Agências e Ministério Público do Trabalho formalizam pacto pela inclusão
Documento por mais jovens negros e negras no mercado foi oficializado em solenidade durante o festival do Clube de Criação
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Renato Rogenski
23 de setembro de 2019 - 17h49
Na tarde desta segunda-feira, 23, durante o Festival do Clube de Criação, em São Paulo, o Ministério Público do Trabalho, juntamente com líderes de algumas das maiores agências do Brasil, formalizaram o pacto para a maior inclusão de profissionais negros e negras no mercado publicitário. O documento foi assinado por Africa, Artplan, DPZ&T, F/Nazca, FCB, Wunderman Thompson, Leo Burnett Tailor Made, Mutato, Ogilvy, Publicis, SunsetDDB, Talent Marcel, Tribal, WMcCann e Y&R.
O movimento iniciado na publicidade, que recebeu o nome de Conexão Negra, está ligado a um projeto do Ministério Público do Trabalho que vai contemplar diversos outros segmentos. A meta para as empresas que aderiram ao pacto é ter 30% das contratações de jovens em nível de estágio, analistas e assistentes e 20% das contratações de média e alta gerência compostas por negras e negros.
Desde o primeiro semestre de 2019, o Ministério Público do Trabalho tem convocado os profissionais dos departamentos de RH e diversidade das agências para reuniões mensais em sua sede, em São Paulo, para debater o assunto. Mais recentemente, as principais lideranças das empresas foram chamadas para ajudar na construção e consolidação do pacto. O documento também foi assinado pela Associação Brasileira de Agência de Publicidade (Abap) e a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro). A ideia é criar mecanismos para garantir que as agências, CEOs e RHs levem para dentro de casa a questão da inclusão étnico-racial.
Em um processo conduzido por Valdirene Silva de Assis, coordenadora nacional de promoção da igualdade e eliminação da discriminação no trabalho do MPT, as agências que assinaram o pacto serão acompanhadas por dois anos. No documento, além das metas, também estão previstos pontos como a elaboração periódica de censo de empregados com recorte de raça/cor e gênero e com indicadores de gerência e diretorias, além da divulgação do organograma da agência para todos os colaboradores, com informações de raça/cor e gênero nos cargos.
“A publicidade precisa dessa representação, mas também é um segmento muito estratégico. Quando o setor adere ao pacto, a mensagem é de que a inclusão é possível, um ideal que pode se materializar. Optamos pelo caminho da construção e do diálogo, sem a necessidade de uma coerção. O projeto é jovem, mas as contratações já começaram a acontecer. Não temos aqui apenas um documento, mas uma movimentação verdadeira para a inclusão”, afirmou Valdirene, durante a solenidade.
“Mudar a vida de um jovem negro é também mudar a história de toda a indústria. Companhias inclusivas e diversas são 11 vezes mais inovadoras e têm funcionários 6 vezes mais criativos, segundo um estudo da Accenture. O futuro brilhante passa pela empregabilidade do que somos como País. E passa por abordagens criativas onde possamos ser sujeitos também e não apenas objetos de estudo”, complementou Raphaella Martins, content business solution executive da Globo. Quando ainda estava na Wunderman Thompson, em 2017, a profissional ajudou a construir dentro da agência o projeto de diversidade racial 20/20, ao lado da diretora de comunicação e marketing Andrea Assef e de Ricardo John, agora CEO e CCO da FCB Brasil.
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