Publicis discute sucessão na DPZ e Talent
Segundo CEO Maurice Lévy, grupo francês terá 100% das duas agências até 2014
Segundo CEO Maurice Lévy, grupo francês terá 100% das duas agências até 2014
Felipe Turlao
10 de dezembro de 2012 - 9h09
Além de garantir o crescimento das agências das quais já é dono e buscar aquisições, embora tenham rareado nos últimos meses, outro importante assunto que tem tomado o tempo do Publicis Groupe no Brasil é a sucessão nas empresas adquiridas. DPZ e Talent concentram essas preocupações.
"Temos contratos com os sócios nacionais da DPZ e da Talent, e não apenas somos extremamente respeitosos em relação a esses acordos assinados, mas muito mais com as pessoas envolvidas. Mas nosso compromisso é o de adquirir as ações restantes das duas entre 2013 e 2014 e faremos isso na hora apropriada”, garante Maurice Lévy, CEO do grupo, que esteve no Brasil na semana passada.
Na ocasião da compra da DPZ, ele já havia informado que compraria 100% da agência neste prazo, mas, no caso da Talent, é a primeira vez que afirma isso.
Em relação aos nomes que estão sendo discutidos para liderar as duas agências brasileiras no futuro, Lévy aponta que o trabalho tem sido árduo. “Sucessão nunca é fácil. As agências têm hábitos, culturas, processos de trabalho e relações com clientes que precisam ser cuidados com cautela”, resume.
Na DPZ, a sucessão tem sido discutida com os fundadores Roberto Duailibi, Francesc Petit e Jose Zaragoza, além do CEO Flávio Conti, desde que o Publicis Groupe comprou 70% da empresa, em julho de 2011. Em outubro passado, Conti revelou que o nome favorito para assumir o comando da DPZ em 2013 é o de Erh Ray, ex-sócio da BorghiErh/Lowe.
"Desde a compra, estamos trabalhando juntos para tomar a decisão correta. Tenho ouvido ótimas coisas sobre grandes talentos no Brasil e o Erh Ray é, sem dúvida, um deles. Mas não posso comentar sobre rumores”, afirma Lévy.
“O mesmo vale para a Talent (onde o grupo tem 60%), uma agência grandiosa, com trabalho ótimo e talentos notáveis. Mas qualquer movimentação está sendo feita em parceria com o Júlio Ribeiro”, diz Lévy, sem citar nomes que estão sendo considerados. Dos três sócios nacionais da Talent, José Eustachio é o que tem participação mais ampla na condução operacional da empresa atualmente.
Aquisições no horizonte
A busca por sucessores nestas duas agências não impede o grupo de buscar novos negócios no Brasil. Após dois anos de intensas movimentações que culminaram em aquisições como as de Neogama/BBH, AG2, GP7 e QG, além de DPZ e Talent, o Publicis Groupe diminuiu a velocidade das compras no mercado brasileiro.
Lévy confirma que “pisou no freio”, mas sinaliza com mais aquisições para o futuro. “Nossa estratégia no Brasil é claramente de continuar crescendo. Após a série de compras, ficamos concentrados no crescimento orgânico. Em relação às aquisições, não estamos olhando nada no momento, mas ficaríamos felizes de mirar algumas oportunidades. E temos um forte interesse na área digital”, revela Lévy.
Segundo ele, o marketing digital é um pilar estratégico para o desenvolvimento do grupo desde 2006. “Na época, decidimos mudar nossa estratégia para o digital para estar sempre adiante na inovação. A prioridade é crescer neste lado do negócio, porque ele representa o futuro do mercado”, diz.
Mas o Brasil, segundo Lévy, ainda está muito atrás de outros países no desenvolvimento das capacidades digitais. “Existe uma diferença do País para os outros, especialmente em segmentos como mobile, aplicativos e serviços de marketing”, aponta. “Mas esse cenário não vai demorar a mudar e, por conta disso, o digital é uma prioridade também no Brasil”, avisa.
O grande obstáculo para compras e a principal razão para a brecada nas aquisições não só do Publicis Groupe, mas de outras holdings do setor, é o valor das agências no País. Martin Sorrell, CEO do WPP, apontou que o rival foi responsável pelo cenário de “bolha” no mercado brasileiro.
O próprio Lévy diz concordar em que os preços estão altos, sem deixar de cutucar o líder do grupo britânico. “Temos visões diferentes de Martin Sorrell em muitos aspectos de como conduzir negócios em publicidade. Embora haja poucas coisas com as quais concordemos, uma delas é o preço alto para compra de agências no Brasil”, comenta.
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