Especialistas dão dicas para adaptação ao home office
Lilian Cidreira (ESPM Rio), Jacqueline Resch (Resch RH) e a coach Lucia Cipriano analisam os obstáculos da mudança repentina da rotina e os caminhos para auxiliar na nova realidade
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Teresa Levin
8 de abril de 2020 - 6h00
Uma sociedade que repentinamente teve que ingressar no trabalho em home office. A realidade que a pandemia do coronavírus impôs para a maior parte das pessoas traz obstáculos que levam muitos profissionais a encontrarem dificuldades no atual cenário. Mas o que fazer para aliviar os problemas que aparecem? Especialistas em psicologia e recursos humanos ouvidos pela reportagem do Meio & Mensagem apontam que é fundamental entender que o momento traz percalços para todos mas que para que esta nova forma de trabalhar seja vivida da melhor forma possível é preciso seguir algumas regras e “combinados”, feitos inclusive com todos os membros da família, além de criar uma rotina.
“A adoção do home office não foi desejada ou planejada e este modelo vem junto com o home life. Se antes aquele tempo era dedicado exclusivamente ao trabalho, agora é dividido com atenção às crianças, idosos e tarefas domésticas. Para muitos a jornada só aumentou, e muito”, analisa Jacqueline Resch, consultora e sócia-diretora da Resch Rh.
Lucia Cipriano, coach e consultora organizacional, concorda e acrescenta que esta não é uma mudança fácil. “Os trabalhadores em home office têm reclamado de dificuldades de concentração, ansiedade, dores no corpo e enxaqueca com frequência”, revela. Para ela, os profissionais com filhos pequenos ou idosos em casa estão particularmente desfavorecidos já que deles passou a ser exigido, de um dia para o outro, uma tripla jornada, onde se veem responsáveis por atividades profissionais, domésticas e familiares, sem poder recorrer à ajuda externa de escolas, empregados domésticos ou familiares, por exemplo. “Porém, é uma mudança possível, que requer planejamento e entendimento de que nossa vida mudou, mesmo que temporariamente”, diz.
Para Lilian Cidreira, professora de Liderança e Inteligência Emocional da ESPM Rio, algumas dicas ajudam a melhorar esta situação, como gerar acordos dentro de casa e fazer um planejamento com a organização de uma agenda de trabalho. “Sugiro isso como dica de produtividade. Quando trazemos o escritório para o home office temos muitas vezes profissionais que tornam-se os produtivos, que não entendem a hora que começa e acaba o trabalho e, como não se deslocam, viram workaholics, ou aqueles que, como estão em casa, se distraem facilmente. É difícil achar o equilíbrio”, observa. A lista de tarefas, explica Lilian, ajuda a organizar a semana, elencar os dias em que a casa será priorizada ou o trabalho. “A organização da tarefa semanal facilita com que a sua cabeça visualize o que precisa ser feito e estimula a produtividade”, avisa.
Criar um horário de início e fim do trabalho é fundamental, assim como ter pausas ao longo do dia, como acontece em uma empresa, onde se levanta para tomar um café, exemplifica a consultora. “Há técnicas como trabalhar uma hora e parar por 15 minutos e levantar, fazer algo que distraia o cérebro. Isso ajuda a evitar a sensação de que não se está conseguindo respirar”, fala. Por fim, ela reforça que é fundamental escolher um local na casa para ser o “escritório” temporário. “Nem todo mundo tem condição de criar um escritório em casa, mas precisa definir um espaço, nem que seja um canto da mesa da sala. É o local do trabalho e, ao sair dali, o resto é o local de descompressão. As empresas têm os locais de produção e algumas têm até a sala de descanso. São questões ligadas à neurociência, o cérebro reage bem se for criada uma rotina, quem não se adapta pode não estar conseguindo isso. Como não tem rotina, eleva o nível de estresse, fica menos produtivo, e isso vira um redemoinho”, alerta.Já Lucia lembra, ainda, que é importante manter uma rotina de sono, higiene pessoal e alimentação. “Incluir atividades de lazer na agenda, tanto individuais, quanto com os familiares. Reservar um momento do dia para atividades físicas e espirituais, para manter o estresse em níveis controlados. Assistir a um programa de TV com toda a família, jogar um jogo de tabuleiro ou vídeo game e até um pingue-pongue na mesa da sala, podem ser ótimos aliados da quarentena”, pontua. Para quem mora sozinho, ela diz que seria bom tirar da gaveta aquele plano de aprender a cozinhar ou estudar uma língua estrangeira, para desenvolver novas competências de vida e sentir-se aproveitando de forma especial a quarentena e o home office. “É preciso aceitar que estamos vivendo um momento único e que precisaremos sobreviver, com toda a fragilidade que essa realidade da quarentena nos impõe”, recomenda.
Se nada disso ajudar, Jacqueline lembra que vale buscar alternativas. “Um exercício interessante é refletir sobre experiências difíceis no passado para resgatar recursos e competências utilizados na época, para dar a volta por cima. Estes recursos são patrimônio pessoal e podem ser acessados também agora para ajudar na aceitação e gestão da situação atual”, diz. Mas, se os impactos emocionais estiverem realmente se destacando, ela recomenda a procura de ajuda. “Muitos psicólogos têm disponibilizado apoio pontual via internet para pessoas que precisam de escuta especializada neste momento. Um deles é o Time de Apoio Psicológico Humanidades 2020”, informa.
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