Modelo híbrido desafia agências a acomodar interesses da equipe
Empresas ressignificam papel das sedes físicas ao mesmo tempo que estudam como levar adiante o modelo híbrido
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Isabella Lessa
22 de setembro de 2021 - 17h48
Durante muito tempo, as sedes foram parte intrínseca da identidade das agências. Um cartão de visitas por meio do qual o cliente podia vislumbrar e sentir um pouco da cultura e potencial criativo dos parceiros publicitários. Há indícios de que este símbolo físico deverá voltar, mas não como eram antes (se é que algo volta a ser tal qual era nos tempos pré-pandêmicos).
Boa parte das agências ouvidas pela reportagem de Meio & Mensagem para a matéria publicada na edição semanal com data de 20 de setembro, veem no modelo híbrido a solução mais viável e condizente com um cenário de poucas certezas. Outras, como a Live, optaram pelo desapego total do escritório para abraçar de vez o modelo 100%.
No caso de empresas que fazem parte de holdings globais, como a R/GA, parte do Interpublic (IPG), os aprendizados com as operações internacionais são considerados e até entram no planejamento local. Fabiano Coura, presidente da R/GA São Paulo, afirma que o escritório está integrando estratégias de 18 escritórios que estão vivendo momentos completamente distintos. “É como se estivéssemos lidando com 18 diferentes epidemias na R/GA. Nosso maior interesse, neste momento, é compreender os desejos dos nossos talentos. Então estamos complementando as observações práticas com pesquisas frequentes sobre o nível de engajamento, produtividade, dificuldades enfrentadas, tanto no lado pessoal quanto no profissional”, afirma.
Um dos maiores desafios das agências daqui em diante será o de acomodar os interesses e agendas da equipe: enquanto alguns se afeiçoaram ao home office e preferem evitar o deslocamento até a empresa, outros querem, até por necessidade, trabalhar no escritório. “É preciso reconhecer que as pessoas desejam maior flexibilidade e vão buscar isso ainda que precisem encontrar um outro emprego”, afirma Coura. De acordo com as lideranças das agências ouvidas pela reportagem, a flexibilidade tem sido benéfica para os times e deve continuar. As contratações ao longo da pandemia também possibilitaram um aumento da diversidade geográfica, caso da própria R/GA, da AKQA e da Live. Esse movimento mostra que a contratação à distância funciona mas, ao mesmo tempo, os gestores precisam saber conduzir a manutenção destes talentos remotamente, o que pode não ser tão simples.
Com um projeto que inclui café com livraria e bar ao ar livre, a sede da Galeria quer se posicionar como um lugar para onde as pessoas elegem ir, em vez de se sentirem obrigadas a estarem ali. “Nosso espaço privilegia pessoas, a fim de que exerçam suas potências de maneira criativa, empática, humana e verdadeiramente comunitária”, afirma Eduardo Simon, CEO da agência.
Ainda em caráter experimental, como empresas de diversos segmentos, as agências ainda estão monitorando e avaliando todos os aspectos do modelo híbrido e do retorno ao presencial. Diante disso, ainda resta saber se os espaços de negócios, que antes definiam muitos aspectos da cultura do mercado e da maneira de colaborar, passarão a ser encarados como mais uma das ferramentas disponíveis para impulsionar a criatividade. “Nosso produto criativo tem que melhorar junto com a maneira como ampliamos a autonomia de nossos times e melhoramos a forma como interagem e trabalham juntos, independentemente de onde estejam. Tenho absoluta certeza que o retorno vai ser tão radical quanto foi o nosso primeiro lockdown, mas que o modelo antigo não vai funcionar para nossa ambição de criar um futuro mais humano para nossos talentos e clientes”, avalia Coura.
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