demandas de comunicação, como branded content, redes sociais, criação de campanhas publicitárias e até mesmo compra de mídia. “Os trabalhos do U-Studio estão sendo realizados como complementos das parcerias que a Unilever já possui com suas agências de publicidade. Nenhuma parceria foi rompida por conta dessa estrutura interna”, pontua o diretor-geral.

O modelo construído no Brasil já é realidade em outros 14 mercados onde a Unilever atua. “Tivemos o respaldo de iniciar as atividades com um grande anunciante, mas estamos, também, com uma frente de prospecção de novos negócios”, revela Suarez. Um deles é a Adidas, com a qual a rede já tem parcerias em outros mercados. “Nosso grande objetivo é ter uma operação reconhecida não pelo tamanho, mas pela qualidade e solidez da relação que construímos com os clientes”, afirma o diretor-geral.