Com audiência fiel, podcasts têm potencial de crescimento
Entre os ouvintes de áudio digital brasileiros, 25% já escutam o formato, que começa a atrair mais marcas
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Thaís Monteiro
3 de maio de 2019 - 16h13
Atualmente, segundo dados da Audio.ad, cerca de 25% dos brasileiros ouvintes de áudio digital consomem também podcasts. Para um formato que começou em 1999, em RSS, ainda é um número pequeno se comparado aos Estados Unidos, em que o formato atinge 67% da população, o equivalente a 189 milhões de pessoas. Quem não entrar na onda, pode perder um modelo de negócio que valerá US$ 1 bilhão em 2020, de acordo com um estudo da PwC. Esses dados foram apresentados por Rodrigo Tigre, presidente do Comitê de Áudio do IAB Brasil e country manager da RedMas, durante o evento Branding & Performance, do Interactive Advertising Bureau.
De acordo com Tigre, existe muito potencial de crescimento para o formato no Brasil, principalmente com a chegada dos smartspeakers ao País, tipo de tecnologia que está mais desenvolvida e popularizada nos Estados Unidos e na Europa. O executivo ainda revelou que que 91% dos ouvintes brasileiros de podcasts consomem no celular e 80% enquanto está se desloca. A maioria, 70% dos entrevistados, ouve o conteúdo de três a seis vezes por semana e a adesão maior do formato é entre o público de 25 a 34 anos, que representam 19,8% da audiência de podcast no Brasil.
Os podcasters Ju Wallauer (Mamilos), Maurício Cid (Não Ouvo) e Rodrigo Vizeu (Café da Manhã) descreveram, também no evento do IAB, que a relação com a audiência é intensa. Em conversa com Renata Loti, head de soluções criativas Latam do Spotify, Ju mencionou que a taxa de retenção do público do Mamilos, um podcast que tem duas horas em média por episódio, é de 98%. “É a mídia que o consumidor mais presta atenção, isso inclui os anúncios, e ele sabe qual marca. Qual é a contrapartida disso? Não cabe qualquer coisa. O podcaster é um influenciador. Tem que ter a ver com ele”, afirmou a Ju. A fidelidade da audiência também surpreende Cid, que também mantém o blog e canal Não Salvo. “Teve uma época em que nós precisávamos de mais grana e tentamos um método de financiamento com a audiência do podcast. Prometemos mais episódios por semana e conseguimos R$ 30 mil em 24h”, contou.Para Rodrigo Vizeu, jornalista da Folha de S. Paulo (casa do Café da Manhã), o formato também auxilia na conquista de audiência de conteúdo jornalístico. “No texto, as pessoas só comentam para xingar, principalmente porque só costumam ler o título. Acredito que no podcast, as pessoas ouvem realmente. No Presidente da Semana (seu podcast anterior, sobre os presidentes brasileiros) eu recebi muito comentário dizendo ‘é da Folha, mas gostei’. Muda a imagem do jornal, porque a pessoa está ouvindo. E eu não faço nada diferente dos meus colegas, sigo os mesmos princípios editoriais”, explicou.
**Crédito da imagem no topo: Malte Wingen/Unsplash
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