Cem milhões de curtidas
Em entrevista, Diego Dzodan diz que Facebook tem 102 milhões de usuários brasileiros ativos, colocando o País como terceiro maior mercado da empresa
Em entrevista, Diego Dzodan diz que Facebook tem 102 milhões de usuários brasileiros ativos, colocando o País como terceiro maior mercado da empresa
Igor Ribeiro
18 de abril de 2016 - 10h21
Em sua primeira entrevista desde que assumiu a vice-presidência para a América Latina do Facebook, há dez meses, Diego Dzodan revela números exuberantes sobre a operação brasileira da mídia social. O País tem hoje 102 milhões de usuários ativos mensais, com 93 milhões de acessos via celular.
Como terceiro maior mercado da plataforma no mundo, está na linha de frente das estratégias comerciais. Soluções de vídeo e sua integração à mobilidade são a prioridade nessa busca. A importância do mercado brasileiro deve atrair ferramentas desse tipo em prazo recorde.
Nesta entrevista, o executivo argentino atesta esse protagonismo, fala de estratégias de publicidade e do episódio de sua prisão preventiva no início de março, por descumprimento de ordens judiciais envolvendo uma investigação sobre o crime organizado em Sergipe. Diego conseguiu um habeas corpus e foi solto no dia seguinte.
Meio & Mensagem — Como foi passar um dia na prisão?
Diego Dzodan — Trataram-me superbem, com todo respeito. Temos um diálogo muito positivo, construtivo com as autoridades já há muito tempo e vamos manter esse mesmo foco. Evoluir na conversa sobre a tecnologia.
O Facebook ainda está sendo processado? Um cálculo estimado da multa judicial ultrapassa os R$ 36 milhões devidos à Justiça do Sergipe. Procede?
É um caso que está em sigilo e não podemos falar. Porém, com o mesmo espírito, sempre mantivemos uma conversa muito construtiva e muito aberta e vamos manter o mesmo diálogo com esse caso ou qualquer outro.
Essas discussões têm ocupado quanto de sua agenda? Não só o episódio de Sergipe, mas assuntos judiciais envolvendo o Facebook, ou até mesmo o WhatsApp, ainda que o aplicativo não possua operação no Brasil.
O que você colocou é muito preciso. O WhatsApp não faz parte da minha responsabilidade, portanto tenho dedicado zero tempo a esse tema em particular. A missão do Facebook é ajudar as pessoas a se expressarem e tornar o mundo mais aberto e conectado, e parte desse objetivo passa pelo engajamento com autoridades para manter essa conversa produtiva, construtiva. É um tema que requer sempre alguma dedicação de tempo. Não é a principal atenção, mas sempre é um dos elementos que temos de atender.
Como o Facebook se posiciona sobre a preocupação crescente a respeito de privacidade de dados, tendo em vista a importância do tema para seus negócios?
Para nós e para quem está em nossa plataforma é uma prioridade gigantesca. É nossa maior preocupação. Ao logo dos anos, temos crescido muito em nossa missão sobre privacidade. Sendo um tema tão prioritário, é natural que existam visões sobre como encaixar isso com outras prioridades. É um tema superimportante para nós e continuará assim. Recentemente lançamos uma solução para ajudar as pessoas a terem ainda mais controle sobre seus dados e informações. Chama-se Privacy Basics. Em primeiro lugar, ele oferece ao usuário a possibilidade de visualizar e entender exatamente o que pode ser compartilhado e para quem. Também lhe dá controle total para mudar esses quesitos. É só um exemplo recente de outras iniciativas.
Por outro lado, o Facebook se utiliza de big data para incrementar suas ferramentas de publicidade.
Procuramos entregar às pessoas que estão na plataforma seus temas de maior interesse. A experiência e preferências do usuário na plataforma são fundamentais para fornecer o conteúdo que desejam ver, sejam fotos dos amigos, reportagens de interesse… O objetivo é a partir dessa informação de comportamento, oferecer o que de mais valor há para essa pessoa, é um elemento central do Facebook e do Instagram. Não comercializamos essas informações, só usamos na própria plataforma. Se uma marca quer chegar a certa audiência para promover um produto, a gente faz essa conexão, tendo como base nossas informações.
Desde o autoplay até a recente abertura do Live a todos os interessados, o Facebook vem investindo muito em vídeo. Qual é a estratégia da plataforma para esse formato hoje e no futuro próximo?
É claramente uma ferramenta central para nós, ainda mais em sua passagem intensa para a mobilidade, e representa uma grande oportunidade. No último ano, a quantidade de vídeos assistidos na plataforma cresceu 94%. Nossa filosofia nessa área não diverge de nossas quatro principais alavancas para qualquer anunciante, só é ainda mais rica. Nosso primeiro pilar é a ferramenta em si, dentro da plataforma, seja um vídeo tradicional, um 360°, direcionado para targets específicos. Segundo é a criatividade da peça em si ou da campanha. Em terceiro a audiência para a qual vamos posicionar isso e, em quarto, medir o impacto — uma coisa muito importante que sempre repetimos para marcas e anunciantes. É fundamental que qualquer ação dentro de uma campanha possa ser mensurável como valor de negócios que entrega para a marca, ao mesmo tempo que acrescente valor também ao consumidor. Com essas quatro variáveis em mãos, a plataforma oferece diversas opções. Se quiser, por exemplo, que os vídeos sejam assistidos do início ao fim, pode requisitar essa métrica de visualização completa. Ou pode delimitar pelo menos três segundos, ou visualização inicial da tela. A medição desse impacto pode ser feita por meio da própria plataforma e relatórios de visualização ou por terceiros, que podem validar uma campanha em particular. Há muitas oportunidades para as marcas aproveitarem essa tendência. Outra estatística interessante de vídeo: 65% das pessoas que estão na plataforma disseram ter descoberto algum produto por meio de vídeo na plataforma.
Há diferenças nas estratégicas focadas nos usuários latinos ou brasileiros, em relação ao perfil americano?
O Brasil ama o Facebook, do ponto de vista de engajamento. É o terceiro país do mundo em questão de engajamento. Acabamos de bater 102 milhões de usuários que acessam a plataforma mensalmente — números oficiais e auditados do quarto trimestre de 2015. O “duplo clique” desse número são os 93 milhões de pessoas que acessam por celular. Então o brasileiro no Facebook é altamente móvel. Nada que seja radicalmente diferente do resto do mundo, mas há um interesse muito grande na plataforma mobile.
A íntegra desta reportagem está publicada na edição 1706, de 18 de abril, exclusivamente para assinantes do Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa e para tablets iOS e Android.
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