Presidente da Oi deixará operadora em janeiro
Decisão acontece depois de operação da PF realizada na sede da empresa
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Sergio Damasceno Silva
11 de dezembro de 2019 - 12h12
O presidente do Grupo Oi/Telemar, Eurico de Jesus Teles Neto, anunciou, nesta terça-feira, 10, que deixará o cargo em 30 de janeiro de 2020. O anúncio ocorreu no mesmo dia em que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram nova fase da operação Lava Jato, que investiga repasses do Grupo Oi para empresa de Fábio Luis Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive com a presença da PF na sede da Oi, no Rio de Janeiro. Há suspeita de repasses de mais de R$ 100 milhões.
Segundo a Oi, o presidente tinha a obrigação de anunciar sua saída do cargo por conta do Termo de Ajustamento e Modelo de Transição de Diretoria Executiva, homologado pelo Juízo da Recuperação Judicial, em junho deste ano. “A minha saída não tem nada a ver com a operação de hoje (ontem, 10). Eu estou obrigado a falar que estou saindo da companhia no dia 30 de janeiro de 2020 e o conselho vai indicar um novo presidente”, disse o presidente da Oi, Eurico Teles. De acordo com o presidente, a Oi tem “colaborado com as autoridades e nunca deixou de responder qualquer ofício”. Desde o início do processo de recuperação judicial, a empresa reduziu sua dívida de R$ 65 bilhões para R$ 14 bilhões.
Conforme a Folha de S.Paulo, segundo Teles, sua saída está prevista para o dia 30 de janeiro de 2020 e já tinha data marcada desde junho. Tanto ele como seu provável sucessor, o COO Rodrigo Modesto de Abreu, negaram beneficiar o governo Lula em troca de negócios com Lulinha. “Qual foi o benefício que teve essa companhia por alguém? Eu desconheço. Estou aqui há 38 anos e vou te dizer o seguinte: essa companhia é só pepino. É só pepino. Mas é isso mesmo. Gente, ela foi para a recuperação judicial!”, disse Teles, segundo a Folha.
Abreu afirmou que as operações apontadas pelo Ministério Público como benéficas à companhia, na verdade foram prejudiciais. Segundo ele, o grupo assumiu dívidas bilionárias no processo de fusão com a Brasil Telecom e de participação na Portugal Telecom. O executivo afirmou que essas operações são objeto de auditoria desde setembro deste ano e que a companhia vem fornecendo as informações solicitadas pelos investigadores.
Comunicado
Em comunicado enviado ao mercado, a operadora disse:
“A Oi esclarece que, no âmbito das definições de seu plano de recuperação judicial, aprovado em Assembleia Geral de Credores em dezembro de 2017, foram estabelecidos novos padrões de governança e composição societária, culminando em uma nova estrutura de administração, com a eleição de um conselho independente e de uma diretoria-executiva responsável pela implementação do plano de RJ. Com a homologação de seu plano pelo Juízo da RJ, esta gestão iniciou um processo de soerguimento da companhia, sob supervisão judicial, seguindo ritos legais e de forma transparente. Nesse contexto, a companhia anunciou ao mercado, no início deste semestre, a implementação de um plano de transformação de seu negócio.
– No âmbito de investigações já concluídas ou em curso por diferentes autoridades, a companhia tem participado de forma colaborativa, com o envio de todas as informações solicitadas. A gestão da companhia reitera que não compactua com nenhuma irregularidade e não tem medido esforços para assegurar que quaisquer ações que eventualmente possam ter prejudicado a companhia sejam integralmente apuradas.
– Sob o ponto de vista da companhia, é importante ressaltar que os episódios até agora mencionados nas investigações não representaram de fato nenhum benefício ou favorecimento a seus negócios. Ao contrário, a companhia, ao protocolar sua petição com pedido de recuperação judicial, elencou alguns desses episódios – a exemplo da fusão com a Brasil Telecom e operações societárias com a Portugal Telecom – como componentes que levaram à crise de liquidez que justificou esse pedido.
– A Oi, também no âmbito de sua transformação de governança e administração, vem adotando e aprimorando uma série de iniciativas e procedimentos internos, que incluem revisão e adequação de contratos, estabelecimento de novas práticas de gestão e adoção de regras estritas de compliance. Nesse contexto, a companhia tem adotado processos de auditorias internas e forenses, com o objetivo de apurar quaisquer irregularidades. Estes processos são fundamentais para a tomada de decisões e medidas corretivas.
– A Oi é a principal interessada no total esclarecimento de eventuais atos praticados que possam lhe ter gerado prejuízo e reafirma o compromisso de seguir com seu processo de transformação, mantendo-se em linha com os mais elevados padrões de governança, ética e transparência.”
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