Sadoun: percepção negativa das holdings é culpa da indústria, não das tarifas

Meio & Mensagem
15 de abril de 2025 - 15h23

Por Brian Bonilla, do Ad Age

Arthur Sadoun, CEO e chairman do Publicis Groupe (Crédito: Divulgação)

Arthur Sadoun, chairman e CEO do Publicis Groupe, aproveitou a divulgação do relatório trimestral da companhia para falar sobre as preocupações econômicas por parte da indústria no geral – e cutucar o WPP. Para o executivo, parte da culpa da má percepção em torno do mercado publicitário é da holding comandada por Mark Read.

O Publicis Groupe encerrou o primeiro trimestre de 2025 com aumento de 9,4,% na receita, que atingiu US$ 4,01 bilhões. A receita orgânica cresceu 4,9%, ultrapassando as expectativas dos analistas de que chegaria a 4,5%.

Sadoun declarou estar confiante de que a força dos novos negócios ofuscará qualquer entrave gerado pelas tarifas anunciadas por Donald Trump. Reafirmou, também, que a estimativa de crescimento de receita anual é de 4% a 5%. Notou, no entanto, que a cautela dos clientes está mais propensa a afetar investimentos de longo prazo do que os de curto prazo.

“Nossos clientes estão cautelosos e têm direito de estarem assim, mas também estão competitivos porque estão olhando para toda oportunidade de crescimento”, disse.

Depois de terem enfrentado Covid, guerra e inflação, os clientes “estão acostumados a gerenciar a incerteza. Sabem que reduzir muito o investimento resultará em perda de market share, o que seria muito difícil de recuperar”, afirmou.

Sadoun também ressaltou o desempenho do grupo em novos negócios: no primeiro trimestre, foram 12 novas contas, como Coca-Cola, Sam’s Club, Uber, Goodyear, LinkedIn, Subway, Kimberly-Clark e Abbot Laboratories.

Defendendo a indústria

Sadoun também refutou o que tem ouvido de analistas e especialistas na indústria publicitária a respeito de as agências, como um todo, estarem lutando. Embora a receita do Publicis tenha crescido no primeiro trimestre, o preço das ações caíram 16% e continuaram a enfraquecer em abril.

“Na verdade, somos uma indústria em crescimento”, afirmou.

O executivo francês atribuiu a culpa dessa percepção aos resultados de competidores, especificamente do WPP, e não às tarifas. “Apesar de alguns players que estão com resultados negativos no momento… não somente somos um mercado em expansão, como estamos encolhendo em termos competitivos”, disse, em referência à fusão entre Omnicom e IPG, que, se concretizada, reduzirá o número de holdings concorrentes.

As ações das quatro maiores holdings caíram durante o primeiro trimestre, principalmente as do WPP, que recuaram mais de 25%.