O que o Dazn pretende fazer no Brasil?
Vice-presidente executivo da empresa, Bruno Rocha fala pela primeira vez sobre as desafios e oportunidades da plataforma no país
Vice-presidente executivo da empresa, Bruno Rocha fala pela primeira vez sobre as desafios e oportunidades da plataforma no país
Renato Rogenski
10 de maio de 2019 - 15h40
Com sede no Reino Unido e a proposta de ser uma espécie de Netflix segmentado para conteúdos e transmissões esportivas via streaming, o Dazn estrou seus serviços em 2016, em alguns países da Europa e o Japão. No Brasil, a empresa começou a gerar os primeiros rumores no final de 2018, ainda via Youtube e Facebook. O barulho aumentou quando, em parceria com a RedeTV, o canal transmitiu jogos de Corinthians e Santos pela Copa Sul-Americana, com inusitados comentários do técnico português, José Mourinho. Agora, alguns meses após os primeiros impactos, e com o terreno sedimentado para a marca, o Dazn finalmente lançou nesta semana a sua plataforma no país.
O serviço terá custo mensal de R$37,90, sem contrato de fidelização e os novos assinantes terão direito a um mês de acesso grátis. A plataforma é compatível com smart TVs, celulares, tablets, computadores e consoles de videogames. Por hora, o portfólio de produtos da plataforma inclui os jogos da Copa Sul-Americana e Série C do Campeonato Brasileiro, além de partidas do futebol italiano, francês, norte-americano, japonês, inglês e africano. O cardápio ainda terá atrações como basquete, tênis, automobilismo, Boxe e MMA.
“Pausas e intervalos são movimentos naturais em eventos esportivos. E a audiência já está totalmente ambientada neste cenário. Pensando assim, a publicidade não fica invasiva”
Sob o ponto de vista operacional, o Dazn já recrutou aproximadamente 30 profissionais de diversas áreas para atuar no Brasil. Entre eles narradores, comentaristas, analistas, produtores e influenciadores digitais. “O futebol é muito importante em nossa oferta e queremos oferecer todos os tipos de esportes premium para criar uma oferta incomparável. Em última análise, nosso objetivo é simples: levar aos fãs a melhor experiência de visualização com uma plataforma intuitiva, um portfólio variado de esportes premium e um preço acessível”, afirma Bruno Rocha, vice-presidente executivo do Dazn no Brasil.
Em abril deste ano o executivo chegou à companhia para liderar o lançamento e a expansão comercial da plataforma dentro do mercado brasileiro, com o desafio de consolidar a marca entre torcedores, parceiros e detentores de direitos de transmissão. Na entrevista abaixo, Bruno fala pela primeira vez à imprensa sobre os desafios e oportunidades de atuação da empresa no mercado brasileiro.
Meio & Mensagem – Quais são os principais planos da Dazn para o Brasil e qual é a avaliação deste início no país?
Bruno Rocha – Agora, após o lançamento da plataforma, precisamos fazer todos os testes, aprimorar o produto e o serviço, além de continuar interagindo com a audiência no Youtube e Facebook, onde construímos uma base importante nos últimos meses. A outra coisa é continuar trabalhando forte para buscar um portfólio cada vez mais relevante. O balanço deste começo é muito positivo, principalmente em termos de conhecimento da marca. Já tivemos um recall em alto nível, relevante, para o tempo em que estamos no país. É evidente que contou para isso a transmissão de eventos antes do lançamento e a parceria com a RedeTV. O engajamento foi mais alto que o esperado. Com Corinthians e Racing, pela Copa Sul-Americana, batemos o recorde de live stream do Youtube no Brasil. A transmissão teve pico de audiência de 438.977 mil pessoas.
Como a empresa pretende comercializar seus anúncios?
Passamos muito tempo discutindo os caminhos. O fato é que até este ano a plataforma não tinha publicidade em nenhuma lugar do mundo, apenas assinatura. Desde o início temos a premissa de priorizar totalmente a experiência do consumidor, e isso inclui não propor algo que possa ser interruptivo. Porém, a experiência prática nos mostrou um caminho diferente, porque pausas e intervalos são movimentos naturais em eventos esportivos. E a audiência já está totalmente ambientada neste cenário. Pensando assim, a publicidade não fica invasiva e não representa uma intromissão. Já começamos a fazer vários testes para saber quais são os melhores formatos, incluindo algumas coisas novas, como o geotargeting dentro no streaming. O objetivo é fazer com que tudo flua bem e não atrapalhe a experiência do usuário.
Em linhas gerais, como está a operação de Dazn em outros países?
O serviço é o grande diferencial. Nosso foco é oferecer eventos esportivos em alta qualidade do ponto de vista tecnológico, com facilidade e comodidade para acessar os conteúdos, e disponibilidade em diversas plataformas. Somos a primeira empresa de mídia esportiva global trabalhando fundamentalmente no streaming. E nesse tempo todo de operação já colecionamos algumas parcerias de sucesso. No Campeonato Italiano, por exemplo, temos um terço dos jogos exclusivos do pacote. E para conseguir isso a plataforma precisa ter uma capacidade de entrega muito robusta. Isso inclui também trabalhar para mitigar problemas de internet e fazer investimento em direitos exclusivos, além de promover mudança de hábitos no consumo de mídia.
Tecnologicamente falando o Brasil está preparado para receber serviços de streaming com qualidade?
Sim, não lançaríamos se esse não fosse o entendimento da empresa. Nas grandes cidades o nível de conexão já é aceitável e os usuários terão uma experiência agradável. Em outros lugares, a gente sabe que isso pode representar um problema. E é por isso que temos trabalhado para melhorar a plataforma e torná-la mais leve. Acreditamos também que essa tecnologia vai evoluir no país em termos de estrutura. Esse é o momento para investir nisso. Mas, em linhas gerais, já existe demanda no Brasil, com uma base de assinantes de serviços de streaming e um mercado com escala e potencial.
Qual vai é o tom da transmissão do Dazn em termos de linguagem e como vai ser o investimento para promover a plataforma?
Nosso estilo é adotar uma linha mais neutra, que não chame muito atenção. Ao mesmo tempo, temos o cuidado de preservar profissionais que entendem muito bem o evento, e que sejam especialistas. Na série C, por exemplo, contamos com algumas equipes regionais, que dominam todo o contexto dos estádios, clubes, jogadores e o estilo de jogo que se pratica nos locais. Sobre os investimentos em marketing, não posso divulgar a verba, mas posso dizer que vamos trabalhar com todas as mídias para chegar até o fã do esporte. A nossa expectativa é grande de fazer um movimento significativo e mudar a forma de consumir conteúdo esportivo no Brasil.
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