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A tecnologia exigirá maior proposta de valor do marketing

No terceiro episódio da série Transições, Alexandra Mendonça, chief revenue officer da Winclap e ex-Mercado Livre, fala sobre os desafios das martechs


15 de agosto de 2019 - 6h01

 

Alexandra Mendonça: “As fintechs obrigaram os bancos a mudarem sua proposta de valor com o consumidor” (Crédito: Denise Tadei)

Com formação profissional iniciada em grupos de comunicação como RBS e Abril, Alexandra Mendonça fez uma transição considerável quando decidiu, em 2013, assumir a área de publicidade do Mercado Livre e iniciar o projeto de um novo modelo de negócios para a empresa. Na ocasião, o e-commerce, criado como uma startup em 1999, começava a se estruturar para tornar-se um player relevante em publicidade como vinha fazendo a Amazon, nos Estados Unidos. Após cinco anos, em maio passado, Alexandra entendeu que era hora de uma nova movimentação ao assumir a área de performance da Winclap, startup especializada em AI com foco em aplicativos.

O encontro do mundo do marketing com o ambiente de tecnologia e empreendedorismo trouxeram aprendizados importantes para Alexandra, sobretudo, em um momento que a indústria da comunicação vive mudanças intensas. “Faço a comparação com o setor financeiro. Basta olhar as fintechs e os bancos: tem espaço para todo mundo? Tem. Mas as fintechs obrigaram os bancos a mudarem sua proposta de valor para o consumidor. Acredito que a tecnologia aportará para os clientes de forma muito mais natural e orgânica, obrigando que os outros elos se moldem, se transformem em integrantes deste ecossistema inovador e deixem sua proposta de valor mais atrativa e completa, sabendo trabalhar entre si”, explica.

No terceiro episódio da série Transições, Alexandra conta os aprendizados e desafios em inovação e criatividade.

“A jornada do consumidor é cada vez mais mensurável e o comportamento do usuário é peça chave de toda tomada de decisão de investimento em marketing”

Meio & Mensagem – Como foi o processo de decisão e transição do mundo corporativo atuando em uma grande empresa para entrar no ecossistema de inovação?
Alexandra Mendonça – É realmente um processo desafiador porque implica em pesar o tempo todo os dois lados, do que você poderia estar abrindo mão para uma decisão que implica aposta e risco. Mas justamente esse risco normalmente vem acompanhado de uma grande oportunidade, não só de posição, cargo, desafio, aprendizado, mas principalmente de construir ou seguir construindo algo que pode gerar um impacto gigante em uma indústria como a de marketing. Embora eu já tenha atuado em organizações com esse propósito, uma startup de fato pode te dar isso de forma tangível e com uma visão holística das coisas de uma forma muito atrativa.

De que maneira os teus aprendizados como profissional em uma grande empresa são aplicados aplicados e úteis no dia-a-dia do trabalho?
A bagagem tem sido fator decisório para várias ações e planos que estamos fazendo na Winclap. Como uma empresa puramente de tecnologia que trabalha o tempo todo com especialistas em data, AI e Machine learning para a indústria de marketing permite  aportar em quase todas as frentes. E por isso também o cargo de CRO está tão popular em empresas no Vale do Silício: mais que marketing, vendas, CRM.

 

Alexandra Mendonça: “Acredito que a tecnologia vai aportar para os clientes de forma muito mais natural e orgânica, obrigando que os outros elos se moldem” (Crédito: Denise Tadei)

Agora o oposto: Quais ensinamentos você tem do ecossistema empreendedor que aplicaria na publicidade?
É desafiante ter que saber de todas as taxas, impostos e tributos deste País, mas ao mesmo tempo é maravilhoso porque o impacto do que estamos fazendo é grande e também tudo acontece muito rápido. A tomada de decisão passa a ser única ou dividida com um time mínimo e isso sim é incrível, mas ao mesmo tempo você se vê hands on para que as coisas deem certo, e a pressão acaba sendo muito maior, é o lado do ecossistema empreendedor.

Isso é aplicável à publicidade?
Isso deveria ser muito mais facilmente aplicado na publicidade e digo isso com base na nossa proposta de valor: com um SaaS ou um serviço full de marketing baseado em data e tecnologia, os anunciantes não deveriam ter tanto receio de não conseguir priorizar a capacidade do teste ou delegar para quem não tem know-how esta decisão, porque podem colher resultados muito significativos no curtíssimo prazo (para si mesmos como carreira e para a companhia). É assim que a nossa indústria se move e as marcas e clientes em geral deveriam estar mais abertos a entender de fato o que é novo e que realmente aporta valor, o que mexe em temas mais polêmicos como transparência e combate a fraude de forma implacável, mas com muito mais profundidade.

“A indústria de marketing ainda está sofrendo em meio a tantos players e modelos de negócios passados”

Pode indicar insights que sua experiência recente gerou em termos de consumo, experiência, inovação e marketing?
A indústria de marketing ainda está sofrendo em meio a tantos players e modelos de negócios passados, faço a comparação com a indústria financeira: basta olhar as fintechs X bancos, tem espaço para todo mundo? Tem, mas obrigou ou acelerou os bancos a de fato mudarem sua proposta de valor com o consumidor. Quando pensamos na indústria de marketing sobre o ponto de vista B2B e a cadeia tradicional: cliente – agência – veículo, sabemos que muito mudou. Acredito que a tecnologia vai aportar para os clientes de forma muito mais natural e orgânica, obrigando que os outros elos se moldem, se transformem em integrantes deste ecossistema inovador e deixem sua proposta de valor mais atrativa e mais completa, sabendo trabalhar entre si.

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