Produtoras in-house em agências: de onde vem a demanda?
Agências explicam as necessidades por trás da criação das produtoras internas, que foram alvo de questionamentos por parte da Apro
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Renan Honorato
30 de novembro de 2023 - 6h00
Produtoras In-House: o dilema das agências e anunciantes (Crédito: Alisaaa/Adobe Stock)
Há cerca de vinte dias, a Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais (Apro) manifestou o desconforto em relação à criação de estruturas internas de produção nas agências de publicidade. Em resposta, a Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap) abriu o debate com o mercado na tentativa de discorrer sobre possíveis soluções para esse dilema.
Para a presidente da Abap, Marcia Esteves, os papéis de cada agente de produção se mesclaram nos últimos anos. “O anunciante deixou de apenas anunciar e passou a produzir conteúdo, editar cultura e interagir de maneiras múltiplas com seu consumidor”, diz. A Abap pretende elaborar um grupo para construir um relatório semelhante ao Guia de Diretrizes de Compliance. Em caráter informal, executivos da Africa Creative estão envolvidos nesse debate.
Além disso, o grupo de trabalho tem como objetivo estabelecer alicerces e definições sobre os determinados tipos de processos que serão considerados in-house. Por exemplo: se um produtor de conteúdo que trabalha em uma agência faz um filme para redes sociais com a câmera do seu celular, isso se enquadraria como produtora in-house? “Sempre haverá um novo incômodo gerado pela rapidez das transformações tecnológicas e estaremos sempre aberto como ponto de encontro para discutir tendências e buscar melhores práticas”, diz Marcia.
A vice-presidente de atendimento da Africa Creative, Verônica Gordilho, acredita que essa mudança dos negócios partiram dos clientes. À medida que as marcas passaram a exigir mais prontidão nas entregas, diz, as agências com condições para manter times internos de produção assim o fizeram. “A escolha do final é do cliente. Muitas vezes queremos o orçamento mais caro por causa da qualidade, tem cliente que topa e tem outros que não”, ressalta.
Todavia, as in-houses, no conceito da executiva, trabalham com desdobramentos práticos e, portanto, são acionadas para a realização de produções mais pontuais e, portanto, que exigem menores investimentos. Na Africa, por exemplo, quando é preciso fazer uma produção audiovisual são abertos três orçamentos. Dentro desse processo, a Massaí, produtora in-house da agência, também disputa no mercado com as demais produtoras do mercado.
Veronica conta que a Natura é um dos clientes que está muito envolvido nesses processos de produção. Verônica conta que a marca incentiva pequenas produtoras à fazerem alguns tipos de trabalho, como cobertura de eventos. “Muitas vezes a Natura quer fechar com a produtora lá da Amazônia, por exemplo”, conta.
Já a Wieden+Kennedy São Paulo tem a Joint, que, segundo André Gustavo, presidente da agência na América Latina, oferece mais agilidade nos processos de ajustes das peças. “A Wieden trouxe edição, finalização, cópia e efeitos para dentro porque isso nos dá muita liberdade de trabalhar com os melhores profissionais. Posso, por exemplo, chamar o melhor editor ou o melhor diretor para determinado tipo de filme. E, por ser uma uma sala no mesmo prédio, o criativo pode ir lá acompanhar o processo e mexer no trabalho, em vez de devolver para a produtora e levar mais dois dias para receber de volta. Esse vaivém do processo de pós-produção se torna infinitamente mais rápido”. Segundo ele, a criação da house não causou nenhum tipo de desgaste com as produtoras.
Em 2010, a Trio Hub nasceu como uma produtora focada em audiovisual e fotografia dedicada exclusivamente para publicidade. Segundo os executivos, a proposta era criar um modelo de negócio que permitisse cobrir toda a jornada cinematrográfica das marcas.
“As in-houses sempre prejudicaram as produtoras. Enquanto produtora, nós sempre sofremos com essa desvantagem e esse foi um dos motivos que nos fizeram a entrar mais em tecnologia e investir na capacitação de pessoas”, diz Luciano Mathias, CCO da Trio Hub. Ele também destaca que a IA será um desses futuros disruptivas e inevitáveis.
Contudo, após a reestruturação no negócio, a Trio Hub tornou-se um hub de comunicação que passou a atender diretamente as marcas. Um dos focos da Trio é oferecer serviços que utilizem das tecnologias vigentes e expoentes, como a inteligência artificial e Web3, para construção das peças. Outro diferencial da Trio Hub é a personalização dos times de colaboradores, tendo em vista que o hub busca no mercados os especialistas para cada tipo de demanda.
Com isso, a Trio Hub criou a primeira campanha de TV do marketplace asiático Shein, com participação de Virgínia e Zé Felipe. O primeiro passo da estratégia foi o mapeamento de tendências e de social listening. Em seguida, todos os protótipos e algumas peças foram desenvolvidas por IA. “Levantamos uma campanha em dez dias”, comenta. Além do mais, a Trio Hub tem trabalhado em consultorias de tecnologia e em parcerias para projetos com agências, como Red Fuse, AlmapBBDO, Wunderman Thompson, Artplan, DM9, entre outras.
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