Insegurança de mulheres no exercício jornalístico
De olho na desigualdade de gêneros, Abraji, Gênero e Número e Google News Lab divulgam pesquisa para alertar a situação de mulheres nas redações
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Victória Navarro
14 de fevereiro de 2018 - 17h09
O estudo “Gênero no jornalismo brasileiro”, realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pela organização de mídia Gênero e Número, com apoio do Google News Lab, trouxe uma análise inédita no País: a análise de assédio moral e sexual no ambiente de redações do Brasil. Os dados revelam que, apesar dos avanços dos últimos anos e em muitos veículos as mulheres serem a maioria, ainda há muita insegurança no local de trabalho e desigualdade salarial.
(Crédito: ERHUI1979 – iStock)
Entre as jornalistas que responderam à pesquisa, 86,4% já passaram por pelo menos uma situação de discriminação de gênero no trabalho. Distribuição de tarefas, pedido de promoção, aumento salarial e escalas de horários mais razoáveis foram alguns dos benefícios, apontados pelas entrevistadas, concedidos mais frequentemente aos homens. Além disso, a maioria das jornalistas afirma ter passado por situações de violência psicológica, como insultos verbais (44,2%), humilhação em público (40,5%), abuso de poder ou autoridade (63,9%), intimidação verbal, escrita ou física (59,7%), tentativa de ferir sua reputação (31%), ameaça de perder o emprego em caso de gravidez (2,3%), ameaças pela internet (13,4%) e insultos pela internet (24,7%).
Das 477 mulheres que responderam ao questionário online, 70,4% receberam cantadas que as deixaram desconfortáveis no exercício da profissão e 10,7% admitiram terem recebido propostas de vantagens profissionais ou outros benefícios em troca de favores sexuais
Para Maia Menezes, diretora da Abraji, o dado mais emblemático do estudo é o alto índice de menção a assédio sexual. Das 477 mulheres que responderam ao questionário online, 70,4% receberam cantadas que as deixaram desconfortáveis no exercício da profissão e 10,7% admitiram terem recebido propostas de vantagens profissionais ou outros benefícios em troca de favores sexuais. A executiva destaca que o assédio impacta diretamente o trabalho, principalmente quando vem de entrevistados com quem a jornalista faz contato. “O assédio de fontes é o principal foco de interesse da associação, cuja preocupação central é a preservação da liberdade de expressão”, fala.
Apesar de indicar uma longa trajetória até que a igualdade de gênero se estabeleça nas redações, a pesquisa recomenda que veículos produzam cartilhas aos funcionários e colaboradores indicando procedimentos a serem adotados por repórteres em situações de assédio. Marco Túlio Pires e Maia Menezes ainda apontam a importância de capacitar todos os jornalistas de uma redação — homens, mulheres e LGBTQ+ — sobre os temas de diversidade.
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