Retomada da edição presencial de Cannes anima criativos
Brasileiros apontam o convívio social como maior ganho no retorno do festival após dois anos de distância por conta da pandemia
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Bárbara Sacchitiello
19 de novembro de 2021 - 8h05
No início desta semana, a organização do Cannes Lions revelou que, depois de um hiato de dois anos, o principal festival de criatividade da indústria voltará a ser realizado presencialmente na cidade da Riviera Francesa em 2022. Em 2020, quando a pandemia eclodiu em todo o mundo, a organização optou por cancelar a edição, pela primeira vez em sua história, por conta da inviabilidade de realizá-lo em meio à alta difusão da Covid-19 pela Europa e pelo restante do planeta.
Em 2021, embora a propagação da doença já estivesse mais controlada e a vacinação trouxesse a esperança de um retorno a normalidade, a organização decidiu, antecipadamente, por manter as portas do Palais des Festivals fechadas e realizar uma edição do Festival totalmente remota. Jurados elegeram os cases e trabalhos vencedores de Leões em reuniões virtuais e a programação, de cinco dia, também contou com palestras e debates feitas por membros da indústria, de todo o mundo, à distância.
Agora, a notícia da retomada da edição presencial do evento, que acontecerá de 20 a 24 de junho de 2022, animou a indústria criativa do Brasil, país que costuma levar uma das maiores delegações para o Cannes Lions. A possibilidade de discutir sobre os trabalhos frente a frente e, principalmente, de reencontrarem outros membros da indústria é vista com bons olhos após esses meses de distância.
“Cannes ser presencial recoloca a criatividade mundial de volta aos eixos”, resume Sergio Gordilho, copresidente da Africa, a agência brasileira mais premiada na edição deste ano do Festival, tendo conquistado 21 Leões. “Em uma indústria baseada na confiança entre relações humanas, voltarmos a estar juntos fortalece o confiar e, quanto mais se confia, melhor se cria. E isso muda tudo”, defende o criativo.
Os ganhos que os encontros presencias proporcionam, em comparação com as conferências à distância, foram ressaltados por Rafael Pitanguy, CCO da VMLY&R. Na edição remota do Cannes Lions deste ano, a agência conquistou, entre outros prêmios, o inédito Grand Prix para o Brasil na categoria Glass. “O evento virtual, por mais legal que seja – e foi – não substituiu a experiência presencial. Os almoços entre os jurados, os encontros nos corredores do Palais e nos eventos que ocorrem em paralelo ao Cannes Lions geram uma troca muito enriquecedora, que inspira toda a comunidade criativa que participa do Festival”, acredita o profissional.
A socialização como elemento importante para a construção criativa foi apontada também por Erh Ray, CEO e CCO da BETC Havas. O criativo destacou que a troca em um evento social, não só o Cannes Lions como qualquer outro festival, é muito bem-vinda e representa uma retomada ao que podemos considerar como a ‘vida normal’. “Somos seres sociais. Acredito que o ser humano precisa se sociabilizar, precisa dessa troca, desse olhar, desse comprometimento entre pessoas de pensamentos diferentes. As pessoas estão carentes dessa troca e precisam se reencontrar”, aponta. Ray também acredita que, a partir de agora, após esses dois anos de distância forçada, o festival vai trazer ainda ais a importância da criatividade para essa indústria. “Independentemente de ferramentas, parte técnica, inovação e tecnologia, pois por trás de tudo isso existe o talento humano”, recorda.
O diretor executivo de criação da AlmapBBDO, Marco Giannelli (conhecido no mercado como Pernil), acha ótimo que a retomada de Cannes permita pensar em um 2022 mais normal do que os últimos dois anos enfrentados pela indústria. O criativo vê a volta presencial como um bom sinal e acredita que a organização respeitará todos os protocolos de segurança que ainda estarão vigentes em junho do ano que vem. “A possibilidade de interagir ao vivo deixa a todos muito felizes. A melhor parte será voltar ao convívio social, podendo sentir o clima do lugar que, certamente, é muto melhor que qualquer Zoom ou Teams”, resume.
Resquícios de pandemia
Além da carência por encontros presenciais que ficaram represados nesses quase dois anos, o retorno de Cannes também deve, de alguma maneira, refletir os efeitos que a vida pandêmica trouxe para a comunidade criativa e para a sociedade, de forma geral. Pernil não acha que os trabalhos serão radicalmente diferentes. “Mas, é claro, ainda devem refletir um pouco as limitações que tivemos no período e as ativações que não puderam acontecer são um bom exemplo. Talvez a gente veja mais causas ligadas a situações específicas da pandemia também”, aponta.
Na opinião de Erh Ray, essa leva de trabalhos pós-pandemia que serão apresentados em Cannes no próximo ano tendem a colocar ainda mais a criatividade como força motriz da indústria. “Creio que, mesmo ‘enclausurados’ durante esse período, aprendemos e trouxemos à tona muitas reflexões que fizeram com que as pessoas tivessem também um novo jeito de se comunicar, de aprender a trazer para as próprias vidas uma experiência, sendo ela positiva ou negativa. E experiência é o que todo ser humano quer ter ela está relacionada a uma marca, uma empresa e mesmo entre outras pessoas”, reflete o líder da BETC Havas.
Gordilho relembra a máxima de que é nos momentos de maior crise que surgem também as maiores ideias e, por isso, acredita que toda essa conturbada experiência dos últimos meses se refletirá, de alguma forma, na produção da indústria publicitária global. “Vivemos em um mundo cheio de cicatrizes e dúvidas, que sempre encontrou na criatividade respostas a perguntas que, muitas vezes, ainda não tinham sido perguntadas. Mas, nos últimos anos, tivemos mais perguntas do que respostas. Por isso, acho que essas perguntas não respondidas continuarão presentes, à espera de uma resposta”, discorre.
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