“Não tínhamos como não testar o paywall”, diz diretor do UOL
Ainda em fase de testes, cobrança por acesso ao conteúdo pode se tornar novo modelo de negócio do portal
“Não tínhamos como não testar o paywall”, diz diretor do UOL
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Bárbara Sacchitiello
5 de dezembro de 2017 - 8h00
Há alguns dias, os leitores do UOL têm se deparado com um aviso ao acessar algumas das notícias e links publicados no site. Em vez do conteúdo aberto, como sempre foi prática do portal em seus 20 anos de existência, com exceção de algumas áreas restrita aos assinantes, o UOL começou a convidar as pessoas a pagarem um valor mensal para consumirem aquele conteúdo de forma livre, ao longo do mês.
Já praticado há algum tempo por tradicionais veículos de mídia impressa – Folha, O Globo, Estadão, RBS, Valor Econômico e outros –, o paywall vem sendo o modelo de negócio mais procurado pelos portais jornalísticos tentarem monetizar o acesso digital ao seu conteúdo. O caso do UOL difere dos exemplos anteriores pelo fato de ser um veículo nativo digital a experimentar o modelo.
Por enquanto, a diretoria do portal faz questão de frisar que essa etapa inicial de cobrança pelo conteúdo ainda é uma fase de testes. “Estamos avaliando aos poucos, testando diferentes cenários e percebendo como as pessoas vêm reagindo ao modelo”, conta Rodrigo Flores, diretor de conteúdo do UOL.
Na opinião do profissional, os exemplos bem-sucedidos de mercados internacionais, sobretudo dos Estados Unidos, mostram que o modelo merece, ao menos, ser testado como possibilidade para os veículos angariarem receitas. “Não tínhamos como ficar de fora desse movimento de paywall. Essas tentativas fazem parte da transformação pela qual o setor de mídia vem passando em todo o mundo”, registra.
UOL inicia testes para implementar paywall
Embora não revele números, Flores diz que a experiência inicial do paywall do portal vem sendo satisfatória. Segundo o executivo, o portal não perdeu audiência, mesmo fechando o acesso a algumas matérias.
Questionado sobre a rejeição ao modelo que o público leitor possa ter, o diretor se apega ao exemplo da Folha, empresa pertencente ao mesmo grupo, que implantou o sistema de cobrança pelo acesso ao conteúdo online, em 2012. “Esses modelos sempre dão uma margem gratuita ao leitor esporádico, que é aquele que visita o portal de vez em quando, atraído por alguma notícia. Para esse consumidor, sempre há uma gratuidade mínima de notícias por mês. Já em relação ao leitor assíduo, que consome bastante o conteúdo do portal, acreditamos que há uma disposição em pagar pelo conteúdo porque ele costuma enxergar mais valor naquilo que é produzido”, analisa.
O UOL ainda não definiu quando o período de testes irá acabar – e quando, efetivamente, as pessoas terão de pagar para acessar o conteúdo do portal. Quando isso acontecer, entretanto, o executivo acredita que o público estará amadurecido para a mudança. “Estamos caminhando para um período em que há serviços gratuitos e pagos para todos. Quem deseja ouvir streamings de música da forma que desejar, paga uma assinatura. Mas, que não quer pagar, tem a opção de acessar de graça, ouvindo publicidade. Em relação à internet, acredito que teremos tanto uma base de audiência que continuará consumindo gratuitamente quanto outra que enxerga valor em arcar com um custo que lhe permitirá acesso ilimitado. E, como veículo, o que devemos fazer, sempre, é trabalhar para que o público enxergue esse nosso valor”, pontua.Compartilhe
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