“Cultura de compartilhamento fortalece a inovação”
No 6º episódio da série Transições, Renato Dias, CEO do Taqe, ressalta a importância do entendimento da estrutura de grandes empresas para o dia a dia das startups
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Luiz Gustavo Pacete
5 de setembro de 2019 - 6h00
Há 19 anos, Renato Dias iniciava sua carreira na comunicação ao embarcar na antiga Fulano, atual FBiz. Passou pela AgênciaClick, atual Isobar, até chegar na Natura, onde desenvolveu vários projetos ligados a digital. A combinação de agências digitais e anunciante lhe ajudou a entender que a estrutura de uma grande empresa também é um exemplo importante para quem decide empreender.
“Uma das grandes vantagens é conhecer bem o funcionamento de uma grande corporação, como estrutura, processo decisório, aspectos políticos, dilemas típicos”, explica, ressaltando o quanto esse aprendizado é útil na carreira de empreendedor. Em janeiro de 2017, Dias fundou a Taqe, aplicativo de empregos que capacita e recomenda jovens para o mercado de trabalho por meio de games, em forma de aulas e testes interativos.
“Surpreende a velocidade com que o ecossistema empreendedor vem se formando e moldando nos últimos anos. Além do óbvio incentivo financeiro, isso se deve a uma forte cultura de compartilhamento”
Nessa nova dinâmica, ele também enxerga a importância e o papel da cultura do compartilhamento. “É curioso como até mesmo empresas que de certa forma concorrem entre si estão abertas ao diálogo e à troca nos diferentes fóruns do mercado”, afirma. No 6º episódio da série Transições, Dias, fala também sobre impacto, resolução de problemas e dinâmicas do ecossistema de startups.
Meio & Mensagem – Como foi o processo de decisão e transição do mundo corporativo atuando em uma grande empresa para entrar no ecossistema de inovação?
Renato Dias – Como um especialista em comunicação digital, cheguei à conclusão de que meu impacto seria maior fora de uma grande corporação e decidi sair para empreender. Nos primeiros seis anos, atuei como uma agência e consultoria de comunicação especializada em criação de redes de colaboração e mídias sociais. Sempre atento às oportunidades de negócio e de impacto social, a partir de uma experiência com o Monster.com (site de empregos), eu e meus sócios tivemos o insight para criar o Taqe, uma HR Tech que capacita e recomenda profissionais para o mercado de trabalho, agora com dois anos de operação.
De que maneira os teus aprendizados como profissional em uma grande empresa são aplicados e úteis no dia a dia do trabalho?
Acredito que uma das grandes vantagens é conhecer bem o funcionamento de uma grande corporação, como estrutura, processo decisório, aspectos políticos, dilemas típicos. Acredito que isso permite que eu me coloque “na cadeira” do meu cliente e. assim. ajudá-lo a superar todos os desafios para que ele adote nossa solução.
“Sempre falo que não existe uma faculdade ou pós-graduação em administração de startups, então, como todo mundo está testando e descobrindo a forma de fazer, há uma enorme disposição em aprender e ensinar”
Agora o oposto, quais ensinamentos você está tendo do ecossistema empreendedor que aplicaria na publicidade?
Surpreende-me a velocidade com que o ecossistema empreendedor vem se formando e moldando nos últimos anos. Além do óbvio incentivo financeiro, isso se deve a uma forte cultura de compartilhamento de conhecimento dos próprios empreendedores e dos fundos de investimento, que têm muito interesse que todos entrem em forma. E também das aceleradoras, que se conectam com mentores e outros atores do ecossistema. Sempre falo que não existe uma faculdade ou pós-graduação em administração de startups, então, como todo mundo está testando e descobrindo a forma de fazer, há uma enorme disposição em aprender e ensinar.
Qual a importância da mentalidade de compartilhamento neste cenário?
É curioso como até mesmo empresas que, de certa forma concorrem entre si, estão abertas ao diálogo e troca nos diferentes fóruns do mercado. Todos são muito diretos e francos. Os empreendedores escolhem um problema a ser solucionado com seus negócios e os fundos têm as suas teses de investimento. O empreendedor não perde o foco, não investe tempo com o cliente que não possui o perfil de cliente ideal ou com o cliente que não sente a dor que busca resolver. Os fundos são claríssimos sobre o que estão buscando e o que podem oferecer. Se não encaixa na tese, se não atingiu determinada tração, se tem algo a ser ajustado no modelo de sociedade, se precisa de ajustes no modelo de negócio, não importa, todo feedback é extremamente claro e, em geral, chega com algum material ou orientação de como você deve fazer para evoluir, contatos com quem deve falar, ou seja, a conversa é franca. Enfim, é um ambiente demandante, mas muito propício ao aprendizado.
Pode indicar insights que sua experiência recente lhe gerou em termos de consumo, experiência, inovação e marketing?
O primeiro: seu produto existe para resolver um problema, uma dor, de um cliente com características e contexto bastante específicos. Qual é o perfil do cliente ideal para o seu produto? Isso parece óbvio, mas vai muito além de descrições genéricas “mulheres de classe AB, com filhos, de São Paulo Capital”, por exemplo. Hoje em dia, é preciso esmiuçar, a fundo, o perfil do público. Acho muito interessante como no mundo das startups existe um certo roteiro para o crescimento. Então os negócios são classificados segundo seu estágio de maturidade e o sucesso é medido de forma diferente para cada estágio. Terceiro: como construir um negócio que gere receita recorrente, escalável e previsível? Como desenvolver uma máquina de vendas? No mundo das startups, os empreendedores buscam tornar seu processo de vendas o mais científico possível. Encontrando a fórmula, é possível investir para escalar. São impressionantes as estratégias e as operações de vendas de empresas B2B como Resultados Digitais, Gympass e afins.
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