“Cenp-Meios é régua para todo mercado”
Marco Frade, presidente do comitê de mídia da ABA, destaca importância do indicador para a comunicação brasileira
Marco Frade, presidente do comitê de mídia da ABA, destaca importância do indicador para a comunicação brasileira
Igor Ribeiro
24 de maio de 2019 - 10h52
O Conselho Executivo das Normas-Padrão está empenhado em ampliar seu painel do Cenp-Meios para 200 agências. A meta é que os dados de investimentos deste ano já sejam informados segundo o investimento em mídia dessas empresas — o indicador começou a coletar dados em 2017, com 75 agências, e aumentou esse total para 78, em 2018.
Para Marco Frade, presidente do comitê de mídia da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) e head de marketing em media, digital & PR da LG. O Cenp acerta ao disponibilizar ao mercado um indicador, “uma vez que não temos um sistema de informação de investimentos que seja regular e representativo de todo o mercado”. Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista:
Meio & Mensagem — Qual é sua avaliação geral do Cenp-Meios até agora?
Marco Frade — É uma ferramenta a mais no mercado para balizar os investimentos de mídia. É importante para o mercado, uma vez que não temos um sistema de informação de investimentos que seja regular e representativo de todo o mercado. Com as informações do Cenp-Meios temos uma régua do mercado, com números mais efetivos do que coletas por análise de peças e volume veiculado. As informações financeiras conseguem espelhar uma tendência de investimentos por meio de mídia e estabelece uma bússola relevante para que os anunciantes, veículos e agências possam fazer estimativas e definições estratégicas para a área de publicidade.
Quais são os principais acertos e erros do indicador?
O principal acerto é justamente trabalhar do ponto de vista de auditoria de investimentos a partir dos dados coletados de forma global por meios de mídia junto às agências de publicidade associadas ao Cenp. No decorrer do projeto foi corrigido o ponto de segurança da informação coletada, que ainda é auditada por empresa independente contratada e garante transparência de dados agrupados por meio de mídia e não expõe as estratégias de anunciantes e veículos individualmente.
Os anunciantes entendem que toda forma de metrificar o mercado de publicidade é bem-vinda, principalmente quando parte de uma instituição tripartite e com representatividade de agências, veículos e anunciantes, como o Cenp
O erro persiste na coleta de investimentos em digital. O mercado publicitário sabe que parte do investimento em Digital não passa pelas agências de publicidade participantes da coleta do Cenp-Meios. Dois dos grandes players globais de digital, por exemplo, tem grande parte do investimento em mídia por sistemas diretos, bem como as plataformas de compra automática. Essa discrepância desequilibra o share dos meios e faz-se necessário realizar contas de uplift de digital que são assumptions de cada empresa que calcula posteriormente sobre os dados do Cenp-Meios.
Como os anunciantes, representados na ABA, observam a criação do índice?
Com bons olhos, até porque a ABA validou a metodologia junto ao Cenp previamente através do seu Comitê de Mídia. Os anunciantes entendem que toda forma de metrificar o mercado de publicidade é bem-vinda, principalmente quando parte de uma instituição tripartite e com representatividade de agências, veículos e anunciantes, como o Cenp. Afora o problema de inclusão de dados de digital, que é sintomático não só no Brasil, os demais dados nos fornecem informações valiosas para projetarmos o budget setting e fazermos boas análises de ROI.
Qual é a expectativa da ABA para a evolução do Cenp-Meios?
A expectativa é aumentar constantemente a amostra de coleta, o que torna os números cada vez mais rígidos e com menor margem de erro, além da discussão profunda sobre como contornar a conta de share de meios considerando a distorção em digital.
Compartilhe
Veja também
As estratégias do iFood para gerar conexão emocional com usuários
Ana Gabriela Lopes, CMO da empresa, fala sobre os pontos de maior atenção da marca com foco em conquistar os consumidores do serviço
Paula Puppi: “Transformação evita a destruição de valor”
Chief transformation officer da WPP no Brasil, executiva encara processos de integração nas holdings de agências como resposta a complexidade do mercado e defende modularidade