Bloom: a nova agência de Zampa e Zaro – e da AKQA
Com sede em Miami, agência da dupla brasileira quer priorizar trabalhos com propósito; Nike, Paul Smith e Volvo são alguns dos clientes
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Isabella Lessa
30 de março de 2022 - 10h15
Em fevereiro, Meio & Mensagem noticiou a chegada de Jean Zamprogno e Fernando Pellizzaro, conhecidos como Zampa e Zaro, à AKQA, depois de quase oito anos de David. Nesta quarta-feira, 30, a dupla oficializa o início da nova fase – mas não à frente de um novo escritório da AKQA – como se poderia esperar – mas sim de uma nova agência dentro da rede: AKQA Bloom.
Com sede em Miami, morada da dupla desde 2017, a operação foi concebida a partir de uma série de conversas com Ajaz Ahmed, fundador da AKQA e atual CEO do AKQA Group, que também inclui a Grey.
Os brasileiros não estavam exatamente em uma posição desconfortável na David Miami. Foram apontados como os diretores de criação mais premiados de 2020 a 2021 pelo Cannes Global Creative Report, além de terem encabeçado as listas Group Creative Directors, do One Show em 2020, e Creative Directors in the World, do The Drum em 2022.
Mas foi justamente o status alcançado que os motivaram a pensar nos próximos passos da carreira e, durante as conversas com Ajaz, conseguiram chegar a um objetivo comum de criar uma empresa com foco em projetos de impacto para marcas, pessoas e comunidades.
“Chegamos a um lugar em que a gente conseguiria se dedicar a projetos que fazem diferença no mundo real. Se conseguimos dedicar 50% do nosso tempo a isso, por que então não investir 100%? Com o nível de criatividade que a gente quiser?”, diz Zampa.
A intenção da Bloom é, segundo ele, gerar ainda mais impacto tanto para multinacionais, quanto para marcas que já nasceram com o propósito de serem sustentáveis em todos os aspectos. Esse pensamento passa, também, pela vontade de aprofundar as relações com ONGs para além do aspecto transacional.
“Eu e Zampa começamos 15 anos atrás. Nossa ideia de sucesso na época era ser que nem os criativos que a gente via, era ganhar Leão. Começamos a questionar isso, o quão superficial a gente pode ser. Temos uma ferramenta tão grande nas nossas mãos, nosso trabalho chega a tantas pessoas. Então nosso objetivo tem de ser muito maior”, afirma Zaro.
Eles esclarecem, porém, que os prêmios são relevantes para a trajetória de ambos e para qualquer criativo que queira alavancar a carreira. “Sabemos quão importantes são os prêmios, mas não queremos que nosso time olhe para a gente porque ganhamos GP, mas porque criamos impacto. É o contrário do jeito como fomos criados”, explica Zaro.
Cientes de que os talentos da indústria estão em busca de empregos com mais propósito – algo que vai da cultura organizacional à responsabilidade social de uma empresa –, a dupla quer fazer as pessoas voltarem a ter interesse em trabalhar com propaganda a partir de uma cultura que preze pela coletividade, mas, ao mesmo tempo, respeite as individualidades.
Ainda em processo de contratação, o time já conta com alguns nomes: Rodolfo Fernandes, Giovanna Pereira, Seine Kongruangkit, Sera Takata, Patrick Chase e Alexa Bortz.
Juntos, já criaram trabalhos para clientes como Nike, Paul Smith e Volvo. Para a marca de carros, o projeto foi desenvolvido em parceria com a Grey, que detém a conta do cliente.
“Com clientes como Volvo, queremos olhar para o briefing não somente sob a ótica de uma empresa de carros, mas sim para toda uma indústria. Mirar no céu e imaginar como essa indústria pode gerar mais impacto”, comenta Zaro.
Natureza regenerativa
A escolha do nome Bloom expressa não somente a ideia de florescer, mas também a da renovação constante. Para manifestar visualmente essa premissa, Zampa e Zaro convidaram o artista japonês Azuma Makoto (assista abaixo) para fazer um filme time-lapse com Une barque sur l’ocean, de Maurice Ravel, como trilha sonora. A peça foi interpretada pela pianista Barbara Garcia, da Orquestra Filarmônica de Viena.
Outra colaboração foi a do artista brasileiro Mario Niveo, que criou ilustrações e uma tipografia original para a empresa. Por viver em meio à natureza, ele escaneou folhas e buscou referências em livros de botânica para trazer a própria perspectiva.
Não à toa, é primavera no hemisfério norte e isso também foi levado em consideração para o lançamento da Bloom.
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