Raphael Vicente e a a receita da publi perfeita

Carolina Huertas
6 de junho de 2024 - 11h49

Raphael Vicente capta a atenção do público nas redes sociais com vídeos recheados de boas histórias e humor, junto de sua família. Além dos usuários, ele conquistou também as marcas, o influenciador ocupa o 3º lugar no ranking dos influenciadores mais admirados por agências e anunciantes no Brasil, do Influence Marketing Scope.

No palco do ProXXIma 2024, Rapha contou os bastidores de suas criações, seus aprendizados como creator e a relação com o mercado publicitário e a creator economy.

Rapha Vicente conta que suas ideias surgem do próprio convívio com a sua família. “Minha fonte de inspiração é a minha família, se eu me sentar com eles para jantar, consigo escrever 50 roteiros. Só de viver com eles já me encho de ideias”, diz. Ele revela que não existe um grande planejamento para transformar as ideias em roteiro, mas afirma que para reter a atenção do público se preocupa sempre em trazer 3 elementos: referencias do mundo pop, aplicar ideias dentro da sua vivência e um plot twist no final.

“Eu quero que seja um conteúdo que as pessoas vão assistir e vão querer ver de novo para se atentar a coisas que elas não viram”, conta.

Queridinho das marcas

Garnier, Cheetos, Uber, Amazon, Disney+, Sorriso e TIM são algumas das marcas que que trabalharam com o creator só esse ano. Rapha conta que fazer publicidade para grandes anunciantes sempre foi um de seus sonhos, pois cria vídeos para internet desde os seus 14 anos, porém, só fez a primeira publicidade aos 21. “É algo que eu valorizo muito quando vou fazer. Eu sempre penso ‘Se eu já entrego bem em um conteúdo que eu não estou sendo pago, para um que eu estou preciso entregar mais ainda”, afirma.

Ele conta também que possui dificuldade de prender sua atenção em muitas das publicidades que vê na internet e isso, para ele, já é uma forma de estudar sobre o que não fazer.

“Muitas pessoas me falam que as minhas publicidades são algumas das únicas que elas assistem até o final. E isso, para mim, é tudo. Eu quero que as pessoas assistam as minhas publi como se fosse um vídeo meu do dia a dia, porque sabemos o quanto uma publicidade pode ser chata e as pessoas só passam o feed e não assistem”, conta.

O creator diz que muitas das marcas que ele está trabalhando no momento, são empresas com quem já trabalhou no passado e que isso, para ele, é um sinal de que a entrega é boa. É dá a dica para os que desejam o mesmo: ser original e ter sua própria identidade visual no conteúdo.

Desafios das redes sociais

Com a oportunidade que as redes trazem para as pessoas, diversos influenciadores novos surgem a todo instante. Para Rapha, a questão está atrelada a uma das grandes dificuldades do momento que é se manter relevante em meio a tantos criadores e um mercado que só cresce.

Além disso, ele aponta que, às vezes, se encaixar nas coisas que as marcas pedem é outra dificuldade, pois é preciso entender que existe um tempo de criação, que não necessariamente vai ser tão rápida quanto a urgência que algumas empresas querem na entrega do conteúdo.

“Nós precisamos de tempo, não somos uma agência ou uma produtora. No meu caso, pelo menos, tenho uma equipe que me ajuda com coisas como jurídico, contabilidade etc. Mas os roteiros, a criação, a edição, sou eu quem faz tudo. E percebo que cada vez mais as marcas estão diminuindo esse tempo do criador. Até sai alguma coisa, mas não algo tão boa quanto seria se tivéssemos um pouco mais de tempo”, desabafa.

Quebra de estereótipos

Rapha é morador da favela da Maré, no Rio de Janeiro, e por retratar sua vivência nos vídeos, acaba sendo uma voz e referência positiva a comunidade, quebrando estereótipos e dando luz ao talento do local. E afirma que tudo que fazer para trazer essa imagem positiva que a mídia não mostra, fará. Ele conta que tem até recebidos comentários em seus conteúdos de pessoas dizendo que querem conhecer a Maré quando foram aos Rio, por conta do que veem através dele.

“Um dos meus sonhos é que o lugar de onde eu sou, seja visto com os olhos reais. Porque é óbvio que aqui também tem coisas ruins e violências, como em qualquer outro lugar, mas as pessoas ficam com essa imagem de que aqui só tem coisas ruins”, explica Rahapel.

No final de 2023, o creator foi personagem de uma reportagem no jornal britânico The Guardian, onde o veículo ressaltou seu impacto para o local e a percepção das pessoas que moram na favela. “Esse Raphael que as pessoas amam, foi criado aqui na Maré por 23 anos e que adquiriu os conhecimentos para criar, roteirizar, editar vídeo e criar conteúdo, aqui na Maré. Tudo que eu faço é consequência da minha criação aqui dentro, das minhas influências’ daqui’, disserta.