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Facebook e Cambridge Analytica: relembre a trajetória

Em depoimento ao Congresso americano, Mark Zuckerberg, fundador da plataforma, afirma que a empresa não fez o suficiente para proteger seus usuários


10 de abril de 2018 - 15h16

A tarde desta terça-feira, 10, é emblemática para os desfechos do escândalo do uso indevido de dados do Facebook por parte da consultoria Cambridge Analytica. Na primeira parte de seu discurso ao Congresso americano, Mark Zuckerberg, fundador e presidente-executivo da plataforma, deve reiterar o pedido de desculpas e afirmar que sua empresa não fez o suficiente para proteger os usuários, conforme a íntegra já divulgada. “Não fizemos o suficiente para prevenir que as ferramentas que criamos fossem utilizadas para prejudicar os outros. O que significa notícias falsas, interferência estrangeira em eleições e discurso de ódio”, diz.

Leia a integra do discurso aqui.

 

Recortes em tamanho real do CEO do Facebook em frente ao Capitólio nesta terça-feira, 10 (Crédito: Zach Gibson / Getty Images)

Zuckerberg reforça que a rede social também não percebeu o alcance de sua responsabilidade. “Foi meu erro e, por isso, peço desculpas”. Ele também fala sobre as medidas que a plataforma deve tomar para impedir que outras formas de uso indevido ocorram. “O Facebook vai passar a autenticar todas as entidades que queiram fazer anúncios políticos. Todos os anúncios políticos vão mostrar quem os pagou”, afirma. Após seu discurso, Zuckerberg respondeu várias perguntas sobre uso indevido de dados. Em um dos momentos, foi questionado diretamente sobre o uso de conversas para a utilização em anúncios publicitários. Ele também foi questionado sobre a garantia de que as medidas tomadas pela plataforma surtirão efeitos.

 

“Não fizemos o suficiente para prevenir que estas ferramentas que criamos fossem utilizadas para prejudicar os outros” (Crédito Reprodução)

A audiência é realizada pelos comitês de Justiça e do Comércio, Ciência e Transporte. Nesta quarta-feira, 11, Mark também falará à Câmara dos Deputados a convite do Comitê de Energia e Comércio. É a primeira vez que ele comparece ao Congresso americano. Em outubro do ano passado, o Facebook teve de prestar depoimento, juntamente com o Google e Twitter, sobre como suas plataformas poderiam ter sido utilizadas para influenciar a eleição americana no ano de 2016. Na ocasião, quem representou a empresa foi um grupo de advogados.

Diante da presença de Zuckerberg no Congresso e da crise de imagem do Facebook, um grupo de investidores, representado pela Open MIC, pediu sua renúncia. Em comunicado, Michael Connor, CEO da Open Mic, afirmou que o fundador do Facebook “não sabe conduzir uma empresa global e pública”.

O principal motivo que levou Zuckerbeg ao Congresso foi o escândalo de manipulação de dados de 87 milhões de usuários do Facebook pela consultoria política Cambridge Analytica, uma das principais forças de campanha tanto para Donald Trump ganhar a presidência americana como para os britânicos votarem pela saída da União Europeia, ambos em 2016. Diante da forma como os dados foram manipulados, o Facebook foi questionado sobre o cuidado com as informações de seus usuários. A informação veio à tona por meio de matérias publicadas pelos jornais New York Times e Guardian.

As principais notícias envolvendo o Facebook desde o escândalo da Cambridge Analytica:

17 de março de 2018 – Caso Cambridge Analytica vem à tona
Os jornais New York Times e Guardian publicam reportagens cujo ponto de partida é o depoimento de Christopher Wylie, um dos fundadores da Cambridge Analytica. A entrevista do ex-funcionário endossou a reportagem investigativa de ambos os jornais, que conectou uma vastidão de dados de eleitores de ambos os países coletada pela Cambridge Analytica a um vazamento de informações de perfis do Facebook.

20 de março de 2018 – Notícias impactam desempenho da plataforma na Bolsa
A divulgação do uso de dados do Facebook pela Cambridge Analytica repercute nos negócios da plataforma. As ações da empresa na Bolsa de Nova York recuavam mais de 7% até o início da tarde da segunda-feira, 19 de março. 

