Negócio de US$ 10 bi, NFL enfrenta crise
Liga de futebol americano procura superar escândalo de violência doméstica protagonizado por jogador do Baltimore Ravens
Liga de futebol americano procura superar escândalo de violência doméstica protagonizado por jogador do Baltimore Ravens
Meio & Mensagem
15 de setembro de 2014 - 4h36
(*) Por E.J. Schultz, do Advertising Age
Que a NFL (National Football League) teve uma péssima semana, é óbvio. O que ainda não está não claro é qual será o dano causado à liga de futebol americano pelo episódio de violência doméstica protagonizado pelo jogador Ray Rice (um vídeo que mostra o atleta do Baltimore Ravens nocauteando a noiva se tornou público na semana passada).
“A resposta definitiva de fãs e patrocinadores vai depender se eles vão acreditar que a NFL ignorou ou evitou evidências e se houve uma tentativa da liga de encobrir as ações e enganar o público”, afirma Jim Andrews, vice-presidente sênior de estratégia de conteúdo da consultoria de patrocínio IEG.
A percepção do consumidor em relação à NFL caiu ao menor patamar desde junho de 2012 na semana passada, de acordo com o YouGov BrandIndex.
Há muita coisa em risco para a liga esportiva número um dos Estados Unidos, que tem receitas anuais superiores a US$ 10 bilhões. Os patrocinadores que injetam mais de US$ 1 bilhão na NFL, segundo a IEG, por enquanto estão do lado da liga ou não se manifestaram.
A Verizon Communications, por exemplo, se comprometeu a ajudar a NFL a desenvolver um programa para combater a violência doméstica. Já a PepsiCo afirmou em comunicado que “está animada por ver a NFL tratar o tema com a seriedade que ele merece”.
Já a Nationwide Insurance disse que “permaneceria em contato com a liga para compreender os desdobramentos da investigação” e que “espera que a liga trate do assunto apropriadamente”.
Com 45% da sua base de fãs composta pelo público feminino, a NFL está sob forte pressão de grupos de defesa de mulheres e políticos. O senador Richard Blumenthal, por exemplo, pediu a demissão do comissário da NFL Roger Goodell se for confirmada a informação de uma reportagem da Associated Press que afirma que o vídeo de Rice batendo em sua então noiva foi enviado para a liga em abril.
Citando uma autoridade não identificada, o artigo levanta suspeitas sobre a afirmação da liga de que apenas soube do vídeo após a publicação do mesmo pela TMZ no começo da semana passada. Especialistas esperam que a NFL tente controlar os danos na forma de ações de voluntariado, apoio financeiro e à inclusão de grupos de mulheres.
Enquanto os administradores da NFL e Goodell estão cambaleando, os principais ativos da liga, os times, aparentemente estão escapando ilesos. Claudia Caplan, vice-presidente sênior de desenvolvimento de negócios da MDC Partners, compara o caso com pessoas dando notas baixas para o Congresso, mas ainda gostando do congressista de sua cidade.
"Se sou um torcedor dos Bears de longa data, posso odiar Roger Goodell ou a liga o tanto que eu quiser, mas isso não vai me impedir de ser fã do meu time, de ir aos jogos ou de usar o uniforme”, afirma a profissional, que tem experiência no mercado esportivo.
Isso ficou evidente na rodada dupla do Monday Night Football, da ESPN, que foi ao ar exatamente quando o escândalo de Ray Rice estava ganhando força. As partidas terminaram com as duas maiores audiências da noite, atraindo 12,6 milhões de telespectadores.
E onde tem audiência tem também grandes patrocínios, incluindo empresas que cortejam o público feminino. Este é o caso do CoverGirl, da Procter & Gamble, patrocinador de beleza da NFL. “Nós apoiamos todas as mulheres e acreditamos que todos têm o direito de viver em um mundo livre de assédio, discriminação ou abuso”, afirmou uma porta-voz da empresa após ser questionada sobre o episódio com Rice.
Procura-se
Enquanto a NFL lida com a pior crise de imagem da sua história, a liga está em busca de um novo CMO (chief marketing officer). A vaga surgiu quando Mark Waller, no cargo desde 2009, foi promovido ao posto de vice-presidente executivo sendo responsável pelas operações internacionais. O profissional continuará como CMO até que um substituto seja encontrado. A posição se tornou mais desafiadora depois da crise com Ray Rice, o que levou o Ad Age a especular sobre as aptidões necessárias para o novo contratado. Veja abaixo.
Descrição da vaga:
Cuidar de toda a publicidade da liga, incluindo campanhas estreladas por esposas de jogadores alertando sobre a gravidade da violência doméstica.
Responsabilidades:
Além de cuidar da publicidade, se um oficial de justiça lhe enviar um vídeo de um jogador infringindo a lei, mande-o imediatamente ao comissário. E mantenha a Rihanna fora do campo por um tempo.
Experiência requerida:
Gestão de crises. Especialmente crise de comunicação. Experiência na Exxon Valdez preferencialmente.
Tradução: Fernando Murad
Compartilhe
Veja também
Nike e NFL renovam parceria de materiais esportivos até 2038
Parceria reforça expansão global do esporte, além do desenvolvimento e capacitação dos atletas
As collabs mais inusitadas – e estratégicas – de 2024
Bauducco e Cimed, Risqué e Doritos e Boticário com Paçoca Amor são algumas das parcerias que geraram produtos para captar a atenção dos consumidores de diferentes universos ao longo do ano