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A filosofia open source e o código de um novo modelo econômico

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Ponto de vista

A filosofia open source e o código de um novo modelo econômico


1 de outubro de 2012 - 12h50

O mundo corporativo tem visto o surgimento de novos modelos econômicos baseados no open source. O software livre, o crowdfunding, sites de "compartilhamento de conteúdos" reinventado o mercado de música e vídeo etc. Modelos criados a partir de comunidades engajadas, que partem do princípio que "people share" e geram inovação através de ‘inteligência coletiva’. Justamente por isso, não são em nada um fenômeno passageiro.

Compreender esses modelos pressupõe conhecer seus códigos. E uma boa maneira de fazê-lo é buscando na origem o princípio do “código aberto” – que por sinal tem o Brasil como um dos protagonistas do seu debate e valorização. O open source funciona como método criativo e de produção revolucionário, que se implantou em nosso sistema de maneira pacífica, evolutiva e poderosa.

Tudo começou porque um grupo de programadores (considerados heróis no mundo da tecnologia) se revoltaram contra a política fechada de softwares caros x pirataria como única alternativa. Decidiram tomar uma iniciativa: vamos criar o nosso próprio software. E ao invés de proibir sua reprodução ou distribuição pirata, vamos fazer um software hippie, grátis, com código aberto para que qualquer um possa hackea-lo e assim convidamos as pessoas a ajudar a melhorá-lo.

Inicialmente, esses softwares eram bem piores que as plataformas oficiais (que contam com muito investimento e equipes bem remuneradas). Mas, subitamente, as pessoas começaram a usá-los, e a gastar horas e horas para hackeá-los, melhorá-los e colaborar com o seu desenvolvimento. Em menos de 15 anos, surgiu na web uma infinidade de software livres – alguns melhores que os oficiais – destinados a tudo que você possa precisar de tecnologia (de OpenOffice à programação hard core). Plataformas grátis, em constante melhoria, e com um diferencial muito estratégico: uma comunidade engajada por trás delas.

Se uma pessoa decide aprender a programar em software livre – como o popular processing, que já permite programar diretamente para Java, JavaScript e Android com o mesmo código – vai encontrar não apenas uma infinidade de tutoriais na Internet. Vai encontrar fóruns oficiais do software onde encontramos desenvolvedores que ensinam, corrigem códigos, criam livrarias de códigos prontos para fazer copy/paste e respondem a todo tipo de dúvida (das mais idiotas às mais complexas). Gente que se dedica a isso grátis. Porque nesse sistema, a evolução depende das dúvidas, aprendizado e crescimento de sua comunidade. Daí nascem novos usuários e novos colaboradores.

Tá, mas como eles ganham dinheiro?

O que inicialmente funcionava a partir do princípio de doação e “sentir-se parte de um movimento” vem transformando-se em uma nova ciência: ‘open source economics’ que estuda e desenvolve novos modelos econômicos a partir de princípios radicalmente diferentes, em que a propriedade intelectual é aberta . Uma dinâmica econômica que está expandindo-se para além da indústria do software e que tem características bastante peculiares, como lista Yochai Benkler:

• Autoridade descentralizada: você não precisa perguntar se pode contribuir, compartilhar ou inovar. Tudo está aberto a qualquer colaboração.
• Novos modelos de concorrência que entram por barreiras até então desconhecias (Linux x Windows, p2p x indústria da música e video, Wikipedia x enciclopédias, skype x telecom etc).
• Produção criativa social (inteligência coletiva): não só para criar videos colaborativos, mas utilizada até cientificamente – inclusive pela Nasa que contou com a colaboração de internautas para mapear superfície de Marte e obteve resultados precisos e mais rápidos que com seu grupo de PHDs.

E como implementar sistemas tão radicais no mundo corporativo?
A comunicação 2.0 tem induzido naturalmente esse processo. Um bom exemplo disso são os projetos de comunicação colaborativa ou os gexperimentos Betag– que deram origem a clássicos como Whopper Sacrifice. Outro bom exemplo é o case Connecting Lifelines da Honda que mostra como uma marca pode colaborar com a vida das pessoas, e não apenas comunicar.

Do ponto de vista de uma marca – que em última instância oferece um produto e/ou serviços para a vida da pessoa – é justamente dentro do princípio de colaborar com a vida das pessoas que me parece interessante pensar na filosofia Open Source. E é nessa premissa que creio existirem as melhores oportunidades de inovar e criar novos modelos econômicos colaborativos e open source. Projetos que podem ser feitos através de ferramentas de comunicação, mas oferecem muito mais do que comunicar.

TEDTALK SOBRE O TEMA: YOCHAI BENKLER ON THE NEW OPEN-SOURCE ECONOMICS

Philippe Bertrand é diretor de conteúdo da DM9DDB

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