O Apple Pay será o fim das carteiras?
Fabricantes reduzem espessura para atrair público jovem que não quer mais carteiras no estilo George Costanza, do seriado Seinfeld
Fabricantes reduzem espessura para atrair público jovem que não quer mais carteiras no estilo George Costanza, do seriado Seinfeld
Meio & Mensagem
22 de setembro de 2014 - 10h45
(*) Por Ashley Rodriguez, do Advertising Age
A Apple está pressionando os fabricantes de carteiras com seu novo sistema de pagamento móvel, chamado Apple Pay, que ameaça perturbar toda a indústria. A carteira digital introduzida na semana passada permite aos consumidores fazer pagamentos presenciais ou online usando seus telefones – eliminando, definitivamente, a necessidade de uma carteira tradicional.
No entanto, as fabricantes de carteiras ainda não estão se debatendo. Afinal de contas, nós carregamos outras coisas além de cartões de crédito nas carteiras. “Definitivamente terá algum impacto, mas não acredito que será um impacto generalizado”, diz Michael Lyons, da Rogue Industries, uma fabricante sediada em Maine. “Mesmo que algumas pessoas queiram ter um smartphone capaz de fazer pagamentos, muitas outras ainda vão levar dinheiro vivo, documentos e cartões na carteira”, complementa.
Carteiras digitais também estão sujeitas às mesmas forças volúveis dos nossos telefones – a duração da bateria e a conectividade. "A última coisa que queremos é ir a algum lugar, precisar pagar por algo e não conseguir porque o telefone não está funcionando”, afirma Justin Dobbs, fundador e CEO da Wallet Shoppe, uma loja online. "Eu adoro meu iPhone, mas não sei se confiaria completamente nele se eu precisasse dele numa situação de emergência”, aponta.
A Apple não é a primeira marca a oferecer pagamento virtual aos consumidores. O Google se juntou ao Citi e a Mastercard há três anos para criar uma carteira digital. A Visa deu um grande impulso neste ano para seu novo sistema de pagamento móvel, chamado Visa Checkout. Além disso, PayPal, Square e Mastercard têm suas plataformas próprias. Mas quem realmente representa uma ameaça para as carteiras é a Apple, que tem um histórico comprovado de reunir legiões de consumidores em torno de seus produtos. “A Apple é sempre diferente”, afirma Lyons. “Acredito que a Apple trará um nível de inovação que nunca vimos antes”.
Até o momento, as carteiras digitais não influenciaram muito as vendas das carteiras tradicionais. A Rogue Industries, que é especializada em modelos finos e que bloqueiam sinais de radiofrequência para proteger os dados dos usuários de clonagem, registrou crescimento forte na receita no ano passado, segundo Lyons, que não abriu os números.
As carteiras, provavelmente, não sairão do mercado tão rápido, mas o estilo tradicional deve desaparecer aos poucos. As marcas estão diminuindo a espessura dos seus produtos e colocando compartimentos para cartões para atrair consumidores, especialmente os jovens, que não querem carregar carteiras volumosas e desajeitadas. “Enquanto as vendas de carteiras tradicionais podem recuar, o mercado de modelos slim está em franco crescimento”, conta Dobbs. “As pessoas estão cansadas de carregar por aí carteiras volumosas no melhor estilo Costanza”, diz em referência ao personagem George Costanza do seriado Seinfeld.
Mesmo nos mercados fashion, nos quais os tamanhos generosos têm grande saída porque os produtos são mais acessórios do que utilidades, as marcas esperam que as carteiras continuem diminuindo sob a influência dos cartões de crédito e das carteiras digitais. “As carteiras de duas dobras que colocamos no bolso de trás vão começar a parecer um pouco à moda antiga”, projeta Will Snyder, presidente da J.Fold, marca de carteira de Nova York.
Tradução: Fernando Murad
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