Agências se unem para criar Observatório da Diversidade
Após fazer pressão contra PL 504, agências criam entidade setorial para pretende acelerar inclusão da comunidade LGBTQIAP+ na publicidade
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Taís Farias
28 de junho de 2021 - 6h00
Há pouco mais de dois meses, um grupo de agências, anunciantes e plataformas se unia para assegurar a representatividade de pessoas LGBTQIAP+ na comunicação e publicidade. O motivo de tal movimento foi a tramitação do Projeto de Lei 504, de autoria da deputada Marta Costa, do PSD. No texto, a autora alegava que “o uso indiscriminado deste tipo de divulgação traria real desconforto emocional a inúmeras famílias”. De acordo com a parlamentar, a lei seria necessária para evitar a “inadequada influência” da publicidade na formação de jovens e crianças.
Com a pressão por parte do mercado de comunicação, sociedade civil e de parlamentares, o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidiu, em 28 de abril, que o projeto retrocedesse e voltasse às comissões onde já havia sido aprovado anteriormente. Apesar dessa vitória parcial contra a PL e a favor da diversidade na publicidade, o movimento desvelou a necessidade de um posicionamento estruturado por parte do mercado publicitário em prol do avanço da pauta.
Agora, essa demanda toma forma com a criação do Observatório da Diversidade, entidade setorial que visa unir o mercado na construção de metas e programas educativos com a missão de acelerar a inclusão da comunidade LGBTQIAP+ na publicidade nacional. Nessa segunda-feira, 28, data em que é comemorado o Dia do Orgulho LGBTQIAP+, o instituto apresenta suas agências fundadoras, que terão cadeira fixa no conselho do Observatório. São elas AKQA, CuboCC, Dentsu International Brasil, Gana, Grey, MOOC, Mutato, New Vegas, Publicis e Soko.
À frente do Observatório da Diversidade está Ariel Nobre, artista, comunicador e ativista da causa. Ele foi o idealizador do Projeto Preciso Dizer que Te Amo, campanha de valorização da vida de homens trans, e fundador do Trans Mercado, programa educacional de desenvolvimento profissional para transgêneros. “Começou com uma percepção de um incômodo coletivo”, conta o profissional sobre a criação do projeto. Para o ativista, a instituição nasce com o objetivo de somar esforços. “Entender que essa conversa precisa ser mais pública, tem que ser do mercado e não de uma agência ou de outra”, afirma Ariel.
Nas próximas semanas, as empresas fundadoras se reúnem para validar o plano de ação e, ao longo dos primeiros três meses, devem aprovar um plano de metas. Já na sua criação, o órgão apresenta três objetivos principais: incentivar a cultura e empregabilidade LGBTQIAP+ nas agências; criar um banco de dados sobre a comunidade na indústria da comunicação; e premiar as agências com melhores práticas e resultados em diversidade. Para isso, o trabalho contará com o apoio de uma consultoria especializada no tema para a definição de metas e compromissos.
Além das agências fundadoras, o Observatório da Diversidade conta com o suporte de outras agências e entidades patrocinadoras e apoiadoras. Dentre as patrocinadoras estão CP+B Brasil, IPG Mediabrands Brasil e Suno United Creators; e dentre as apoiadoras estão as agências AlmapBBDO, Africa, Artplan, B&Partners, Brunch, MediaMonks + Circus, DPZ&T, FBiz, FCB Brasil, Gut, Ogilvy, SunsetDDB, Wieden+Kennedy, VMLY&R e WMcCann. também já aderiram. O órgão tem, ainda, o apoio institucional da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) e das consultorias Mais Diversidade e Indique uma Preta. Todas as agências que aderirem ao movimento receberão o selo de “Empresa Aliada” e terão dois anos para apresentar seus resultados.
Segundo o cronograma inicial do instituto, em dezembro deste ano, serão divulgadas as metas definidas pelas agências signatárias. No mesmo mês, o órgão premiará a melhor campanha de Pride desenvolvida pelas agências. Já em junho de 2023, será feita a certificação e premiação das agências em relação às metas. “A ideia do observatório é mais inclusiva para as agências”, explica Ariel. “Não queremos criar uma coisa punitivista”, conta o comunicador, que se inspirou em órgãos como o Observatório do Clima, rede de 37 entidades da sociedade civil brasileira formada com o objetivo de discutir as mudanças climáticas.
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