ABA assina memorando para reabrir diálogo com o Cenp
Entidade dos anunciantes vai participar das discussões sobre a mudança de governança e os novos estatutos do Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário
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Alexandre Zaghi Lemos
31 de maio de 2022 - 19h12
A Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) assinou, na semana passada, um memorando de entendimento que acena com uma possível volta ao Cenp – Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário. “Não é uma garantia de que a ABA vá voltar para o Cenp, mas é um documento que permitirá que a ABA participe de forma ativa das discussões sobre o novo estatuto do Cenp. O nosso retorno ao Cenp, lá na frente, obviamente, vai depender de como será a formatação desse novo Cenp”, explica a presidente da ABA, Nelcina Tropardi. Embora o diálogo entre ABA e Cenp tenha sido reaberto nos últimos meses, o memorando de entendimento é o primeiro documento que oficializa essa reaproximação. Apesar dos movimentos feitos pelo Cenp desde o ano passado, na avaliação de Nelcina o órgão “ainda não mudou efetivamente”.
A presidente da ABA falou sobre a reaproximação oficial com o Cenp durante o evento “Boas práticas do mercado publicitário brasileiro”, realizado nesta terça-feira, 31, em São Paulo, justamente para debater as propostas do Guia de Melhores Práticas ao Setor Publicitário, lançado em novembro de 2021, após seis meses de trabalho de grupos de profissionais convidados pela entidade dos anunciantes. O movimento foi uma consequência da saída da ABA do Cenp, em janeiro de 2021.
Presente no mesmo evento desta terça-feira, 31, o presidente do conselho do Cenp, Luiz Lara. “O nosso objetivo é o de criar um novo Cenp, como Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário, em que todos conversem num diálogo franco, aberto e transparente, para um mercado livre, próspero e saudável. Desde que assumi, em janeiro, quis trazer para mesa os anunciantes, representado pela ABA, e os novos elos digitais, representados pelo IAB. Nós estamos dialogando, com um bom entendimento para que isso venha a ocorrer”, frisou Lara. Segundo ele, o IAB Brasil também assinou com o Cenp um memorando de entendimento similar.
De acordo com Lara, os próximos passos são de discussão sobre a governança e os estatutos do Cenp. Ele adianta que a intenção é a de formar um conselho superior igualitário, com cada membro representando um voto, com a participação de 32 integrantes, oito de cada área representada no órgão: agências, anunciantes, veículos e plataformas digitais. Nesta instância, as decisões se dariam por maioria simples.
A necessidade de fazer uma profunda reflexão sobre as novas tendências de comunicação e mídia foi o argumento utilizado ABA, para, em janeiro de 2021, se desligar do Cenp, entidade que ajudou a fundar, em 1998. Os interesses dos representantes dos anunciantes em rever as regras de compra de mídia não encontraram sinergia no Cenp, que até tentou reagir, ampliando a presença de executivos de anunciantes nos comitês. A cisão desencadeou iniciativas distintas. Em novembro, a ABA apresentou a nova edição do Guia das Melhores Práticas ao Setor Publicitário, que defende, entre outros itens, a liberdade para os anunciantes contratarem agências especializadas em compra de mídia. Já o Cenp contratou a consultoria ToF para redefinir sua governança e o cargo de presidente-executivo, ocupado por Caio Barsotti, foi extinto no ano passado. Como presidente do conselho, foi eleito Luiz Lara, prometendo reestabelecer o diálogo com ABA e com o IAB Brasil, que rompeu com o Cenp em meados de 2019, alegando não ter direito a voto nas decisões do órgão de autorregulação. Outras mudanças de governança implementadas pelo Cenp nos últimos meses foram a adoção da marca Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário, em substituição ao nome Conselho Executivo das Normas-Padrão, usado até então, e a contratação, em fevereiro, da jornalista Regina Augusto como diretora executiva.
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