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Pagamento em QR code cresce com Safra e Mercado Pago

Enquanto cada vez mais empresas entram no segmento, Banco Central desenvolve um ecossistema único para aperfeiçoar a experiência de compra


5 de julho de 2019 - 12h50

Tiago Leifert protagoniza campanha para divulgar carteira virtual do Safra (Crédito: divulgação)

O lançamento da Safra Wallet marca mais um passo no caminho da busca pela adoção dos meios de pagamento instantâneo. Já presente em partes do mercado asiático, a ferramenta permite, por exemplo, que transações financeiras sejam completadas em segundos, durante qualquer hora do dia. No sistema brasileiro atual, elas só são liquidadas durante horário comercial.

O aplicativo do Safra, que embarca entre outras funções o pagamento via QR code, faz parte do objetivo da empresa de se posicionar entre os quatro maiores bancos do varejo. Para isso, pretende utilizar sua estrutura enxuta, de baixo custo por ter poucas agências de atendimento, para transferir ao cliente condições mais vantajosas que os outros grandes bancos.

“Temos um plano agressivo de crescimento da carteira digital”, afirma o Safra em nota enviada ao Meio e Mensagem. “Para isso, durante o segundo semestre deste ano, vamos incorporar um superapp à SafraWallet no qual diversos produtos e serviços serão oferecidos por meio de uma plataforma aberta”.

Desde o início da semana, o banco veicula uma campanha com o apresentador Tiago Leifert para divulgar a novidade. Tiago também é o garoto-propaganda da máquina de pagamentos que a instituição comercializa.

Com a novidade, o Safra se une ao grupo de empresas que já atuam no setor. Companhias de serviços alimentares, por exemplo, buscam melhorar a experiência de compra com o código. O iFood permite que restaurantes parceiros vendam produtos no ambiente físico e paguem com o QR code dentro de seu aplicativo. A vantagem, nesse caso, é que os empresários não precisam pagar taxas de pagamento na transação. Algo semelhante é promovido pelo Rappi, startup colombiana que é competidora direta do iFood.

Já o Mercado Pago, braço financeiro do Mercado Livre, aposta suas fichas em duas frentes: se por um lado possui uma equipe que atua com uma estratégia porta a porta entre os restaurantes independentes, por outro atua com parcerias em grandes redes. Em maio, isso rendeu à fintech um contrato com a Droga Raia e Drogasil, além das redes Spoleto, Rei do Mate, Nutty Bavarian, Café do Ponto e Casa Pilão.

Com a oferta em ascensão, o Mercado Pago busca aumentar a demanda entre seus clientes. A plataforma está disponível para 15 milhões de usuários dos apps do grupo. É neles, também, o principal ponto de comunicação da empresa para convencer o cliente a usar a ferramenta. “Mostramos ao usuário a rede de credenciamento, com as vantagens que ele teria em usar o QR. Outro benefício é não precisar sair mais com carteira. Incentivamos isso com descontos”, afirma Daniel Stephens, head de produtos do Mercado Livre.

Correção de rumo
O principal mercado a adotar a ferramenta de pagamentos via QR code é o chinês. Lá, duas empresas dominam o setor: Tencent e Alibaba. O duopólio, entretanto, criou um aspecto de fricção para o consumidor. Como não há uma plataforma unificada, toda empresa precisa ter um código para cada formato.

É exatamente isso que o Banco Central brasileiro busca reprimir nacionalmente. A instituição criou um grupo de trabalho para desenvolver uma plataforma única, onde todas as empresas possam realizar e receber pagamentos via QR code. A previsão inicial do lançamento do ecossistema era de 2021, mas o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, afirmou que será possível apresentar a plataforma já no ano que vem.

“A padronização é importante para a eficácia e conveniência nos pagamentos instantâneos. Com ela, é possível que vários players aproveitem a mesma infraestrutura, fazendo com que a barreira de entrada seja menor”, afirma Thiago Alvarez, diretor da Associação Brasileira de Crédito Digital. Para ele, a entrada de cada vez mais empresas no setor é bom. “Significa mais competição e eficiência maior em cada operação. É muito saudável e favorável”, finaliza.

Entretanto, um argumento corrente entre os analistas do setor é que a ferramenta não teria a mesma velocidade e penetração da adoção chinesa. Isso porque o ambiente de pagamentos digitais brasileiro já é consolidado, com adoção ampla de cartões — ao contrário da realidade chinesa. Além disso, diversas bandeiras apostam cada vez mais em diminuir a fricção no ambiente da compra, com pagamentos por aproximação de adesivos ou celular, por exemplo.

“Não será tão fácil como foi na China, mas isso não quer dizer que será tão difícil assim”, afirma Stephens, do Mercado Livre. Para ele, os altos custos da indústria permitem que haja espaço para a plataforma de pagamentos instantâneos. “Não tem um melhor ou pior, é o que o cliente gostar mais. Um não mata o outro”, finaliza.

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