O potencial de consumo das favelas
Redes sociais, aplicativos de bancos, lojas, streamings, delivery e jogos são os mais acessados entre os moradores das favelas
Redes sociais, aplicativos de bancos, lojas, streamings, delivery e jogos são os mais acessados entre os moradores das favelas
Caio Fulgêncio
31 de maio de 2023 - 15h08
As favelas brasileiras contabilizam cerca de 16 milhões de moradores. Sendo assim, quando o assunto é consumo, esses locais representam, portanto, um indiscutível campo de oportunidades para as marcas. Nesta quarta-feira, 31, Emilia Rabelo, fundadora do Novo Outdoor Social (NÓS), e Daniela Benoit, CEO do coletivo Manas, apresentaram ao mercado, no palco do ProXXIma, dados sobre as características desses consumidores.
Segundo as especialistas, diferente de um possível imaginário social, as favelas representam uma “grande classe C”, formadas na atualidade especialmente por pessoas pretas, economicamente ativas e das gerações Z e Y. Essa população – extremamente conectada por meio de smartphones – utiliza, sobretudo, aplicativos de redes sociais, bancos, compras/lojas, streaming de filme e música, delivery e jogos.
Emília destacou que 79% dos participantes da pesquisa afirmaram fazer as transações bancárias pelo celular, uma característica importante no recorte. “Estamos assistindo de uns tempos para cá a digitalização da favela e são as gerações mais novas que estão puxando essa transformação digital”, analisou.
Entre as diversas redes sociais, o Instagram é o de maior relevância, perdendo apenas para o WhatsApp. Segundo as painelistas, os segmentos de beleza e moda têm grande relevância nesse contexto. A informação é comprovada na pesquisa, uma vez que, para aqueles de 17 e 24 anos, as redes sociais têm 35% de importância na escolha de itens de moda, contra 17% das vitrines de lojas.
“As redes e seus influenciadores são os mais importantes para a busca de informação, sendo as revendedoras as protagonistas. Quatro a cada dez moradores de favela compram cosméticos na própria comunidade e isso mostra a importância da revenda online”, falou Daniela.
Além dos segmentos como moda, que conta com a presença relevante de marcas como Shopee, Mercado Livre e Shein, os aplicativos de delivery (Ifood) e os streamings de vídeo (Netflix) e música (Spotify) possuem grande adesão nas favelas. Já no âmbito de educação, o YouTube lidera o uso para fins educativos, com 48% da preferência, desbancando plataformas como Google Meet e Zoom.
A área de games também é destaque nas comunidades brasileiras, com um percentual de uso que chega a 85%. Os jogos de ação, como Free Fire e Call of Duty, são os de maior aderência, com 44%. Em seguida, de acordo com os dados apresentados, os de esportes são os preferidos pelos jogadores, com 24%, sendo Fifa uma das preferências.
Diante dos dados, a fundadora do NÓS reiterou que as favelas são territórios ainda pouco investidos por parte das marcas. “Precisamos fazer parcerias com os empreendedores de favela, porque há uma cena de empreendedorismo latente. Então, a união entre marcas e empreendedores locais gera mais capilaridade ao produto e serve mais pessoas que também querem consumir. É um jogo de ganha-ganha”, disse.
“Sinto que as marcas ainda não olham da forma que deveriam para as comunidades. Sinto que precisamos entender mais e, assim, planejar para uma parcela da comunidade que ainda é invisibilizada, mas que tem um poder aquisitivo de dois salários-mínimos em média. Então, é preciso entender o que essas pessoas querem e como consomem”, completou a CEO do Coletivo Manas.
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