Nizan Guanaes: ?O jogo mudou?
Fundador do Grupo ABC considera a venda para o Omnicom ?uma solução fantástica?
Fundador do Grupo ABC considera a venda para o Omnicom ?uma solução fantástica?
Meio & Mensagem
23 de novembro de 2015 - 12h23
Por Laurel Wentz, do Advertising Age
Embora a economia do Brasil esteja complicada, a desvalorização do real torna o acordo de compra de 100% do Grupo ABC menos caro para a DDB Worldwide, subsidiária do Grupo Omnicom. O Grupo ABC inclui três das 20 maiores agências brasileiras e tem mais de dois mil funcionários.
A estimativa do mercado é a de que o negócio gire em torno de US$ 265 milhões (cerca de R$ 1 bilhão). Em abril de 2013, o Kinea, fundo de investimentos do banco Itaú, pagou R$ 170 milhões (US$ 84 milhões, com base na cotação daquela época) pela aquisição de 20% do Grupo ABC, implicando um valor de US$ 420 milhões por 100% do Grupo ABC em 2013. Na cotação atual, o montante daquele ano valeria US$ 225 milhões – um pouco menos que os US$ 265 milhões especulados.
O plano original do fundador Nizan Guanaes era abrir o capital do Grupo ABC. Mas a economia brasileira, assim como o mercado de ações, estão em uma situação terrível, portanto essa não era mais uma opção realista. “Quando o jogo muda, você tem que mudar o seu próprio jogo”, afirma Nizan. “Essa é uma solução fantástica. A Omnicom é gigante, e esse é um mundo de gigantes. Manteremos o ABC, mas com o apoio de um gigante”.
Depois de todos esses anos, Nizan diz sentir-se em casa na DDB, com quem já tem relacionamento de mais de 17 anos, desde quando vendeu a DM9 para a rede norte-americana, em 1997, ainda antes de fundar com Guga Valente o Grupo ABC, em 2002. “Isso fará com que nosso grupo permaneça moderno, inovador e oferendo a melhor tecnologia aos nossos clientes. No ambiente atual, você é nada se fica para trás”, diz Nizan.
Com o passar dos anos, Nizan, que começou a carreira como redator, reinventou-se mais de uma vez. Por dois anos, comandou o provedor de internet iG. Antes disso, foi responsável por duas campanhas presidenciais bem-sucedidas para o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Mesmo que ele tenha aparentado não precisar de outra agência de publicidade, fundou em 2002 a Africa, que hoje é a sétima maior agência brasileira (a DM9 é a 12ª e a Loducca é a 18ª). Na vida pessoal, perdeu mais da metade de seu peso corporal há alguns anos e tornou-se corredor.
Chuck Brymer, CEO da DDB Worldwide, espera que a compra do Grupo ABC, que exige aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), seja concluída durante o primeiro trimestre de 2016. Ele garante que o processo será executado com calma. A DDB já possui ações majoritárias na DM9 e minoritárias na Africa e na Loducca. “É um sonho meu e nosso unir esses dois negócios”, afirma Brymer. “Vemos o Brasil como um dos maiores mercados de comunicação e marketing do mundo, e enxergamos um lado bom enorme apesar dos desafios econômicos. Sempre admiramos o incrível trabalho criativo do Grupo ABC, em diferentes negócios. E teremos a paixão e a energia do Nizan em tempo integral. Ele é contagiante. Queremos que ele desempenhe um papel ainda maior com nossos clientes no Brasil, América Latina e, ocasionalmente, nos Estados Unidos”, adianta Brymer.
O Grupo ABC também foi sócio investidor majoritário na Pereira & O’Dell, de São Francisco, desde a fundação da agência mas vendeu parte de suas ações nos últimos meses para os fundadores, mantendo uma parte minoritária que será repassada à DDB.
O Datacenter do Ad Age posicionou o Grupo ABC como a 25ª maior holding do segmento no mundo em 2014, quando atingiu uma receita de US$ 403 milhões. No mesmo ano, estimou que a receita global da rede DDB Worlwide alcançaria o montante de US$ 2,9 bilhões. A Omnicom, segunda maior holding do mundo, obteve uma receita de US$ 15,3 bilhões.
Tradução Isabella Lessa
A aquisição do Grupo ABC pela rede DDB Worldwide, subsidiária do Grupo Omnicom, foi confirmada oficialmente nesta segunda-feira, 23.
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