“Viramos uma indústria de concorrências”
Tiago Ritter, CEO da W3Haus, defende relações duradouras com clientes, compartilhando a filosofia de trabalho da agência e o projeto de expansão internacional
Tiago Ritter, CEO da W3Haus, defende relações duradouras com clientes, compartilhando a filosofia de trabalho da agência e o projeto de expansão internacional
Karina Balan Julio
13 de junho de 2018 - 12h42
Um dos desafios do mercado publicitário é retomar um modelo de relacionamento mais consistente entre clientes e agências, na avaliação de Tiago Ritter, CEO da agência digital W3Haus. A agência, que completou 18 anos e é uma das principais independentes do mercado, tem buscado trabalhar com um modelo de gestão que equilibre relacionamentos duradouros com clientes, resultados e o bem-estar dos profissionais.
Com o apoio de anunciantes nacionais importantes e que estão buscando outros mercados, como Bauducco, Grendene e O Boticário, a empresa projeta a abertura de uma operação internacional em breve. Em entrevista ao Meio & Mensagem, Ritter falou sobre a proposta multidisciplinar da W3Haus e o modelo de gestão de pessoas que aplica nas unidades de São Paulo e Porto Alegre. Ele diz não acreditar no modelo “Mad Man” de fazer publicidade e garante que, mesmo com o interesse de grupos internacionais em comprar a agência, a empresa continuará independente.
Independência e bem-estar
Ritter vê a independência em relação a grandes grupos de agências como uma vantagem, principalmente durante períodos de crise. “Se estivéssemos em um grupo, seríamos obrigados a entregar resultados custasse o que custasse. Quando se é independente é possível abrir mão do resultado para fazer a manutenção de pessoas e deixar o clima menos tenso. Sempre disse que não queria que fôssemos uma agência tipo Mad Men, e continuamos não sendo”, diz o CEO.
Retenção de talentos
Atrair uma geração de profissionais mais jovem, e portanto mais ansiosa, é um dos desafios para o mercado publicitário, na avaliação de Tiago.
“Existe uma geração ansiosa em ascender na carreira mais rapidamente, mas, de forma geral, quando montamos a agência, pensamos em criar um espaço onde gostaríamos de trabalhar caso não fôssemos os donos. Queremos ter um ambiente onde as pessoas se ajudem em vez de competir. Muita gente se sente bem porque damos muita liberdade desde o dress code até o estímulo a uma visão de empreendedorismo. Não acho que é uma fórmula que funciona para todo mundo, mas é um jeito de criar ferramentas para a pessoa crescer”, afirma.
Um dos esforços da W3Haus está em ampliar o corpo de mulheres em cargos de liderança – elas hoje ocupam 58% das lideranças – e também incorporar profissionais com backgrounds diversos, que possam ir além da visão do “homem branco de classe média”.
Concorrência exacerbada
Um aspecto que precisa ser repensado na indústria, na opinião de Tiago, é o formato de relacionamento entre agências e clientes. “O relacionamento poderia ser bem mais saudável se respeitasse um tempo maior de conhecimento e de entendimento de resultados. De forma geral, nos tornamos uma indústria de concorrências, e isso é pouco construtivo porque os maiores resultados acontecem com marcas com as quais se trabalha há mais tempo”, opina.
Internacionalização
O pontapé inicial para a expansão internacional da W3Haus será motivado por clientes nacionais que também estão olhando para fora do País. O Boticário, presente em Portugal há 20 anos, está iniciando sua expansão para a Colômbia e Estados Unidos; Bauducco, por sua vez, está indo para o Peru, enquanto a Rider, da Grendene, também está expandindo seus negócios para os EUA.
“São empresas onde os fundadores e herdeiros são muito presentes. Há uma identificação com o nosso trabalho que acabou acontecendo em um momento em que estas marcas estão indo para fora. Com essas marcas que estamos atendendo fora do País, é bem provável que venhamos a fincar nossa bandeira em outros países em breve”, conta Ritter, sem adiantar quais serão os próximos passos ou qual país seria sede de uma nova unidade da W3Haus.
A íntegra desta matéria está publicada na edição 1814 do Meio & Mensagem, de 11 de junho, disponível exclusivamente para assinantes nas versões impressa e para tablets Android e iOS.
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