Alta de Covid faz agências revisarem modelos de trabalho
Nova onda de casos leva operações a voltarem ao home office integral ou criarem mais regras de prevenção para o esquema híbrido
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Bárbara Sacchitiello
6 de janeiro de 2022 - 6h01
Atualizada às 17h21
O retorno pleno às atividades presenciais, tão aguardado após quase dois anos de restrições impostas pela pandemia de Covid-19, parece ainda distante neste início de 2022. A alta das infecções causadas pela variante ômicron voltou a acender o alerta do planeta em dezembro, com países da Europa e os Estados Unidos registrando alta nos índices diários de infectados.
No Brasil, esses primeiros dias do ano mostraram de forma clara que a ameaça ainda está longe de ficar no passado. Dados de municípios e dos estados apontam que muitas pessoas foram infectadas com a Covid-19 e também com a nova cepa H3N2 da influenza, que causa síndrome gripal similar à do coronavírus. Essa variante causa filas em hospitais do País desde o fim de 2021.
Os noticiários desses primeiros dias de ano exibem imagens de salas de hospitais lotadas, bem como da escassez de testes em farmácias de várias capitais do Brasil. Com tantos vírus circulando simultaneamente, são cada vez mais comuns – e próximos – os relatos de pessoas infectadas ou que tiveram contato com outros infectados.
Essa situação traz novas consequências ao Brasil e ao mundo. Nesta semana, a cidade do Rio de Janeiro anunciou que não promoverá desfiles dos tradicionais blocos de rua no Carnaval. A folia também não acontecerá em Olinda, Salvador, Maceió, São Luiz, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba e Fortaleza. Nesta quinta-feira, 6, a cidade de São Paulo também anunciou que não haverá Carnaval de rua no município em 2022. A principal justificativa para o cancelamento das festas é a impossibilidade de realizar um esquema de segurança que permita a verificação da vacinação em meio a grandes aglomerações.
A CES, maior evento de produtos e tecnologia do mundo, que começou nessa quarta-feira, 5, nos Estados Unidos, também foi ameaçada pelo crescimento da variante ômicron. Assim que os números de infectados aumentaram no país, empresas como Amazon, Meta, Twitter, General Motors, P&G, Google e TikTok mudaram os planos que tinham para o evento e desistiram de enviar grandes equipes para Las Vegas. Algumas participarão da conferência de forma remota, enquanto outras empresas preferiram enviar um grupo pequeno de funcionários ao local.
Agências brasileiras
Conforme a vacinação avançou pelo País ao longo do ano passado, as agências de publicidade começaram a planejar o retorno gradual aos escritórios, depois de mais de um ano de home office, na maior parte dos casos. Agora, com a ameaça da nova onda, algumas estão revisando, novamente, os planos ou deixando os funcionários em casa neste início de ano para evitar mais contágio em seus quadros de trabalho.
A reportagem de Meio & Mensagem questionou algumas das maiores agências de publicidade do Brasil a respeito dos protocolos atuais de trabalho, diante da alta de casos de Covid e influenza. Algumas tiveram de começar o ano com uma organização diferente da que haviam adotado em 2021.
É o caso da BETC Havas, que em novembro do ano passado tinha instaurado o formato híbrido de trabalho, no qual as pessoas iam à agência duas vezes durante a semana. Agora, pelos menos nesses primeiros dias de janeiro, a situação é diferente. “Acompanhando esse aumento exponencial de casos, nós suspendemos toda e qualquer presença física na agência até o dia 12 de janeiro. Após essa data, reavaliaremos os protocolos de segurança e implementaremos novas medidas, como a obrigatoriedade da realização de testes de Covid-19 antes de as pessoas ingressarem fisicamente no escritório”, conta Erh Ray, CEO e CCO da BETC Havas.
A VMLY&R tinha a previsão de iniciar o retorno à sua sede neste primeiro mês de 2022. Mas a alta dos casos, no entanto, obrigará uma mudança de planos, como conta a diretora de RH da operação, Luana Gonçalves. “Nossos times seguem trabalhando em modo remoto. Tínhamos uma previsão de voltar à sede da agência, de forma gradual e híbrida, a partir de meados de janeiro, mas, diante dos avanços da ômicron e influenza, optamos por adiar essa data. A agência tem recebido, desde o ano passado, reuniões presenciais seguindo os protocolos de saúde e segurança e com agendamento prévio”, garante a executiva.
A Africa também havia retornado ao modelo híbrido de trabalho, com dias de trabalho presencial alternados com dias de home-office, mas decidiu retornar ao formato 100% remoto nesse começo de ano. Em e-mail enviado aos funcionários da agência, o copresidente e COO da operação, Sergio Gordilho, disse que a Africa, do ponto de vista organizacional, volta ao modelo Home Office “até que as autoridades sanitárias brasileiras ou estudos de outros países tenham dados concretos que nos tragam a segurança de retomarmos o modelo híbrido.” Nesses dias, a agência permanecerá aberta apenas para uso emergencial e, quem precisar ir à sede, terá a obrigatoriedade de usar máscara.
