Que saudade da minha Sony!

Paulo Sergio Quartiermeister
24 de abril de 2012 - 11h47

Não faz tanto tempo assim quando, ao se falar de algum produto eletrônico como sonho de consumo, em qualquer canto do planeta, a Sony era a marca mais desejada. Destacava-se como sinônimo de inovação tecnológica, qualidade incomparável, status – dizer que sua TV era Sony, por exemplo, fazia seu dono, após pagar um preço alto por ela, se sentir orgulhoso, exclusivo, importante.

Como interpretar, então, o discurso do novo comandante da empresa, Kazuo Hirai, afirmando que a empresa precisa ser reinventada logo para sair da atual e já prevista futura situação financeira tão triste? Como uma marca que tinha tudo o que tantos sonham foi parar no buraco?

Uma análise mais simples mostraria várias causas fora do seu controle: economia global em crise, terremoto, etc. Mas o que está acontecendo com a Sony neste momento tem como origem o que ela fez, ou deixou de fazer, há bastante tempo.

Por isso, espero que o novo CEO não culpe a Apple – incluindo a genialidade de Steve Jobs – e os coreanos, os quais, na verdade, souberam virar o jogo cujas regras antes eram determinadas pela fabricante japonesa. Sob o risco de ser reduzida a uma marca de menor importância ou até mesmo desaparecer, a nova Sony obrigatoriamente passa por um profundo aprendizado sobre sua incompetência estratégica, incluindo, aí, um esfriamento enorme no relacionamento da marca com seus consumidores.

Não há dúvidas que a Sony tem que ser reinventada. Resta saber se conseguirá voltar ao que era, nos dias globais de hoje, quando, isolada, a inovação tecnológica não mais significa um longo período de vantagem sobre a concorrência. Pago pra ver.