Empresa humanizada é mais lucrativa
Pesquisa brasileira aponta que iniciativas éticas, de sustentabilidade e bem-estar social podem até dobrar o resultado financeiro
Pesquisa brasileira aponta que iniciativas éticas, de sustentabilidade e bem-estar social podem até dobrar o resultado financeiro
Thaís Monteiro
24 de maio de 2019 - 6h42
Mapeando dados e informações de 1.115 empresas brasileiras que representam cerca de 50% do PIB nacional, uma equipe de mestrandos da USP de São Carlos, em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente, chegou a conclusão de que negócios que colocam em prática projetos de bem-estar social têm mais engajamento de todo o corpo de funcionários e fidelidade dos clientes. Essa combinação gera duas vezes mais rentabilidade para a empresa. No entanto, essas operações apresentam apenas 1,9% do total avaliado, o correspondente à 22 empresas.
Algumas das dificuldades para operações se tornarem humanizadas são a falta de bons exemplos, liderança falha e a grande discrepância entre marketing e realidade (Crédito: Carl Heyerdahl/Unsplash)
O resultado faz parte do levantamento Empresas Humanizadas, que foi inspirado por uma pesquisa semelhante nos Estados Unidos, e indica quatro pontos comuns a empresas denominadas humanizadas, que se preocupam com o bem estar dos funcionários e acionistas, além de causas humanitárias: propósito além do lucro, orientação para atender às necessidades de todos os stakeholders, liderança consciente e cultura consciente.
De acordo com o levantamento, a preocupação com tais aspectos gera mais engajamento dos colaboradores (225%) e maior fidelidade dos clientes (240%). “Isso não significa que as empresas não têm problemas. No entanto, elas são as que levam mais a sério o modo como lidam com problemas. Um dos exemplos disso está na comunicação com o cliente, que é constante e eficiente, pois levam em conta todas as reclamações”, diz Pedro Paro, pesquisador da USP e um dos responsáveis pela pesquisa.A intenção, diz Pedro, é mostrar bons exemplos de empresas conscientes que atuam no Brasil e que não existe uma escolha entre fazer o bem e ganhar dinheiro. “Quando você atende às necessidades das pessoas e do mundo, você vai engajar a sua empresa, o cliente passa a ser defensor da marca e isso faz com que ele compre mais”, afirma. Os bons exemplos brasileiros são: Hospital Israelita Albert Einstein, Bancoob, O Boticário, Braile Biomédica, Cacau Show, Cielo, ClearSale, Elo7, Fazenda da Toca Orgânicos, Johnson & Johnson, Jacto, Klabin, Malwee, Mercos, Multiplus, Natura, Raccoon, Reserva, Tetra Pak, Unidas, Unilever e Venturus.
Das ações de destaque, o executivo lembra do Grupo Reserva, que optou por fechar todas as suas lojas no Dia das Mães para que seus funcionários pudessem aproveitar a data com seus familiares. É deles também o projeto 1P5P, no qual, a cada peça adquirida, cinco pratos de comida são entregues a pessoas necessitadas. Outro exemplo é da Raccoon. Lá, há o cargo de prefeito da empresa e cabe a ele usar um budget mensal destinado a atividades para os funcionários. Outras empresas oferecem mais benefícios aos colaboradores, como espaço de academia dentro do estabelecimento ou serviços de meditação.
Se comparado à primeira edição do estudo original, que inspirou a versão brasileira, há poucos números que diferenciam o Brasil dos Estados Unidos. Lá, foram 26 empresas eleitas humanizadas e a quantidade foi aumentando conforme o estudo foi ganhando repercussão e as empresas conscientes, reconhecidas. Mas uma das explicações para o número baixo, de acordo com Paro, se deve há três pontos principais: falta de bons exemplos, liderança falha e o destoamento entre o que o marketing ou o posicionamento da empresa comunica e sua operação no dia a dia com os funcionários. “Muitas vezes as empresas tentam copiar prática de uma e adaptá-las a seu cenário, mas os exemplos que estão sendo copiados são os do século passado, quando praticava-se o chamado ‘capitalismo selvagem’”. Para ele, as startups são como empresas que nascem conscientes.A intenção do grupo de mestrandos é continuar com a pesquisa a cada dois anos, mas não será criado um ranking para não desviar o intuito da pesquisa, que é apontar bons cases e não gerar a competitividade pelo topo da lista. A primeira edição da pesquisa ainda se desdobrará em um documentário com parte das entrevistas feitas durante os dois anos.
Para chegar no resultado do trabalho, a equipe fez um levantamento de rankings de melhores empresas e criou uma base de dados com 1.115 operações. Desse universo, o time selecionou as 50 melhores empresas e realizou questionários e entrevistas com funcionários dos negócios sobre sua satisfação no ambiente de trabalho.
*Crédito da imagem no topo: Rawpixel/Unsplash
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