Assinar
Publicidade
Evento ProXXIma

A nova hora e vez das startups

Bruno Stefani, professor e conselheiro de inovação, e Wana Schulze, da Wayra Brasil e Vivo Ventures, desvendam o futuro das startups no Brasil pós retração


6 de junho de 2024 - 6h44

Houve uma época de ouro para as startups. O Relatório 2021 Wrapped Brazilian Startups mostrou que, naquele ano, houve um aumento de 200% em aportes em startups brasileiras. Além disso, dez tornaram-se unicórnios, entre elas nomes como MadeiraMadeira, Hotmart e Daki.

startups

(Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

Os dois anos seguintes foram de retração, com menos investimentos e demissões. Mas 2024 promete uma virada, ainda que cautelosa, conforme apontaram Bruno Stefani, professor e conselheiro de inovação, e Wana Schulze, head of investment & portfolio Wayra Brasil e Vivo Ventures.

Vivemos momentos de queda no geral no mercado, com taxas de juros altas – o que faz com que os investidores procurem a renda fixa em alternativa ao risco. De acordo com Wana, houve menos rodadas de investimento em 2023, mas ela vê uma retomada neste ano, sobretudo no cenário brasileiro. “O cuidado que mudou no investimento é que todos os fundos agora perguntam como as startups estão gerenciando o caixa. Antigamente, era só uma ideia interessante que atraia capital, e vimos muitos negócios com problemas de liquidez”, explicou.

No geral, a Vivo Ventures busca investir em startups que, claro, tragam retorno financeiro, mas que possam acelerar de alguma forma. O aporte é feito tanto a startups – principalmente em fintechs, heathtechs e HRtechs – que forneçam tecnologia para o desenvolvimento de soluções internas, quanto para a distribuição B2B e B2C.

Porém, existem desafios. Para Stefani, a grande dificuldade das empresas é escalar a inovação para toda a companhia. “Não fazemos inovação porque é legal ou porque dá reputação, mas porque é uma questão de sobrevivência”, afirmou. O consultor aconselhou a realização de testes com diversas startups, uma vez que grandes grandes não são de um único setor, mas fazem parte de um ecossistema de negócios. “Não é um erro falhar com um projeto, é um teste. É olhar para o portfólio e ver o quanto dá dinheiro para a companhia”, disse.

Startups: um negócio de risco

O tema do momento, a inteligência artificial, está sendo liderada pelas grandes corporações, mas tiveram primórdios vindos de startups. O próprio ChatGPT, por exemplo, surgiu da OpenAI. Com a magnitude da tecnologia, qual o status das startups early stage? Os painelistas declararam que há um preconceito com as iniciantes por parte do mercado.

Na visão de Wana, ainda é difícil encontrar startups do tipo que tragam tecnologias novas e que, na América Latina há uma crença de que, no segmento, existam apenas as tech enablers. Dado o fato, na Wayra Brasil e Vivo Ventures, estão encarando a IA em setores mais regulamentados pois veem mais oportunidade. “Venture capital é um mercado de risco, e já é previsto que algumas startups irão morrer”, lembrou a head of investment & portfolio.

“As empresas grandes e médias foram dimensionadas para fazer muito bem feito o que sempre fizeram, e têm dificuldades de fazer pequenas apostas e deixá-las florescer”, comentou Stefani. Daí, salientou o papel de conselheiros e boards de não matarem a semente, dado que podem gerar valor para o negócio no longo prazo. Para ele, a vantagem de pequenas apostas é o baixo custo do erro.

Visão de longo prazo

Nos últimos anos, o mercado assistiu muitos modelos de negócios digitais surgirem, como aplicativos e soluções de commerce. Porém com a IA e seus avanços, vemos agora soluções para problemas realmente complexos que ficaram para trás, em segmentos muito tradicionais da economia, como energia, educação e infraestrutura.

É o que defendeu o professor, que reforçou que tais estão tendo a possibilidade de solução para problemas científicos. Mais vontade do que previsão de futuro, pontuou, é que a indústria presencie a ascensão de startups de hard science e deep tech, como blockchain e computação quântica, em um movimento em que pesquisadores virem empreendedores a partir de oportunidades de negócios.

Para que o futuro, de fato, aconteça, os especialistas aconselharam que as empresas fiquem próximas das startups, dando acesso e buscando parceiros de negócios para crescer junto, em vez de dar espaço para possam se tornar potenciais concorrentes. “Todas as grandes empresas e tradicionais estão fazendo isso. Não tem como inovar de forma rápida do jeito que a tecnologia está evoluindo se não derem as mãos e fizerem parcerias”, finalizou Wana.

Publicidade

Compartilhe