20 de março de 2018 – Ponte Estratégia encerra parceria com a Cambridge Analytica
O publicitário André Torretta, fundador da consultoria Ponte Estratégia, decidiu suspender a parceria que mantinha com a Cambridge Analytica no Brasil.  Torretta havia firmado parceria com a CA no início de 2017 após ter sido procurado pela consultoria. Na ocasião, o nome da consultoria foi mudado para Cambridge Analytica Ponte.

21 de março de 2018 – Mark Zuckerberg se pronuncia sobre o caso
Quase cinco dias após as revelações sobre dados de usuários vazados, Mark Zuckerberg falou sobre o ocorrido e ofereceu soluções em sua página no Facebook.  O executivo ainda prometeu três iniciativas para melhorar a segurança de dados de usuários na plataforma. A primeira é investigar todos os aplicativos que tiveram acesso a essas informações anteriormente às mudanças de políticas da plataforma que já haviam aumentado o rigor sobre o acesso a esses dados, realizadas em 2014.

Elon Musk foi desafiado no Twitter para que suas empresas deixassem o Facebook (Crédito: Reprodução)

23 de março de 2018 – Empresas de Elon Musk abandonam a rede
O empresário Elon Musk, dono das empresas SpaceX e Tesla, retirou suas empresas do Facebook após a reação contra a rede social.

26 de março de 2018 – Marcas questionam presença na plataforma
Algumas marcas se pronunciaram anunciando que estão deixando de investir na plataforma. A Mozilla, dona do navegador homônimo, a fabricante de equipamentos inteligentes Sonos e o banco alemão Commerzbank tiraram o Facebook de suas estratégias de marketing digital. A ISBA, entidade britânica que reúne agências de publicidade que atendem clientes como McDonald´s, Adidas, Unilever e outros, se reuniu com executivos do Facebook para pedir mudanças na plataforma.

O Facebook utilizou a mídia impressa para pedir desculpas (Crédito: Reprodução)

26 de março de 2018 – Facebook pede desculpas em jornais britânicos e americanos
O Facebook publicou anúncios de página inteira em sete jornais britânicos e três norte-americanos para pedir desculpas pelo escândalo de privacidade de dados da Cambridge Analytica, que envolveu a rede social. 

28 de março de 2018 – Fim da parceria com Serasa Experian
Facebook cancela a parceria com a Serasa Experian, que funcionava há pouco mais de dois anos. A plataforma vai atualizar suas Categorias de Parceiros, que funcionam alinhadas às informações de terceiros, incluindo dados de público. As soluções de segmentação anônima do próprio Facebook continuam funcionando.

A parceria entre o Facebook e a Serasa durou pouco mais de dois anos

4 de abril de 2018 – Facebook detalha impacto do uso de dados
O número de pessoas que tiveram seus dados roubados pela Cambridge Analytica é de cerca de 87 milhões. Entre eles, quase 500 mil brasileiros.  A informação foi revelada pelo Facebook nem um post que muda políticas de restrição de dados à terceiros. Inicialmente, acreditava-se que a empresa de marketing político tinha tido acesso a 50 milhões de perfis na plataforma.

6 de abril de 2018 – Anúncios e páginas mais transparentes
Em comunicado, Rob Goldman, vice-presidente de Anúncios, e Alex Himel, vice-presidente de Páginas do Facebook, anunciaram mudanças na maneira como a plataforma gerencia Anúncios e Páginas no Facebook, assim como no Instagram. A iniciativa, segundo eles, foi pensada para aumentar a transparência e a prestação de contas, bem como evitar interferências durante processos eleitorais.

6 de abril de 2018 – Cenp divulga posicionamento sobre privacidade de dados
O Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp) divulgou nota afirmando acreditar na autorregulação para coibir o risco de roubo e vazamento de dados de cidadãos nas redes sociais. A organização foi a público após o escândalo envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica.

10 de abril de 2018 – Mark Zuckerberg afirma que não vai deixar o Facebook
Em entrevista à revista The Atlantic, Mark Zuckerberg falou sobre o escândalo do uso de dados e afirmou que não vai deixar a empresa. “Eu me sinto muito mal e lamento por não termos feito um trabalho melhor em descobrir a interferência russa nas eleições de 2016”, disse.

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