Estratégia da Amazon impacta e-commerce brasileiro
Distribuição própria e ampliação de categorias dá liberdade para que varejista foque na experiência; para especialistas, concorrência eleva a qualidade do mercado local
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Por Luiz Gustavo Pacete e Taís Farias
Após sete anos no Brasil, a Amazon anunciou, nesta terça-feira, 22, a expansão de suas operações. A partir de agora, ela passa a fornecer mais de 20 milhões de produtos de diferentes categorias no seu e-commerce e inaugura um centro de distribuição na região metropolitana de São Paulo. A notícia marca uma mudança no modelo de negócio da varejista, que, até então, funcionava no formato marketplace com lojistas vendendo dentro de sua plataforma.
Com a ampliação, a maior varejista do mundo vai comercializar direto com seus consumidores. A mudança sinaliza um grande impacto nos serviços de e-commerce do Brasil que concorrerão diretamente com a marca. “Estamos muito felizes em aumentar a quantidade de categorias e produtos que oferecemos para nossos clientes, com o compromisso de continuar trazendo a melhor experiência de compra e ofertas, como temos feito desde o lançamento da nossa operação com livros no Brasil há seis anos” afirmou, em comunicado, Alex Szapiro, Country Manager da companhia no Brasil.
Segundo Pedro Guasti, diretor de relações institucionais da Ebit|Nielsen, as marcas terão que buscar estratégias de combate alternativas, oferecendo vantagens adicionais aos consumidores para enfrentar a gigante americana. “A competição maior forçará uma melhora ainda maior nos serviços prestados aos consumidores o que no final pode ser saudável para todos”, diz.
Luis Gustavo Lima, CSO da aceleradora ACE, chama a atenção para o cuidado que a varejista teve ao delegar sua logística até aqui. “Muito oportuna a parceria que a Amazon fez com a startup Loggi, que tem mais de 10 mil motofretistas e motoristas de vans e projeta ter 95% de cobertura nacional de entregas no mesmo dia ou dia seguinte até 2020, sem dúvida um parceiro importante na estratégia de entrega direta em pouco tempo”, explica.
Lima reforça que o modelo anunciado, que permite a centralização do processo de venda até a entrega, fortalece a marca e foca na experiência para o cliente independentemente se o produto seja vendido diretamente na Amazon ou no marketplace. “Nesse sentido, subiu um pouco mais a barra do mercado pois a Amazon é conhecida por ser Customer Centric e obsessiva pela jornada do cliente”, ressalta.
A partir de agora a Amazon terá liberdade de negociar os preços de seus produtos diretamente com o fornecedores e fabricantes, podendo fazer a precificação e definir a estratégia de marketing de forma independente, ressalta Pedro Guasti.
“Isso pode representar um forte impacto na concorrência pois sua capacidade de fazer a gestão de estoque, entrega e atendimento aos consumidores foi aplicada em outros países. Claro que aqui temos nossas próprias dificuldades logísticas, tributárias e custo Brasil que deixam as empresas no mesmo cenário competitivo”, afirma.
Para Luis Gustavo Lima, o mercado não foi pego desprevenido já que a Amazon começou a vender eletroeletrônicos por aqui no segundo semestre de 2017.
“Não é tão simples dominar o mercado com players importantes como é o nosso. A briga vai ser muito dura para ganho de market share. Todo esse movimento se justifica pelo potencial do e-commerce brasileiro que apresenta forte crescimento com o mercado triplicando até 2025, alcançando R$ 200 bilhões”, diz Lima.
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