Remuneração e fit com marcas desafiam influenciadores
Desenvolvido pela MSL Brasil, estudo com 175 creators brasileiros revela principais entraves e oportunidades do segmento no país
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Renato Rogenski
17 de julho de 2019 - 17h48
Por ser ainda jovem e tão dinâmico quanto a velocidade em que novas tecnologias, plataformas e linguagens ganham espaço, o marketing de influência ainda busca entender melhor enquanto mercado. Tanto no que diz respeito à organização da relação entre marcas, criadores de conteúdo e público, quanto à forma de ser mais eficaz na estratégia das empresas. Para tentar compreender parte deste mecanismo, a MSL Brasil desenvolveu neste ano o estudo “Desafios e oportunidades das marcas e criadores de conteúdo”, que ouviu 175 creators brasileiros com 10 mil a 5 milhões de seguidores no Instagram, de abril a maio.
Influenciadores que não influenciam
Desafios no caminho
Entre os pontos mais importantes, o estudo da MSL mostra a visão dos influenciadores sobre os principais problemas que atrapalham o desenvolvimento de seu trabalho com marcas. Em ações de relacionamento, por exemplo — aquelas não pagas, como convites para eventos e o recebimento de produtos —, 43,4% dos creators dizem que a compensação financeira não é adequada ao escopo de trabalho realizado. Outros 31% afirmam que um outro problema é a demanda das empresas por um conteúdo que seja quase que publicitário, do ponto de vista de formato e narrativa.
98% dos pesquisados escolhem projetos que tem a ver com sua personalidade e gostos pessoais
Já nas relações remuneradas, os maiores dilemas são as burocracias de contratos e pagamento (46,5%), o processo enviesado de briefing (44%) e o processo de aprovação de conteúdo, incluindo a burocracia e a quantidade de refações (41%). Em questão aberta, influenciadores disseram que precisam ser vistos “como empresa parceira” pelo cliente e que os dois precisam “trabalhar juntos para que a campanha renda” para ambos. Para eles, o mercado também precisa fazer com que as marcas os vejam “como influenciadores e não como vendedores”. Outra queixa dos pesquisados é a de que “as agências ainda só olham os números de seguidores”.
Na visão dos entrevistados, a maior parte do investimento das marcas vai para os mesmos influenciadores, que não usam os produtos de verdade e não dão importância para o que a marca está lançando. Por isso, para esses creators ouvidos, é preciso haver encaixe entre os produtos e os influencers: quanto mais assertivo for esse encontro, mais positivos serão os resultados. Não à toa, baseados nesta percepção, 98% dos pesquisados escolhem projetos que tem a ver com sua personalidade e gostos pessoais e 80% acreditam que ter um depoimento pessoal é essencial para fazer com que os seus seguidores se engajem com o conteúdo, segundo o estudo.
Tecnologia para engajar
Para Carolina Fullen, diretora de Inovação da MSL Andreoli, além do próprio discurso e a educação das empresas e profissionais, a tecnologia também pode e deve potencializar o amadurecimento do marketing de influência nos próximos anos, utilizando a inteligência de dados para tornar as estratégias e execuções mais assertivas, como já acontece em outras modalidades de comunicação.
Para 46,5% dos entrevistados, nas relações remuneradas financeiramente, os maiores dilemas são as burocracias de contratos e pagamento
Não à toa, na terça-feira, 23, a rede global de PR do Grupo Publicis lança no Brasil a sua plataforma global MSL Fluency. “Trabalhávamos com diversas ferramentas, em diversos países diferentes e com variados níveis de demanda. E dessa forma não estávamos conseguindo atender plenamente os clientes nesse sentido, já que cada lugar tem um nível diferente de ferramenta. Resolvemos parar para entender o que gostaríamos e o que precisaríamos ter”, explica.
A plataforma, que no Brasil já funciona em modo beta desde junho, pretende otimizar a identificação e a análise para a escolha de influencers; a gestão e a ativação de todo processo de gestão das campanhas e fluxos de trabalho com os criadores de conteúdo; mensuração em tempo real com base nos KPIs do cliente, além da integração com o plano de mídia. Na prática, a ferramenta vai conectar todo o ecossistema de dados de marketing de influência para auxiliar os clientes de todos os 107 escritórios da rede MSL pelo mundo. Além disso, de acordo com Carolina, o Fluency também servirá para que a MSL auxilie todas as outras agências do Grupo Publicis, promovendo um intercâmbio cultural de negócios e aumentando ainda mais a sua relevância como braço de influência da holding no mundo.
Imagem de topo: Luke van Zyl/ Unsplash
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