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Comunicação

Washington Olivetto prepara programa semanal para o YouTube

Estreia está prevista para outubro ou novembro na grade de programação do MyNews, canal de notícias capitaneado pela jornalista Mara Luquet e Antonio Tabet, um dos criadores do Porta dos Fundos


21 de agosto de 2019 - 9h54

Programa terá vinheta criada por Jarbas Agnelli

Uma revista audiovisual semanal no YouTube. Essa é a próxima empreitada de Washington Olivetto, que repete, a cada interlocutor a quem conta com entusiasmo o projeto: “Vou ser um dos poucos youtubers seniors do mundo”. A estreia está prevista para outubro ou novembro na grade de programação do MyNews, o canal de notícias capitaneado pela jornalista Mara Luquet e Antonio Tabet, um dos criadores do Porta dos Fundos. Lançado no ano passado, o canal foi um dos selecionados para receber incentivo financeiro e logístico do Google News Initiative, fundo de inovação em jornalismo do YouTube.

O programa se chamará Alô, Alô, W/Londres e será uma produção da primeira franquia internacional do MyNews, em Londres, onde a operação tem como sócios Aldo de Luca e Luciana Gurgel, ex- acionistas da agência de relações públicas brasileira S2Publicom, comprada pelo grupo Interpublic em 2011 e absorvida pela rede global Weber Shandwick.

O convite para que Olivetto se juntasse ao time de produtores de conteúdo surgiu, em maio, quando o publicitário foi entrevistado para o canal por Mara Luquet e Luciana Gurgel, nos estúdios do YouTube Space, em Londres. Olivetto curtiu a ideia e estruturou o programa que terá cerca de 45 minutos por edição e “todos os desdobramentos típicos do YouTube, como melhores momentos, versão mais curta, replay”, ressalta Olivetto, que diz estar “estudando essa linguagem loucamente”.

Além disso, recorreu a profissionais brasileiros com os quais trabalhou para auxiliá-lo. Jarbas Agnelli, ex-W/ Brasil e fundador da produtora AD Studio, desenhou a marca do programa e sua vinheta de abertura, que usa recortes da música W/Brasil, de Jorge Ben Jor. Já Paulo Gregoraci, que se desligou oficialmente em julho da WMcCann, está auxiliando na comercialização de patrocínio — o que, para Olivetto, é um ponto de honra. “O programa só entra no ar quando tiver os patrocínios vendidos, porque, eu, como publicitário, não vejo cabimento em não defender a minha atividade”, frisa.

Sobre o conteúdo, adianta o caminho que pretende seguir: “O programa é o que foi a minha vida. Eu sempre fiz publicidade e marketing me realimentando das outras coisas. Então, o programa tem publicidade e marketing, mas, principalmente, o que realimenta isso. Como se chegou nessa música? Como se chegou nesse filme?” Disposto a mostrar que está de fato dedicado ao projeto, ele emenda com um exemplo de roteiro que pretende seguir: “Quando mostrar o melhor comercial feito em Londres no ano passado, que é o filme do Elton John para John Lewis (da Adam&EveDDB), vou bater um papo com a dupla de criação. Depois vou comentar que o Elton John é o maior colecionador de fotos do mundo (o acervo particular do cantor tem oito mil fotografias) e mostrar a exposição dele (The Radical Eye: Modernist Photography) realizada no Tate Modern há três anos. Depois vou falar do filme sobre ele (Rocketman) e exibir alguns trechos. E vou falar também da excursão de despedida dele, que terá seu último show em Londres em dezembro do ano que vem, já comentando valores de ingressos cobrados por cambistas”.

Olivetto também imagina alternativas de inserção comercial. “Haverá uma novidade que é divertida: cada patrocinador terá direito a um merchandising sincero. Jamais falarei mal de um produto, mas vou botar verdade na história. Se for, por exemplo, um cosmético, vou falar que não uso e que não gosto de mulher com excesso de maquiagem. Mas vou dizer que é um bom produto para quem souber usar.” O programa será gravado no YouTube Space, em Londres, e contará com captação de imagens externas.

Antes de estrear como youtuber, Olivetto está lançando neste mês o livro Edição Extraordinária – Direto de Washington (preços sugeridos de R$ 59,90 e R$ 39,99 no formato e-book) pelo selo Estação Brasil, da editora Sextante. Trata-se de uma continuação de sua autobiografia (Direto de Washington) publicada no ano passado. “Eles insistiram comigo para fazer já porque aí cola no sucesso do livro de 2018 e eu tinha motivos para fazer o novo livro, pois sobraram muitas histórias que não entraram no primeiro, especialmente do ponto de vista pessoal, coisas da minha infância e adolescência.”

Por outro lado, o autor ressalva que também há muito conteúdo sobre publicidade e campanhas que ele gostaria de ter feito. “Conto coisas que nunca tinha contado sobre os ‘DPZs’ e também falo de comerciais que deixei de aprovar porque sabia que ia dar problemas para o cliente.” Das 336 páginas, 80 são ocupadas por um caderno de fotos, que não havia no livro do ano passado e leva o título de Washington Posts — que, segundo Olivetto, é o nome sugerido pela cantora Paula Toller para o canal que o publicitário não quis ter no Instagram (“Não tenho Instagram porque acho isso evasão de privacidade”). Outra amiga que colabora é a atriz e escritora Maria Ribeiro, que escreveu a orelha do livro. Além disso, o autor recorreu à direção de arte de Guime Davidson, seu parceiro nos anos de W/McCann e atualmente na vice-presidência de criação da Isobar.

Outro atrativo é um trecho em que Olivetto reproduz frases de Bill Bernbach, um dos fundadores da DDB, em 1949. “São pensamentos que nunca estiveram mais atuais e necessários. O Bill Bernbach foi uma grande referência para todos os publicitários do mundo, para os que tiveram o prazer de trabalhar com ele ou em empresas das quais ele foi fundador. Eu não tive esse privilégio, mas sempre sofri as influências dele, como a geração anterior à minha sofreu.”

Olivetto mora em Londres desde 2017, onde atua como consultor da McCann. Passando pelo Brasil na semana passada, estava impactado pela notícia, da semana anterior, do desligamento de Fabio Fernandes da F/Nazca S&S. “Fiquei chocado quando soube da notícia, e acho sinceramente que nenhuma agência de publicidade do planeta pode prescindir do talento do Fabio Fernandes”, lamenta, emendando sua análise sobre a publicidade atual: “Em muitos casos, o mercado está vivendo um momento constrangedor. Claro que não é em 100% dos casos. Mas não adianta querer transformar em ciência exata aquilo que sempre foi, é e será uma ciência humana. Em vez de aproveitar o privilégio de ter tanta tecnologia, o que é maravilhoso, estão usando isso de maneira errônea, muitas vezes”.

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