A 3AW, agência com sede no Rio de Janeiro, tinha programado a volta de 60% de sua equipe para o regime de trabalho presencial na próxima segunda-feira, 10. “Mas, devido à nova tendência de alta dos casos em função da nova variante, esse retorno foi transferido para 7 de fevereiro. E ainda a confirmar”, diz o VP da 3AW Brasil, Audrey Aarao.
Home-office mantido
Para as agências que ainda mantinham os funcionários integralmente em esquema de home-office, a nova onda de vírus reforçou a necessidade de continuar deixando as equipes em casa.
Desde o começo da pandemia, em 2020, a Leo Burnett Tailor Made adotou o trabalho 100% remoto, regra que deve continuar valendo nesse começo de ano. “Estamos desde o início da pandemia estudando diversos formatos de trabalho e, mais recentemente, temos feito capacitações e treinamentos para uma volta híbrida que seja gradual e eficaz. Nossa área de pessoas junto com a de operações acompanha diariamente as atualizações de saúde, e é através dessas análises que vamos deliberar sobre a melhor data para implementar o formato híbrido. Por hora, seguimos remotos”, garante o coCEO e COO, Marcio Toscani.
Embora considere seu formato de trabalho híbrido, já que oferece os espaços da sede para receber os colaboradores que desejarem ir à empresa quando necessário, a Artplan está permanentemente em home-office de acordo com o CEO da operação, Antonio Fadiga. Segundo ele, não é mais viável imaginar a presença de 100% de pessoas no escritório. “Os casos mais recentes (de contaminações) não trouxeram mais mudanças, pois já estávamos nos encontrando, presencialmente, o mínimo possível e respeitando as devidas medidas preventivas, mas uma coisa é certa: enquanto não houver segurança quanto ao final da pandemia, ninguém será cobrado a ir ao escritório”, promete Fadiga.
Política semelhante foi adotada pela DPZ&T, que segue com seus funcionários em home office ao longo de toda a pandemia. Monica Szanto, diretora de cultura e gestão da agência, conta que até mesmo as confraternizações de fim de ano foram canceladas por conta do aumento dos casos de Covid-19 que já vinham acontecendo no Brasil. “Os modelos híbrido e presencial não foram colocados em prática pela agência e ainda não há previsão de quando isso irá ocorrer. A DPZ&T tem uma política muito voltada às pessoas, com foco em ESG e que, inclusive, será ampliada ao longo de 2022. Como o cenário atual da pandemia é preocupante, preferimos manter o modelo de trabalho remoto por mais tempo, sem cogitar a volta para o escritório tão cedo”, diz.
A Wunderman Thompson já havia estabelecido que somente a partir de fevereiro colocará em prática seu regime híbrido e flexível de trabalho, que não preverá tempo mínimo de presença no escritório. Desde o final de novembro a agência abriu sua sede para os funcionários, mas a presença sempre foi 100% facultativa, de acordo com o CEO, Pedro Reiss. “Nosso modelo, tanto o atual como o que valerá a partir de fevereiro, já não prevê presença obrigatória no espaço físico, então o agravamento dos casos não exigirá nenhuma mudança estrutural. Iremos, no entanto, orientar colaboradores e clientes para reduzir qualquer exposição ao estritamente necessário”, frisa Reiss.
Acompanhado de perto
As agências que adotaram o modelo híbrido de trabalho, com os funcionários alternando entre os dias em home office e de presença nos escritórios, vêm procurando acompanhar de perto os desdobramentos dos casos neste início de ano para, se necessário, mudar as regras.
Paula Molina, diretora de RH da WMcCann, conta que as equipes da agência estão em modelo híbrido, indo à sede dois dias na semana. Só podem frequentar o local, segundo ela, as pessoas que estiverem com ciclo vacinal completo e é necessário o uso da máscara e tempo integral, bem como a aferição de temperatura. Paula diz que os funcionários também realizam o preenchimento diário de um questionário de saúde para autodiagnóstico da Covid-19. “Deixamos claro que o cuidado com a saúde de todos é nossa prioridade. Por enquanto, seguimos monitorando o dia a dia, como fizemos desde o início da pandemia e reforçamos a recomendação que sempre existiu: não comparecimento à agência em caso de contato ou sintomas de Covid-19 ou gripes em geral e ainda sete dias após o aparecimento dos sintomas”, explica a diretora.
Após ter fechado seu escritório logo no início da pandemia, a Ogilvy adotou o home-office por meses até que, no segundo semestre de 2021, já com o avanço da vacinação, flexibilizou seu esquema de trabalho. Desde outubro do ano passado, a agência funciona de forma híbrida, dando aos funcionários a opção de trabalharem três dias na semana no escritório e dois em home office. A agência destaca, entretanto, que decisão de ir ou não ao escritório cabe a cada funcionário e, para os que vão, há a exigência da utilização de máscaras, aferição de temperatura e preenchimento de questionário diários sobre possíveis sintomas. “Seguimos acompanhando e monitorando semanalmente a situação da Covid-19 no Brasil e no mundo, bem como os casos de influenza. Por enquanto, o modelo híbrido está mantido para os completamente imunizados, mas nosso comitê segue aberto e atuante para tomar novas decisões com a rapidez necessária de acordo com cada cenário, uma vez que a segurança e proteção das pessoas serão sempre nossa prioridade”, diz o departamento de RH da Ogilvy Brasil.
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