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Comunicação

Publicidade brasileira, um retrato da falta de diversidade

Estudo do Gemaa, da UERJ, mostra que anúncios veiculados na Veja entre 1987 e 2017 reforçam sexismo e racismo


18 de fevereiro de 2020 - 6h00

Estudo analisou anúncios publicados entre 1977 e 2017 (Crédito: Pixabay)

Em um país diverso como o Brasil, a publicidade ainda não acompanha a realidade da sua população. Quem comprova é o estudo “Diversidade racial e de gênero na publicidade brasileira nas últimas três décadas (1987/ 2017)” promovido pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Os pesquisadores avaliaram anúncios em 370 edições da revista Veja veiculados entre 1987 e 2017. No total, mais de 13 mil figuras humanas foram analisadas de acordo com gênero, raça, idade, ocupação etc. O que os resultados mostraram é que, segundo percebido pelos pesquisadores, a publicidade brasileira reforça o sexismo e o racismo.

Isso porque, ao analisar as peças sob os critérios de raça e gênero, os pesquisadores constataram que pessoas brancas costumam representar cerca de 80% das figuras humanas que aparecem nos anúncios publicitários. Neles,  46% dos retratados eram homens brancos; 37% mulheres brancas; 8% homens pretos ou pardos, e 4% mulheres pretas ou pardas.

Analisando apenas o gênero, a proporção de mulheres na publicidade nacional é crescente, fixando-se acima de 40% somente nos últimos dez anos. Enquanto em 1987, 36% das figuras humanas nos anúncios eram mulheres, em 2017 este número chegou à 43%.  Mas, apesar deste crescimento,  as mulheres ainda aparecem mais em anúncios de determinados tipos de produtos que reforçam algumas distinções de gênero. As mulheres brancas são a grande maioria em anúncios de joias (82%), enquanto os homens brancos predominam nos de automóveis (56%).

Nas diversas categorias, os brancos predominam em todos os tipos de produtos anunciados, mas são menos presentes em anúncios governamentais. Vale citar que a grande maioria dos anúncios analisados são de empresas privadas, com um pequeno número de peças de empresas estatais ou de órgãos da sociedade civil. Os homens brancos são maioria nos dois setores, apesar das instituições públicas contratarem quase três vezes mais pessoas negras que as empresas privadas.

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