Trabalho híbrido aquece cenário das empresas de coworking
Pandemia mexeu com as estruturas das companhias e aumentou a busca por espaços compartilhados para os funcionários
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Valeria Contado
16 de fevereiro de 2022 - 6h00
Em março de 2020, o Brasil iniciou uma longa série de medidas restritivas para tentar conter o avanço da Covid-19. A pandemia havia chegado ao País com força, obrigando muitas empresas a estabelecer o home office como o regime momentâneo de trabalho, para garantir a segurança de seus funcionários. Tecnologias e equipamentos tiveram que ser adaptados ao novo esquema, assim como as reuniões, que passaram a ser virtuais.
Esse contexto de preocupação acabou avançando por vários meses, por conta das novas ondas de Covid-19. Com o avanço da vacinação, no ano passado, as empresas começaram a retomar o trabalho presencial, porém, de forma diferente. Muitas delas acabaram apostando em um modelo híbrido, combinando as idas ao escritório com dias de trabalho em home office. Esse modelo acabou se tornando uma aposta para muitas empresas.
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A mistura entre o presencial, que traz aos colaboradores o contato entre si, e o digital, com o conforto de não precisar se locomover pelo trânsito caótico das cidades brasileiras, se tornaram elementos fundamentais na busca para os profissionais que querem mais qualidade de vida. Sob essa perspectiva, as empresas de coworking notaram, também, uma mudança em seu perfil de clientes, com mais empresas interessadas, também, em aproveitar os espaços para esse modelo de trabalho flexível.
Os primeiros meses da pandemia, quando boa parte dos funcionários foram colocados em home office, foram difíceis para essas empresas. No entanto, a flexibilização do estilo de trabalho e dos negócios das empresas foram importantes para o desenvolvimento desse mercado. A WeWork, operação global que conta atualmente com 32 unidades no Brasil, viu seu número de parceiros aumentar dez vezes em relação ao início de 2020. Já a Hub, outra empresa nacional de coworking, que opera no Norte e Nordeste brasileiro, está com 100% de ocupação e filas de empresas que querem usar os espaços de seus escritórios.
Alguns motivos fazem com que os espaços de coworking tenham um período de alta nos negócios. Um deles tem a ver com questões de contratos e de aluguel. Felipe Rizzo, CEO da WeWork Brasil, explica que um contrato de aluguel de empresa, de forma geral, envolve, em média, de 10 a 15 anos de acordo, enquanto no modelo do coworking, esses acordos são mais curtos e privilegiam o planejamento. O executivo acredita que as empresas precisaram repensar os seus espaços e como eles serviam aos colaboradores e, dessa forma, elas passaram a recorrer a essa alternativa para encontrar hubs nas cidades que pudessem atender a demanda de seus funcionários por diferentes localizações.
Para Alfredo Junior, diretor da Hub Plural, depois dessa mudança pelas quais as empresas foram obrigadas a passar, não existirá mais um modelo único de trabalho, e as companhias estão se adaptando às formas diferentes de atender aos seus interesses com as tecnologias disponíveis. O executivo acredita que o modelo 100% digital – que por um tempo foi o salvador durante o auge da pandemia – não funciona mais como no início. “Houve perda do sentimento de pertencimento, ainda mais com vários funcionários que acabaram enfrentando doenças. O 100% remoto não é a solução”, opina. A percepção do diretor é de que as empresas que utilizam o coworking estão conseguindo manter os seus talentos na casa. “Os funcionários estão mais produtivos, mais felizes, até por um diferencial do que oferecemos, hospitalidade, acolhimento, interação entre as pessoas, respeitando as medidas sanitárias”, afirma.
Assim como na Hub Plural, a WeWork está estudando com seus clientes a melhor forma de implementar os serviços híbridos. “A grande missão que temos é a de ajudar o mercado para ajustar qual o melhor modelo, o que melhor se adequa, em uma métrica de crescimento financeiro, com foco em sustentabilidade”, comenta Rizzo.
Contudo, além do conforto dos parceiros, e obviamente questões financeiras e de sustentabilidade, as empresas de coworking tiveram também que se preocupar com questões sanitárias e de protocolo. A WeWork, como uma empresa global, conseguiu ter uma visão dos passos a seguir nesse sentido antes das próprias parceiras no Brasil. “Pudemos entender protocolos de segurança, entender a forma mais segura de atender os nossos membros”, explica o CEO.
Agora, essas companhias já começaram a pensar no futuro e nos negócios. Com o crescimento da demanda por trabalho híbrido, e com as marcas repensando o seu espaço, a tendência é que esse mercado cresça. A Hub Plural, por exemplo, tem escritórios em cidades do Norte e Nordeste, como Recife e Boa Vista, prevê um crescimento exponencial para os próximos anos. Alfredo Junior acredita que esse modelo possa chegar a 30% do mercado de escritório em quatro anos, enquanto, atualmente ocupa 2%. Isso faz com que a marca faça planos para crescer. “A nossa expectativa é dobrar de tamanho, chegando a 12 mil metros até o fim do ano, e chegar até 50 mil metros até 2026”, comenta.
Já a WeWork, que, além do Brasil (com operações em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre), também tem escritórios em países como Bélgica e China e Brasil, entende que a proposta dos escritórios que trazem um modelo flexível será o futuro do trabalho. Felipe Rizzo diz que o futuro híbrido é a chave para que uma empresa consiga se organizar e atender com sabedoria os seus colaboradores, da melhor forma possível. “Estou trazendo a experiência para os meus funcionários, de como criar conexões e colaborações, e os nossos ambientes são pensados para isso”, avalia.
Crédito topo: Divulgação / WeWork
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