Artistas expõem desafios na relação com marcas
Respeito, valores e verdade são tópicos delicados na conexão entre os profissionais e os anunciantes
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Thaís Monteiro
28 de março de 2019 - 16h12
“Marcas precisam se conectar com a realidade ao invés de criar realidades paralelas”, disse Felipe Savone, gerente de marketing da Adidas. O executivo respondia, assim, à pergunta se “Marcas e arte combinam?”, de Joyce Mescolotte, diretora de planejamento da Heads, no painel “Arte Como Detox”, da conferência do Grupo de Planejamento, que ocorreu em São Paulo, nesta semana.
A conversa se propôs discutir como as marcas podem trabalhar com artistas da melhor forma. Para isso, foram convidados Nicole Balestro e Don Cesão, sócios do selo musical independente Ceia, e Felipe Yung (Flip), artista visual e curador de arte. Os artistas do selo e Flip colaboram em campanhas da Adidas, marca com a qual dizem ter conexões pessoais e de valores compartilhados.
De acordo com Flip, ainda assim é um desafio marcas maiores reconhecerem o valor do artista e cocriarem com o mesmo. “É difícil a solidez de trabalhar com uma marca que respeita. Normalmente, as marcas fazem leilão entre artistas. Vê qual ela acha que tem mais a ver com a marca mas, se for caro, opta pela segunda opinião mais barata”, disse.
Veja abaixo colaboração de Flip com a Adidas:
Na Adidas, Felipe conta que há uma cultura e valor interno na empresa que propicia que as duas partes se conectem. “Temos que ser open source e entender que existem mentes criativas em diversos lugares. Ser aberto significa que, ao invés de achar que eu, como marca, tenho que comunicar, dar a voz a outras pessoas que podem se comunicar melhor com o consumidor, do jeito dele”, afirmou.
Ainda de acordo com o executivo, faz parte do papel da marca viabilizar a arte e, quem sabe, ser um dos players do universo artístico. Ao mesmo tempo, os artistas sabem que têm a missão de comunicar o valor da empresa e vender o produto. “Mas tem que ser uma relação verdadeira, porque senão fica falso e ninguém está comprando isso mais”, opinou Flip. “A Anitta, por exemplo, faz todo esse sucesso porque se veste e age como quem está na plateia se veste e age. Eles se identificam. Cada vez mais essa coisa meio Beyoncé está caindo porque o consumidor está buscando algo real”, complementou Nicole. Para Dom Cesão, a conexão com Adidas parte disso: “Não conheço e gosto da Adidas porque é a marca que patrocina o Messi, mas sim por estar ligada ao rap, que é um lance da minha história”.O debate abriu espaço para questionar o uso de influenciadores ao invés de artistas. Para Nicole, o artista ou o micro influenciador podem comunicar mais verdade e gerar conversão do que um grande influenciador. Embora trabalhe com criadores de conteúdo, o executivo da Adidas Brasil colocou que os profissionais da comunicação criticam o padronização da compra de mídia tradicional, mas isso está se repetindo na relação com influenciadores — “a ideia e desafio é criar relações mais profundas”.
**Crédito da imagem no topo: Russn Fckr/Unsplash
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