Havas reúne mídia e criação na França
O mítico Jacqués Séguéla revela ao Meio&Menagem os planos por trás da Havas Village, que irá revolucionar atuação da holding francesa
O mítico Jacqués Séguéla revela ao Meio&Menagem os planos por trás da Havas Village, que irá revolucionar atuação da holding francesa
Felipe Turlao
17 de julho de 2012 - 11h05
Para os defensores do modelo brasileiro de agências, soa como uma ótima notícia. O Havas, sexto maior grupo da publicidade mundial, está criando a Havas Village, uma filosofia de trabalho que irá refletir na junção de disciplinas e agências sob uma estrutura física que irá concentrar 2,2 mil pessoas em Paris. A principal mudança será a integração entre as estratégias dos bureaus de mídia e das agências de criação. O modelo marca uma evolução na maneira de atuação da holding criada em 1842 por Charles Havas. Ele começa na França, mas será exportado para outros países, inclusive o Brasil.
Desta forma, as agências e bureus do Havas continuam existindo com suas marcas e culturas organizacionais. Mas simultaneamente trabalharão para criar sinergias entre si dentro do guarda-chuva Havas Village. “Eu sempre defendi a volta da mídia para as agências, um modelo que terminou no mundo nos anos 1970, com a criação dos bureaus. Agora, decidimos dentro do Havas criar uma cidade da comunicação, em um prédio com 2,2 mil pessoas, que irá unificar todas nossas empresas da França, de todas as especialidades, sob o mesmo teto. Teremos profissionais de 40 segmentos diferentes trabalhando em conjunto, sob a mesma liderança e sob a mesma filosofia. Levará uns seis meses para essa estrutura ficar pronta, mas será algo único no mundo”, explica o mítico Jácques Séguéla, vice-presidente e diretor global de criação do Havas, em entrevista exclusiva concedida ao Meio&Mensagem.
Séguéla, que se diz fã do modelo brasileiro, ressalta que, apesar de o Havas Village não representar o fim dos bureaus de mídia, será um grande passo nessa direção. “Vamos criar um movimento onde todas as empresas vão chamar a mídia de volta para a agência. Será o fim dos enormes grupos de mídia isolados e a volta dos tempos onde todos se sentiam em casa e conversavam entre si. Queremos reproduzir esse modelo francês do Havas Village em todos os lugares, a começar por Nova York. Depois teremos Londres e, fatalmente, chegará ao Brasil”, revela.
O Havas Village terá a liderança de três profissionais, cada qual representando uma das áreas de atuação do grupo, mas trabalhando com visão integrada. Agathe Bousquet irá liderar o braço de consultoria de comunicação, Christophe Lafarge fica à frente da publicidade e Dominique Delport atuará em mídia. Eles irão se reunir duas vezes ao mês com o CEO global David Jones para garantir a integração.
Ciclo de mudanças
Meses antes da criação da Havas Village, o Havas havia anunciado mudanças em sua estrutura. Desta forma, a holding está dividida em duas unidades de negócios: Havas Worldwide, focada em publicidade, e Havas Media, em mídia. O lado Havas Worldwide compreende a rede Euro RSCG (que irá mudar o nome para Havas Worldwide, o mesmo da unidade de negócios que a embarca), com seus 233 escritórios em 75 países, além das micro redes Arnold, Fuel e BETC. A Havas Media incorpora as redes MPG, Havas Sports & Entertainment, Havas Digital e Arena Media.
“O grupo está vivendo uma segunda vida. Quando Vincent Boloré assumiu a direção do Havas em 2005, tínhamos dívidas de € 750 milhões. Hoje, zeramos a dívida e temos os mesmos € 750 milhões para investir. Passamos por uma fase de reestruturação e queda nas contratações e reduzimos os gastos de maneira drástica, o que nos possibilitou colocar a cabeça para fora d´água, ganhar dinheiro e desenvolver ideias pelas quais eu sempre prezei”, diz Séguéla.
Segundo ele, a principal mudança com a nova estrutura é a adoção do nome Havas dentro da rede EuroRSCG. A letra S da sigla era referência a Séguéla, mas ele não enxerga problema nisso. “RSCG é difícil de pronunciar e relativo apenas à Europa. É uma marca vazia. O Havas tem agora duas identidades, que são Havas Worldwide e Havas Media, que estarão unidas pelo conceito Havas Village. Dentro da identidade Havas Worldwide, temos as micro redes Fuel, Arnold e BETC”, explica Séguéla.
Ele é muito elogioso à BETC. “É a grande marca da publicidade da França, e uma das melhores da Europa, no mesmo patamar de uma BBH. Com sua atuação independente, apesar de ser 100% nossa, a BETC tem por vocação ser uma network premium, alinhada aos clientes em contratos de longo prazo, como fazem com Canal+, Evian, Air France e Lacoste, seus principais clientes. Eles irão internacionalizar esse know how. Além de Paris, abriram escritório em Londres, e irão para China, Brasil e Índia em breve”, aponta.
Havas no Brasil
Enquanto espera a chegada da BETC ao Brasil, Séguéla elogia a recuperação da operação nacional. “É um dos cinco países mais criativos do mundo e que eu, particularmente, gosto muito. Como latino, sou mais atraído pela publicidade brasileira, que dança samba, do que pela inglesa ou norte-americana, que tocam rock”, brinca. “Sob o ponto de vista de negócios, o Brasil é uma prioridade das prioridades, seja nas redes HVS (dona da Z+) ou EuroRSCG.
Entramos no País há mais de 10 anos, na Carillo Pastore, e pudemos mostrar nossa qualidade. Depois que os sócios foram embora, tivemos um momento de deflação. E agora estamos nos reconstruindo para o futuro. Assim, a operação brasileira, que era negativa, virou uma das mais positivas da rede. Fizemos mudanças na liderança há uns três anos e fomos bem sucedidos”, diz, propondo um desafio: “Estamos entre as cinco maiores holdings do Brasil, mas isso não basta. Queremos ficar entre as três primeiras”. As posições são ocupadas hoje por WPP, Publicis e Interpublic.
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